Ao menos até o final deste mês, o presidente do Tupi, José Luiz Mauler Júnior, o Juninho, vai permanecer na presidência do clube. Em reunião do Conselho Deliberativo do Galo Carijó, na segunda-feira (27), os conselheiros aceitaram as explicações do dirigente sobre as investigações da Polícia Civil que recaem sobre a gestão do clube e foi recusada, em um primeiro momento, a criação de uma comissão para gerir o alvinegro. Segundo o presidente do Conselho, Jarbas Raphael da Cruz, uma nova decisão será deliberada até sexta-feira (1º).
De acordo com Jarbas, após as explicações de Juninho “os conselheiros presentes aceitaram as explicações e entenderam que não há acusação contra ele”. O mandatário deliberativo, então, abriu espaço para sugestões dos conselheiros, mas não houve nenhuma proposta.
Posteriormente, Juninho teria sugerido a criação de uma comissão para a gestão do clube por 90 dias, enquanto ele permaneceria afastado da presidência. Entretanto, a instalação da comissão foi negada pelo presidente deliberativo sob o argumento de que a saída do chefe do Executivo carijó deveria respeitar a ordem sucessória, com a assunção do vice-presidente do clube, Eloísio Pereira Siqueira, o “Tiquinho”.
Sem uma deliberação definitiva do Conselho, foi acatado o pedido de um dos presentes para que se estendesse até a próxima sexta-feira o prazo para propor alguma solução, segundo Jarbas Raphael da Cruz.
Presidente planeja reunião com o restante da diretoria
Segundo Juninho, a possibilidade de afastamento por 90 dias ainda está aberta, caso o Conselho Deliberativo ou o Executivo acreditem que seja a melhor decisão. “A maioria dos conselheiros não ficou de acordo com o motivo do afastamento. Eu falei que, se fosse necessário que eu me afastasse para normalizar a situação do Tupi, eu me afastaria por 90 dias e eles (conselho) montariam uma comissão para ver se tem alguma coisa para gerir e pagar as contas do Tupi. A maioria não ficou de acordo”, afirma o presidente.
O chefe do Executivo carijó também planeja realizar uma reunião, nos próximos dias, com os demais dirigentes do clube. “Vou tentar marcar uma reunião com a direção Executiva para amanhã (quarta-feira) e conversar com eles, porque eu devo uma satisfação a eles. E se achar por bem que eu fique 90 dias (afastado), eu fico. E não tem problema, se depois achar que deve prorrogar… Eu não estou preocupado com isso. O Tupi não é minha vida, como as pessoas imaginam”, diz.
Juninho cumpre medidas cautelares
Preso em flagrante no último dia 13 por porte ilegal de armas de fogo, o presidente Juninho foi liberado pela Polícia Civil no dia seguinte, mas ainda cumpre medidas cautelares definidas pela Justiça. À época da soltura, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais destacou, à Tribuna, que a decisão do juiz José Clemente Piedade de Almeida, da 3ª Vara Criminal da Comarca de Juiz de Fora, “impõe uma série de obrigações ao flagranteado, como condições a cumprir para que ele permaneça solto. Entre as razões para a liberdade dele, por enquanto, estão o fato de a pessoa ser primária, sem antecedentes relevantes, não se tratando de delito cometido com violência e/ou grave ameaça a pessoa”.
Entre as medidas cautelares estão o comparecimento mensal em juízo “para justificar atividades, bem assim a todos os atos processuais para os quais for intimado”, as proibições de se ausentar de Juiz de Fora sem pedido escrito do advogado e autorização do juiz, e de mudar de endereço sem solicitação protocolada pelo advogado e com prévia autorização judicial. Juninho também não poderá “frequentar locais de reputação duvidosa, bar ou estabelecimento similar, nem consumir qualquer tipo de bebida alcoólica ou drogas”.
O dirigente ainda tem a obrigatoriedade de manter distância mínima de 300 metros das testemunhas, com as quais ele não poderá entrar em contato sob qualquer meio. Juninho ainda terá que realizar o recolhimento domiciliar de 18h às 6h e, quando não estiver trabalhando, de 24 horas por dia, inclusive aos sábados, domingos e feriados. A ordem de liberação será revista em caso de descumprimento de qualquer ordem oficializada pela Justiça.
A operação que gerou o mandado de busca e apreensão, consequentemente desencadeando na localização de armas de fogo irregulares de propriedade do presidente e a prisão em flagrante ocorre na esteira das investigações de irregularidades envolvendo a gestão do Tupi. O trabalho da Polícia Civil tem como marco inicial as denúncias de cobranças indevidas na base alvinegra e, posteriormente, indícios de ilegalidades foram levantados pela PC na administração carijó.