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Almas estima pico de contaminação entre a segunda quinzena de abril e a primeira de maio

Foto: Fernando Priamo

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Prefeito respondeu uma série de perguntas enviadas por veículos de imprensa da cidade (Foto: Fernando Priamo)

Assim como aconteceu na semana passada, o prefeito Antônio Almas (PSDB) voltou a convocar a imprensa nesta sexta-feira (3) para detalhar as ações do Município de Juiz de Fora no combate à pandemia do coronavírus. A prestação de contas ocorreu um dia após a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) ter confirmado uma morte por Covid-19 em Juiz de Fora e, em seguida, corrigir a informação. Segundo a Prefeitura, nesta quinta-feira, a cidade tem 807 casos suspeitos, 40 confirmados e nove óbitos suspeitos em investigação. “Entre os confirmados, temos três casos na cidade que são considerados casos graves”, disse o prefeito.

Durante a coletiva não presencial, Almas respondeu uma série de perguntas enviadas por veículos de imprensa da cidade. As primeiras, voltadas para as ações de saúde adotadas pelo Município em meio à pandemia. Segundo Almas, dos óbitos em investigação, todos os pacientes integram grupos de risco, seja por faixa etária ou por doenças associadas. O prefeito avaliou que o atual cenário de casos já havia sido previsto pela Prefeitura, porém, é preciso seguir trabalhando para achatar a curva.

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“Estes números eram esperados pela equipe. A gente sabe que o processo tem uma escala de crescimento. Nosso número está dobrando a cada dois dias e meio, e quanto mais nós distanciarmos essa dobra de três dias, mais será o sinal da eficácia de nossas ações de prevenção, como o isolamento social. Porém, se continuarmos dobrando em menos de três dias, o risco de colapso do sistema é muito grande”, disse o prefeito. De acordo com Almas, nos casos dos óbitos sob investigação na cidade, o padrão segue desenho já mostrado na literatura médica e atinge, em sua maioria, homens com idade superior a 60 anos. “Mas nossa amostragem ainda é muito pequena”, complementou.

Assim como fez em todo o momento, Antônio Almas bateu na tecla sobre a necessidade de as pessoas ficarem em casa sempre que possível. “Para o momento atual, temos relativamente bons números. Daqui 15 dias, já não sabemos. Vai depender do comportamento da população. Se a população ficar em casa, podemos ter um cenário positivo. No pior cenário, não teremos respiradores nem em Juiz de Fora, nem em Minas e nem no Brasil. Estamos vendo isso em vários países que têm melhores condições que o Brasil”, disse, citando nações como Itália, Espanha e Estados Unidos.

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O prefeito avaliou que, segundo as análises, o pico de crescimento das contaminação pelo coronavírus deve variar entre 15 de abril e 15 de maio.

“Vamos ver qual resultado vamos ter com as medidas de isolamento. Temos visto pessoas voltando às ruas. Por respeito a você, a seus familiares e a cada profissional de saúde que vai se expor para atender aos doentes, fique em casa. Ajude. Sei que não é simples ficar em casa, mas temos que fazer a nossa parte”.

Sobre a testagem de casos suspeitos, Almas defendeu que o Município segue os parâmetros definidos pelo Ministério da Saúde e aplica os exames para casos considerados graves e agentes de saúde. “Poucos países do mundo conseguiram testar todos. Seria ótimo se pudéssemos fazer isso. Mas é impossível na realidade brasileira. Só em Juiz de Fora, isto custaria cerca de R$ 58 milhões. Em breve, teremos a possibilidade de realizar 500 testes por semana, dentro destas recomendações do Ministério da Saúde. Estamos aguardando a chegada dos kits.”

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Davi x Golias

Também segundo o prefeito, o Município avança em uma parceria com a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) para a realização de testes pela instituição. Ao final da entrevista, Antônio Almas, que completa dois anos à frente da Prefeitura na próxima segunda-feira (6), tentou avaliar o tamanho do desafio de chefiar a cidade em meio à pandemia global.

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“Nem o Trump (Donald Trump, presidente dos Estados Unidos) consegue ficar tranquilo frente a este desafio. Nem o cara que comanda a maior economia do mundo. Assim, para todos nós está sendo um grande desafio. Se estou nesse lugar, aqui e agora, alguma coisa foi me reservada para ajudar a cidade, na pequenez do meu tamanho, a transpassar esse mar revolto. Como Davi, espero vencer Golias. Mas não será por mérito pessoal e sim por mérito de todo o conjunto de cidadãos. Cada um tem que fazer seu papel, espero ser mais um soldado nessa guerra. Tenho que fazer escolhas difíceis. Fazer uma opção por um lado ou por outro tem seus efeitos colaterais. Trabalhamos para fazer as opções de menor dano”, avaliou.

