O Tupi está apalavrado com o técnico Tinoco, de 40 anos, atualmente no Duque de Caxias-RJ, para comandar a equipe juiz-forana no Módulo II do Campeonato Mineiro de 2023. A informação foi apurada pela Tribuna e confirmada pelo gerente de futebol alvinegro, Gustavo Prata, e pelo próprio treinador em conversa com a reportagem nesta sexta-feira (28).
Carioca, Flávio de Lira Tinoco atuou como jogador profissional em clubes como Fluminense, Brasiliense-DF, Duque de Caxias-RJ, Olaria-RJ, Paysandu-AM e Treze-PB, o último antes de se aposentar, em 2011. Como treinador, ele iniciou carreira em 2020, no Duque de Caxias, e no mesmo ano dirigiu o Sampaio Corrêa-RJ. Em 2021, comandou o Americano-RJ e o Gonçalense-RJ.
Nesta temporada, ele retornou ao Duque para a disputa da Série B1 do Campeonato Carioca. Na fase classificatória da competição, sua equipe foi a quarta colocada com 20 pontos conquistados em 11 jogos (cinco vitórias, cinco empates e uma derrota). O Duque marcou 16 gols e sofreu apenas cinco. A campanha levou a equipe para as semifinais, iniciadas em 5 de novembro, em confronto diante do Arraial do Cabo.
“99% acertado”, Tinoco fala em deixar legado
Tinoco atendeu a Tribuna e logo confirmou a possibilidade de trabalhar no Tupi, já tendo realizado, inclusive, reuniões de andamento promissor, segundo ele, com a cúpula e diretores de futebol do Galo Carijó. “O Gustavo, o Esquerdinha e o presidente Tiquinho me procuraram. Nos reunimos, com outros diretores presentes também, e me apresentaram um projeto bastante convincente e estou inclinado a fazer parte. Hoje trabalho no Duque de Caxias fazendo a fase final da competição no Rio e o foco, logicamente, está total aqui, onde temos até o dia 19 de novembro para terminar o campeonato e depois finalizar as conversas e colocar em prática caso a gente realmente dê continuidade ao que tem sido planejado”, contextualizou.
Conforme o treinador, há apenas uma possibilidade de que seu destino não seja Santa Terezinha em 2023. “A conversa está bem avançada, tenho minha palavra com o Tupi, de fazer parte do projeto, porém existem probabilidades de mercado, que se acontecerem, realmente eles estão cientes. Mas estamos 99% acertados. Há possibilidade de mudar a Série A do Rio para 16 clubes participarem. Com isso, cinco equipes subiriam de cada divisão. Tenho acordo com o meu ex-clube, o Americano, de disputar a elite do Carioca se esse acesso acontecer. Seria a única coisa que inviabilizaria, mas é algo muito difícil de acontecer. Só que trabalho sempre com transparência. Quero muito que as coisas aconteçam para que possamos estar juntos no Tupi, mas teria que reconversar com o Americano. O arbitral será na próxima semana, por isso que oficialmente eu ainda não posso acertar nada, além do meu contrato com o Duque”, esclarece o profissional.
Além disto, Tinoco conta que possui memória afetiva na cidade da Zona da Mata mineira. “Juiz de Fora é a cidade da família dos meus pais, tenho uma identidade aí. Fiz base no Fluminense e o primeiro título que ganhei foi em Juiz de Fora. É uma cidade que conheço muito bem, é próxima de onde eu moro – minha residência fica em Xerém -, então estou muito feliz com esse projeto, mesmo ainda tendo essa pequena chance do Americano”, conta.
