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Árbitros de JF sofrem sem jogos, mas reiteram importância de paralisações e união

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Não são apenas os atletas e clubes – casos locais do JF Vôlei, que teve a Superliga B cancelada, de Tupynambás e Tupi, ainda sem saber quando voltam aos estaduais -, que sofrem as consequências financeiras e desportivas com a paralisação de todos os eventos para evitar a maior multiplicação do coronavírus. Os árbitros, ao contrário dos jogadores, por exemplo, recebem por jogo e, sem partidas para trabalhar, também têm a renda com esta função perdida nesse período.

Como a profissão não é regulamentada, muitos juízes e bandeirinhas, popularmente chamados assim, possuem uma diferente fonte de receita. Outros, contudo, dependem dos compromissos em campo ou quadra para o sustento. Neste momento delicado na saúde mundial, refletido diretamente no esporte, a Tribuna conversou com Maurício Machado, Paulo Cesar Zanovelli e Aniel Braga, árbitros de Juiz de Fora, cidade conhecida pela volumosa formação destes profissionais.

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Maurício (esquerda), Paulo Cesar (centro) e Aniel reforçaram a importância da prevenção ao coronavírus e união da classe (Foto: Alexandre Vidal/Olavo Prazeres/Reprodução)

Maurício, 43 anos, é filiado na Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) desde 2004, e trabalhou pela última vez no jogo entre Flamengo e Portuguesa, dia 14 de março, no Maracanã já sem público. O experiente profissional reitera que, com outra receita ou não, todos sofrem as consequências financeiras.

“Somos tratados como profissionais, atuamos no meio de vários, mas nós mesmos ainda não conseguimos isso na carreira. No meu caso, tenho outra fonte de renda, mas mesmo assim é uma parte extra que perdemos devido às paralisações necessárias. Normalmente o árbitro profissional tem uma outra profissão paralela, justamente pela incerteza das escalas, mas muitos estão passando por dificuldades, principalmente os que trabalham na várzea, onde a maioria começa a carreira. Tenho conversado com amigos do Rio e estão sentindo a falta dos jogos. A parte financeira afeta todos nós, uns mais, outros menos, mas faz diferença para todos”, relata.

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Paulo Cesar Zanovelli, 30, pertence ao quadro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), filiado à Federação Mineira (FMF), e não só tem pensamento similar, como reitera, da mesma forma que os colegas de profissão, a necessidade de pensar no coletivo neste momento. “A arbitragem é uma renda extra. Sou professor e autônomo. Essa situação prejudica porque é uma renda legal, mas não é hora de pensar nisso, mas sim de ajudar o próximo, seguir as recomendações da OMS e dos médicos”, salienta.

A preocupação com a classe tem sido abordada, inclusive, em diálogos e diferentes iniciativas de auxílio entre os próprios árbitros. “Temos conversado entre nós. Como tudo é muito novo, o que estamos tentando fazer é trazer um pouco de calma. Nos colocamos sempre à disposição do próximo, ajudando quando possível e necessário, até mesmo financeiramente, através de rifas ou o que der”, revela Maurício. Oficialmente, o chefe de arbitragem da CBF, Leonardo Gaciba, também tem buscado formas de amenizar os impactos financeiros à classe.

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E o foco para o retorno, seja ele quando for, segue. “Mantivemos o trabalho de capacitação técnica junto à CBF, o trabalho físico em casa mandado pelos preparadores e o acompanhamento psicológico”, lembra PC, que trabalhou pela última vez também no dia 14, mas na partida entre Guarani e Democrata-SL, pelo Módulo II do Mineiro.

Efeitos na arbitragem local

Educador físico e árbitro de torneios em Juiz de Fora e região, Aniel Braga, 29 anos, trabalha, em condições normais, entre sete e dez jogos por final de semana, também com pagamento por partida. Para ele, a arbitragem que atua no âmbito municipal tem sofrido nas mesmas proporções que naqueles de compromissos em torneios nacionais.

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“Acredito que o prejuízo financeiro seja para os dois casos, pois muitos árbitros, até mesmo federados que trabalham em grandes jogos, têm essa como a principal atividade. Mesmo eu sendo professor de Educação Física em colégio, essa paralisação nos afeta, pois o dinheiro recebido da arbitragem é um extra que nos ajuda bastante ao fim do mês. Mas o momento é de união para, juntos, vencermos essa fase e voltarmos, em um futuro próximo, a trabalhar com o que gostamos”, reforça.

Segundo ele, houve o adiamento de alguns torneios em que iria trabalhar, o que pode, ao menos, assegurar a realização futura das competições. “Acho a atitude correta no momento, pois a saúde vem em primeiro lugar. Temos que nos cuidar e proteger nossos familiares nesse momento. Esse tem que ser o pensamento agora.”

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