JF mantém média de 85% dos leitos de UTI ocupados

O chefe do Executivo também detalhou a situação de momento dos leitos de terapia intensiva existentes na cidade. “Na situação do fim da noite desta quinta-feira, temos em Juiz de Fora 210 leitos de terapia intensiva. Cento e treze são públicos e 97 privados. Destes, 14,5% estão vagos, o que significa 35 leitos de UTI disponíveis.”

Com relação a leitos de enfermaria, Almas disse que a cidade possui, até aqui, 1.401 unidades. Destes, 693 estão livres e 708 ocupados.

Almas disse ainda que a Prefeitura mantém negociações com o setor privado para tentar ampliar o número de leitos de terapia intensiva e de enfermaria disponíveis na cidade. “Podemos até lançar mão de recursos doados para viabilizar a compra desses leitos.”

O prefeito destacou, no entanto, a necessidade de a população colaborar no enfrentamento à propagação do coronavírus, respeitando as orientações das autoridades de saúde e sanitárias sobre a necessidade de fazer o isolamento social.

“O dever de casa é ficar em casa, caso contrário pode haver a falta de leitos e respiradores. Tudo está na dependência da doação de cada um dos cidadãos da região. Se não for feito o distanciamento social, nós vamos ter problemas sim. Esta é a única forma de buscarmos não colapsar o sistema.”

Os hospitais da rede privada também atuam no atendimento aos casos de suspeita do coronavírus. “30% da população de Juiz de Fora hoje tem plano de saúde. Os hospitais que atendem a esses planos de saúde vão atuar. Caso contrário, o setor público colapsa ainda mais cedo em caso de crescimento do número de casos”, avaliou o prefeito.

Hospital de campanha

O prefeito afirmou que o Município ainda não descartou a possibilidade de pleitear um hospital de campanha. A construção de tal unidade temporária já foi aventada em espaços como o Sesc Pousada e o Expominas. No entanto, Almas afirmou que o foco de momento da Prefeitura é ampliar a disponibilidade de leitos na rede hospitalar pública e privada já existente, e disse também que, para a viabilização de um hospital de campanha em Juiz de Fora, seria necessário o apoio do Estado.

“O hospital de campanha nunca foi deixado de lado. Já tivemos contatos com a Polícia Militar, que coordena os hospitais de campanha em Minas Gerais. Já fizemos contato também com Belo Horizonte, onde está sendo viabilizada uma unidade. Hoje temos áreas instaladas no corpo dos hospitais, que estamos buscando ampliar. Assim daremos maior segurança para pacientes e para equipes técnicas. O tratamento requer exames complementares e tomografias. Estar no corpo dos hospitais é mais seguro. Se necessário, o hospital de campanha será viabilizado, mas quem tem que instalar e garantir os recursos é o Governo do Estado. A Prefeitura não teria como garantir toda esta logística. Seguimos buscando expansão em conjunto com os hospitais públicos e privados”, pontuou.

Referência macrorregional

O prefeito afirmou que a Superintendência Regional de Saúde (SRS) determinou que Juiz de Fora tenha um papel de referência macrorregional durante a pandemia, e o Hospital João Penido e o Hospital Universitário da UFJF serão os aparelhos referência. Os trabalhos no âmbito macrorregional, todavia, ficarão a cargo do SRS. “Assim, a Prefeitura pode trabalhar pensando na microrregião de Juiz de Fora. Estamos, portanto, com o olhar voltado para uma população de 1,5 milhão de habitantes.”

Chegada de novos respiradores dependem de Ministério da Saúde

O prefeito informou que o Município efetuou uma compra da ordem de R$ 2,6 milhões em equipamentos técnicos individuais para os profissionais de saúde da rede municipal. “Já estão encomendados e chegando.” Sobre a aquisição de novos respiradores, Almas admitiu dificuldades.

“Em todo mundo, os respiradores artificiais têm sido muito difíceis de encontrar para compra. Agora, o Ministério da Saúde assumiu para si a responsabilidade destas aquisições”, diz Almas, afirmando que o Município fica dependente agora da entrega dos equipamentos.

O prefeito revelou ainda movimentação de empresários da cidade. “Eles chegaram a se articular para ajudar, mas não puderam efetivar a compra por conta da decisão do Ministério da Saúde. Agora, aguardamos a liberação por parte do Governo federal.”

Nesta quinta-feira, o governador Romeu Zema (Novo) afirmou que o Estado irá fazer a requisição de cerca de mil respiradores que pertencem à iniciativa privada que estão estragados ou sem uso. Almas disse acreditar que parte destes aparelhos seja encaminhada a Juiz de Fora, até pelo reconhecimento da cidade como polo macrorregional no combate à pandemia pela SRS.

 

Prefeito Antônio Almas fala sobre o enfrentamento ao coronavírus em Juiz de Fora

Publicado por Tribuna de Minas em Sexta-feira, 3 de abril de 2020

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