Nas últimas semanas o Brasil e o planeta foram acometidos de forma intensa pela epidemia provocada pelo novo coronavírus. No mundo do esporte, a necessidade de ingressar em um período de quarentena provocou uma série de paralisações nas principais modalidades esportivas, sendo a mais significativa delas o adiamento da Olimpíada de Tóquio, algo que não acontecia desde a Segunda Guerra Mundial. No campo dos e-Sports ou esportes eletrônicos, o panorama não é muito diferente. Apesar de mediadas por computadores e consoles, nos últimos anos parte das competições oficiais vêm sendo realizadas presencialmente e acompanhadas por grandes plateias, como é o caso do Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLol), suspenso desde o dia 16 deste mês.
A Tribuna conversou com profissionais da área ligados a Juiz de Fora e que têm no setor sua fonte de renda, como o técnico da equipe de Lol do Flamengo, Thiago Maia (Djoko), o criador e proprietário do portal Mais Esports, Eric Teixeira, e o streamer Henry Walnut (Henrytado), que trazem relatos sobre as adaptações do meio neste período de isolamento social.
Thiago Maia, ou Djoko, é belorizontino, mas com raízes juiz-foranas. Além de ter parte da família residindo na cidade, morou em JF enquanto cursava a Faculdade de Medicina na UFJF. Neste período, conciliava os estudos com as atividades de pro player (jogador profissional) de LoL. Nos últimos anos do curso, trocou o posto de jogador para técnico, já que, segundo ele, “com a necessidade de tempo integral de treinamento, logo não poderia mais dividir entre as duas coisas. Mas como treinador havia essa possibilidade”. Depois de se formar, em 2018, mudou-se para São Paulo e atualmente comanda a equipe do Flamengo, vice-líder do CBLol.
Em isolamento, Djoko conta que o período de suspensão das competições tem sido de aprendizado. “Os dias estão sendo surpreendentemente produtivos. Continuo podendo jogar e treinar os meninos remotamente. Era assim que o cenário funcionava no passado, bem no começo, quando não existiam nem gaming houses ou offices (espécie de QG da equipe).”
Ainda sem anúncio de retorno da principal competição de Lol do país, Djoko avalia o período com otimismo e acredita na força da criação de conteúdo para aliviar a tensão. “Além dos treinos, muitos influenciadores estão produzindo conteúdo tanto em stream quanto vídeos para tentar entreter a população em quarentena. Temos sorte disso não impactar tanto nossa profissão”, analisa o técnico.
Portal de cobertura in loco
Esta alteração no ritmo de criação de conteúdo foi um dos reflexos sentidos por Eric Teixeira, nascido em Ponte Nova (MG), mas que morou em Juiz de Fora na maior parte de sua vida. Com quase meio milhão de seguidores, somadas as principais redes sociais, o Mais Esports, criado por ele, é um dos maiores portais de notícias do país dedicado à cobertura de competições envolvendo jogos eletrônicos. Acostumada a cobrir torneios presencialmente, a equipe comandada por Eric precisou lidar com alterações no esquema de produção.
“O Mais Esports sempre trabalhou muito com entrevistas in loco durante os campeonatos. Hoje estamos tentando entrar em contato com os times e realizando algumas entrevistas online. Estamos tendo que adaptar um pouco nosso conteúdo, principalmente do YouTube, criando novos quadros, por exemplo. Uma das primeiras medidas que tomamos foi pausar as gravações em nosso estúdio em São Paulo. Todos que faziam parte das gravações estão agora trabalhando de casa. Perdemos um pouco em qualidade em alguns vídeos por não estarmos utilizando os equipamentos do estúdio, mas zelamos pela saúde de todos. Como os e-Sports surgiram de um ambiente on-line, essa transição, por mais que dolorosa, acaba sendo mais fácil para todo o cenário do que em esportes tradicionais.”
‘Psicologicamente estou um caco’
Henry Walnut, além de streamer, também é youtuber, ator e dublador. Natural de Senhora dos Remédios (MG) viveu parte da vida em Juiz de Fora, onde começou a produzir conteúdo para a internet e formou-se em Design pela UFJF. Hoje, em São Paulo, Henrytado, como é popularmente conhecido, produz conteúdo humorístico em seu canal do Youtube com mais de meio milhão de inscritos. Como somente uma parte de seus vídeos e lives tem relação com jogos eletrônicos, Henry não sentiu grandes efeitos por conta das paralisações nas competições oficiais. Mas houve impacto, segundo ele, no aspecto mental.
“Com relação ao meu dia e meu cotidiano não muda muita coisa. Faço stream, edito e gravo vídeos em casa. Não gravo muito com outras pessoas. Porém, psicologicamente estou um caco. Tenho ficado muito mais ansioso do que de costume. Meu maior medo é que as pessoas não respeitem as medidas de isolamento.”
Para tentar aliviar um pouco da tensão criada pelas incertezas do combate ao coronavírus, Henry tenta utilizar suas redes sociais para reforçar a importância do isolamento para os mais de 1 milhão de seguidores. “O que eu faço é usar todas as minhas redes para incentivar as pessoas a ficarem em casa o máximo possível. Dizer a importância de cuidados básicos. Eu odeio a palavra influenciador, mas tenho usado esse meu papel de figura pública da internet para fazer as pessoas se conscientizarem.”
Dicas de jogos
À pedido da Tribuna, o trio de especialistas na área também indicou jogos para passar o tempo durante a reclusão com entretenimento garantido. Confira e também indique os seus:
Djoko:
1 – Gris ( Aventura – Nintendo Switch e PC)
2 – Hades ( Ação – PC)
3 – Slay the spire (Roguelike – Nintendo Switch, PlayStation 4, iOS, Xbox One, PC)
Eric:
1 – Magic The Gathering: Arena (Jogo de cartas colecionáveis online – PC)
2 – Call of Duty: Warzone (Battle Royale – PlayStation 4, Xbox One, PC)
3 – Fortnite (Battle Royale – PlayStation 4, Nintendo Switch, Xbox One, Android, iOS, PC)
Henry:
1 – League of Legends (Multiplayer online battle arena – PC)
2 – Legends of Runeterra (Jogo de cartas colecionáveis online – Android, iOS, PC) – Henry é o dublador do personagem Eager Apprentice
3 – Heroes of Might and Magic (Estratégia – PC)
4 – Dica extra – Emuladores de videogame: Sugestão para rodar jogos de videogames antigos no PC
