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Exames médicos são fundamentais antes de se começar uma prática esportiva

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“Anualmente faço teste de esteira, semestralmente de exame de sangue, para sempre estar bem e segura de que meu organismo está saudável. Você tem que saber se está condicionado para fazer qualquer esporte”, diz a atleta master Denise Barra (Foto:  Fernando Priamo)

Seja você um atleta iniciante e amador ou experiente e profissional, que pratica um ou mais esportes, a receita do sucesso nos seus objetivos pessoais deve começar com um ingrediente: a segurança com a saúde. Todos os adeptos de modalidades esportivas devem realizar exames médicos antes da prática, seja para um posterior encaminhamento a um esporte, para orientações sobre intensidade e cuidados necessários em certa atividade ou até mesmo diagnósticos de patologias que são agravadas ou não com os exercícios. Exemplo disso é a nadadora Denise Barra, 56 anos. Hoje multicampeã master de provas de fundo, a atleta do Clube Bom Pastor credita seus resultados a uma mudança ocasionada após uma série de exames de saúde.

“Sempre gostei muito de nadar provas de fundo, distâncias maiores. Em 2013, o Luiz Carlos (Pessoa Nery, técnico) entrou no clube e viu que eu ficava muito cansada nos treinos e que alguma coisa estava errada. Logo, pediu os exames médicos de todos os alunos dele: teste de esteira, do coração e de sangue. E no meu caso, apareceu o motivo daquele cansaço: estava com anemia porque não me alimentava direito”, relembra Denise.

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Diagnóstico feito, a evolução foi uma consequência. “Tivemos apoio de uma nutricionista e ela ficou ‘de cara’ ao ver minha alimentação. Eu pesava 52kg. Me passou uma dieta sem remédios ou suplementação. Em quatro meses, ganhei 8kg de massa magra, e foi aí que comecei a me destacar. Fui campeã brasileira master, recordista nacional, participei de Sul-Americanos. Vi que a força estava na alimentação”, relembra.

Hoje, Denise não apenas possui alimentação saudável, como também não abre mão de exames de rotina. “Na minha carreira, a alimentação foi um fator determinante para o meu sucesso. E anualmente faço teste de esteira, semestralmente de exame de sangue, para sempre estar bem e segura de que meu organismo está saudável. Para mim foi um pulo, algo espetacular. Você tem que saber se está condicionado para fazer qualquer esporte.”

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Exercícios podem beneficiar ou agravar quadros

No Núcleo de Avaliação Física (NAF) da Secretaria de Esporte e Lazer (SEL) da PJF, 87,5% dos atendidos desde 2015 eram mulheres, e apenas 12,7% homens (Foto: Olavo Prazeres)

Cardiologista especializado em medicina esportiva, Júlio Lovisi adverte que a prática esportiva sem detecção de doenças que envolvam o coração, por exemplo, podem acarretar até em arritmias cardíacas. “É muito importante que os indivíduos realizem exames, procurem um clínico ou especialista para as avaliações. Se a pessoa tiver uma patologia não identificada, pode se expor a alguns riscos ao praticar a atividade. Normalmente, nos indivíduos mais jovens as cardiopatias de origem hereditária são mais frequentes. Já em pessoas acima de 35 anos são as doenças coronarianas. Já em casos de doença coronariana, hipertensão arterial ou qualquer coisa que envolva seu coração, a prática de atividades pode aumentar o consumo de oxigênio e causar o desequilíbrio da doença coronariana, deixar o indivíduo hipertensivo e ocasionar até uma arritmia cardíaca”, explica.

Ainda segundo Lovisi, no Brasil a medicina esportiva trata com rigidez a necessidade de compromisso do esportista com a busca por exames médicos para garantir segurança na prática de seu hobby ou profissão. Ele destaca que a prioridade dos profissionais de saúde deve ser buscar a manutenção do indivíduo no esporte dentro das possibilidades médicas.

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“Existe há algum tempo, principalmente na Europa, uma diretriz que diz respeito à avaliação de pré-participantes de atividades físicas. O grupo europeu é muito rigoroso neste aspecto, e todos têm que fazer essa avaliação e, se necessário, exames complementares. No Brasil seguimos mais essa diretriz. Normalmente toda pessoa que vá iniciar um exercício deve fazer uma avaliação não apenas para identificar alguns fatores limitantes que possa ter, mas também para que o profissional possa orientar a melhor atividade, assim como horários e intensidade. Isso geralmente quem faz é um médico qualificado. As pessoas podem portar doenças mesmo sem saber, então com as avaliações pode haver esse diagnóstico. E de uma forma geral, não excluímos a pessoa do exercício, mas orientamos em como fazê-lo melhor. Mas há alguns casos em que pode ser necessária a postergação ou até mesmo a proibição de uma atividade”, destaca.

Dados do NAF apontam casos de hipertensão, diabetes e até cardiopatias

Em Juiz de Fora, dados do Núcleo de Avaliação Física (NAF) da Secretaria de Esporte e Lazer (SEL) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) comprovam que esporte e precauções médicas andam juntos. O projeto avalia e acompanha gratuitamente praticantes de atividades físicas acima de 18 anos que integram programas da SEL, nas modalidades caminhada orientada, ginástica localizada, hidroginástica e natação do Programa “JF Esporte e Cidadania”, bem como atletas do Programa “JF Paralímpico”.

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Das quase quatro mil pessoas atendidas entre 2015 e junho de 2017, 63,5% (2.508) apresentaram quadro de obesidade, 51,5% (2.032) tinham hipertensão, 13,7% (543) foram diagnosticados com diabetes e 7,9% (313) descobriram alguma cardiopatia. O raio-X do indivíduo é divulgado após medições antropométricas, composição corporal, avaliação postural e de risco cardíaco e aferição da pressão arterial, com utilização de protocolos de avaliações específicos feitos por profissionais especializados.

A coordenadora do Núcleo e educadora física Karla Belgo explica que o NAF não faz diagnósticos, apenas afere os dados para auxiliar os professores no controle e na preparação das aulas. “São alunos de diferentes idades e, em caso de hipertensão, por exemplo, aferimos aqui e encaminhamos para o posto da Polícia Militar ao lado, pois temos parceria, e dali a pessoa vai para alguma unidade de saúde, se for o caso. Pedimos para os alunos irem aferindo semanalmente, pois pode não ser algo apenas emocional, momentânea. Mas coisas invasivas, como glicemia, não fazemos. Realizamos controles básicos de saúde. Tem gente que até após realizar os exames encaminham os resultados para seus médicos.”

Karla comenta um dado interessante: 87% dos atendidos pelo NAF são mulheres. “O número de homens é menor devido à falta de cultura por cuidados com a saúde no universo masculino e devido aos horários que disponibilizamos para as atividades, que contemplam apenas os homens aposentados. Já no caso do Programa JF Paralímpico, essa realidade é inversa, pois temos mais alunos/atletas do sexo masculino nas modalidades paradesportivas que oferecemos para a avaliação: atletismo, futebol, goalball, natação e polybat”, revela.

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