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“Raça, amor e paixão”: família vira referência flamenguista no Dom Bosco com bandeirões

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Faixa, bandeiras e familiares de vermelho e preto: a “Casa do Flamengo” no Dom Bosco, como também é apelidada (Foto: Leonardo Costa)

Dez quartos, 15 pessoas e “raça, amor e paixão” de sobra. É com extrema animação que a família Lopes assiste jogo após jogo do Flamengo. A casa localizada na Rua Vicente Beguelli, no Dom Bosco, Zona Sul de Juiz de Fora, virou referência para os flamenguistas do bairro. Além da festa, que é comum desde que a residência está ali, há mais de 70 anos, os bandeirões, colocados durante a campanha da Libertadores de 2019 e presentes até hoje, atraem olhares de todos que passam pelo local. “A casa do Flamengo”, “a casa do bandeirão” e “a família flamenguista do Dom Bosco” são algumas das alcunhas aos torcedores e à sede das comemorações, de acordo com Bárbara Lopes, vigilante aposentada e uma das responsáveis pela confecção das bandeiras.

Segundo ela, todos que nascem na família se tornam flamenguistas. A cultura veio de seus tios, que espalharam o amor. Hoje, nove irmaõs, todos criados na casa, e cerca de 50 sobrinhos acompanham o “Mais Querido” em qualquer partida, independentemente da competição.

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“Aqui é a casa do Flamengo. Antes, fazíamos bandeiras pequenas, de cetim, mas em 2019 decidimos montar bandeirões, durante a campanha do Flamengo na Libertadores, e deixamos todos os dias esticados. É uma casa na beira de rua, então todo mundo sabe a festa que é. Um passa e buzina, outro grita e nós acenamos de volta. Tem um rapaz que vem com carro de som e aqui vira um carnaval. É cultura, ponto de referência do bairro. As bandeiras são para a vida, não podem sair dali”, acredita Bárbara.

Para a irmã de Bárbara, a professora Vanusa Lopes, a casa se tornou quase um ponto turístico. “Todo mundo do bairro sabe qual a camisa da família Lopes. As pessoas postam nos grupos do Flamengo, falam com a gente sobre os bandeirões quando nos veem. Viramos referência”, enxerga. “Foi ótima a decisão de confeccionarmos, porque pudemos mostrar para todos o nosso grande amor pelo Flamengo”, se orgulha Vanusa.

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Família Lopes é composta por rubro-negros de coração e se reúne nos jogos para vibrar pelo Flamengo (Foto: Leonardo Costa)

Passado de tropeços valoriza a hegemonia no século 21

Confiante no título, Edvaldo acredita em pressão flamenguista diante de contra-ataques do Furacão (Foto: Leonardo Costa)

Mesmo mais novo, o sobrinho Edvaldo Lopes conta que as bandeiras representam a transformação de momentos ruins rubro-negros no passado para as glórias do presente e futuro. “Tenho 27 anos, moro aqui desde que nasci. Nós temos que aproveitar essa fase, e por isso as bandeiras. Já passamos por muitos momentos ruins. Teve a derrota para o América do México na Libertadores, a eliminação para o Emelec em 2012 por exemplo, que doeram demais”.

No século 21, nenhum clube brasileiro levantou tantos troféus em torneios oficiais, entre competições estaduais, regionais, nacionais e internacionais. Se vencer a Libertadores, o Flamengo chega a 23 conquistas, contra 18 de Corinthians, Cruzeiro e Internacional, que fecham o top-4.

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Antes das bandeiras, os jogos eram assistidos pela varanda. Quando tinha cinco anos, Edvaldo teve seu primeiro momento marcante com o futebol. O gol de Petkovic na final do Carioca ainda reverbera na mente do administrador. “Com o tempo, ficamos conhecidos. Hoje em dia, o pessoal brinca. Se eu tenho que pegar um Uber, é só falar da bandeira do Flamengo no Dom Bosco que eles conhecem. Já sabem que é a casa do Flamengo, até porque muitas pessoas vêm ver os jogos decisivos aqui”, explica Edvaldo.

Família Lopes aposta em trio na final

A aguardada decisão da Copa Libertadores acontece neste sábado (29), às 17h (horário de Brasília), em Guayaquil, no Equador. O Flamengo, que venceu há pouco mais de uma semana a Copa do Brasil após bater o Corinthians, enfrenta o Athletico-PR, comandado pelo experiente Luiz Felipe Scolari, o Felipão, treinador brasileiro que mais decidiu a competição, que vai para a quarta final do torneio continental e buscará seu terceiro título, o último antes de se aposentar.

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Na casa da família Lopes, mais de 60 pessoas estarão presentes para acompanhar a partida mais importante do ano para o Rubro-Negro. “Vai começar às 14h, com muito batuque. Iremos fazer canjiquinha ou vaca atolada, temos que decidir. Cada um traz sua bebida, pode ser cerveja, refrigerante ou suco. O que importa é a presença”, antecipa Bárbara. “A nossa família está confiante que o Flamengo vá ser campeão. Acredito em um 2 a 0, com gols do Pedro e do Arrascaeta”.

A família ainda não foi ao Maracanã, mas pretende alugar uma van e conhecer o estádio no ano que vem. Nessa final, mesmo assistindo de casa, a ansiedade dos Lopes já está grande. “Eu vibro muito, e sempre que um jogador que eu corneto vai bem, brinco que nunca critiquei. Estou nervosa demais, porém confiante. Concordo que será 2 a 0, mas com gols de Pedro e Gabigol”, palpita Vanusa.

Vanusa (esquerda) e Bárbara imitam e apostam em comemorações de gol de Gabriel Barbosa e Pedro (Foto: Leonardo Costa)

Para ela, mesmo que o Flamengo não saia vitorioso da final, o clube precisa dar tempo de trabalho para o técnico Dorival Júnior. “Eu já tive saudades do Jorge Jesus, hoje não tenho mais. Se ele tivesse voltado, acho que seria igual o Cuca no Atlético-MG, que retornou e não deu certo. Torcemos para o Dorival ficar uns quatro ou cinco anos para fazer um bom trabalho. Sou professora, estou trabalhando em uma escola nova e fico meio perdida, então entendo que os treinadores também precisam de tempo e adaptação. Com esse grande elenco, podemos chegar longe”, entende a educadora.

Já Edvaldo acredita em uma vitória com gols do grande ídolo rubro-negro atual. “Acho que será um jogo igual aos que têm sido entre Flamengo e Athletico-PR. O Felipão deve armar um time no contra-ataque, explorando a velocidade do Terans e do Vitor Roque. Já o Dorival vai para cima, pressionar mesmo. Sem nenhum tipo de soberba, acredito muito na vitória. Na maioria das finais continentais, o time maior leva vantagem, é difícil ter zebra. O Flamengo é superior historicamente e tem muita camisa. Penso em um 2 a 0, com dois do Gabigol”, analisa o sobrinho.

Perguntado se a possível conquista da Libertadores de 2022 igualaria o sentimento de 2019, quando o Fla foi campeão também do Brasileirão, Edvaldo entende que cada ano tem sua peculiaridade e que não deve haver comparações. “O único time que estará sempre à frente é o de 1981 (ano em que o Flamengo foi campeão mundial, com ídolos como Zico, Júnior, Leandro, Adílio e Andrade no elenco). Acho que ano após ano o time pode melhorar. Futebol o melhor é sempre o que está por vir, e o que passou se torna memória”, relata Edvaldo.

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