Apesar de a assinatura de contrato ainda não ter ocorrido pelos motivos já elencados, Tinoco tem participado do planejamento carijó. “Já temos feito, inclusive, o mapeamento de atletas, reuniões de estruturação do clube, do que podemos deixar de legado, independentemente se a gente acertar ou não. O Tupi estava carente disso, de pessoas que participassem do futebol de uma forma mais profissional. Ao menos são as informações que tenho. A ideia é deixar um legado de estrutura e organização, como tenho feito nos últimos clubes que passei, e obviamente o resultado tem que estar atrelado a isso. Podem ter certeza que vocês vão ver isso, me preocupo com tudo dentro do clube. Procuro saber como está o gramado, a alimentaçao, a dependencia dos atletas, tudo que pudermos avançar”, garante.
Comissão técnica e montagem do elenco
Gustavo Prata atendeu a Tribuna e abordou processos do planejamento do clube para o Módulo II do Campeonato Mineiro do ano que vem, única competição prevista para o Carijó no calendário profissional. “Tenho boas informações do Tinoco. Não conheço a fundo o trabalho dele, mas acompanho no Carioca. Não participei da escolha, mas fui consultado. Quem fez a indicação tem um total respeito. O treinador é uma pessoa muito séria, esteve na cidade semana passada”, explica Prata. “O assistente técnico, o preparador físico e o fisioterapeuta também chegam com ele. O preparador de goleiros não definimos, mas conheço o Walker (Campos), que é um cara positivo e adora o Tupi”, antecipa o diretor.
Ainda há, por exemplo, a vontade de o clube contar com profissionais de análise tática e de desempenho. “É um plano do Tupi. Eu acho indispensável ter um analista de desempenho, a não ser que o treinador não queira. Mas levo minha ideia que futebol precisa ser evoluído. Acho positivo e importante. Tenho dois nomes, mas por enquanto está em stand-by. Vou conversar com o presidente e ver se é viável”, explica o gerente.
Sobre os jogadores que irão representar o Tupi no ano que vem, Prata tem preferência por aqueles que já estejam em atividade. “O Módulo II é um campeonato muito complicado. Não queremos um time com a idade avançada. No ano passado, muitos chegaram para se condicionar fisicamente aqui. Como não vamos conseguir fazer uma pré-temporada, traremos jogadores que já estejam com minutagem pronta. Queremos trabalhar com 28 atletas para não ficar com um plantel extenso”, detalha. A Tribuna também apurou que o técnico Tinoco teria o interesse de trazer alguns jogadores que trabalham com ele no Duque de Caxias.
Trabalho interno e possível parceria
Segundo o gerente do Tupi, o seu trabalho está sendo realizado em parceria com o do diretor de futebol, Esquerdinha. “Quando recebi o convite, no início deste ano, para fazer um trabalho junto com a comissão e a diretoria, eu não poderia ter aceitado. Agora, para 2023, por estar em um trabalho em conjunto com o Esquerdinha, recrutando comissão técnica e fazendo uma espinha dorsal junto aos jogadores, aceitei. Mas é complicado, por ser ano de Copa, por ter jogadores que estão em outras competições. Mas estamos trabalhando bem juntos, assim como o presidente Tiquinho. É só a nomenclatura que muda”, explica Prata.
Perguntado sobre a possível parceria com empresários ex-jogadores de futebol, como Hudson Santos e Leandro Lino, divulgada pelo Tupi em julho, Prata enxerga de forma positiva. “São nomes do cenário nacional. Nascidos na cidade, que tenho certeza que só iriam acrescentar a esse novo projeto, podendo dar voos maiores. Mas nada de concreto, no papel, foi feito ainda”, garante.
O novo gerente conta que quer defender o escudo do Tupi com ética e responsabilidade. “O clube é respeitado no Brasil inteiro, é centenário. Tem uma torcida apaixonante, que cobra, é extremamente importante no processo. A diretoria tem tratado o torcedor com muito respeito. Não iremos fazer loucuras, mas temos o objetivo de acesso. Aceitamos críticas, estamos no mesmo barco. Queremos resgatar a confiança de investidores, que durante anos foram muito mal tratados”, busca Prata.