A vitória por 2 a 0 sobre o Guarani, no Estádio Municipal, em 24 de fevereiro de 2019, foi a última do Tupynambás em um jogo oficial. O técnico era ainda Felipe Surian. Paulo Campos assumiria após a rodada seguinte. E retornaria a JF nesta temporada. Depois, José Luís Peixoto. E Karmino Colombini. E Guiba. Desde a 8ª rodada do Módulo I da última temporada, são 520 dias sem qualquer vitória. Sim, a pandemia do coronavírus estendeu a seca. Mas ninguém apostaria em uma vitória caso o calendário fosse mantido. Por sorte, no Campeonato Brasileiro. Agora, o clube que chegou às quartas de final do Mineiro em 2019, aguarda pelo plenário do TJD para garantir o que o campo não lhe deu.
Entre aquela manhã em JF e esta tarde de domingo em Poços de Caldas, em que foi sentenciado o rebaixamento do Baeta para o Módulo II, o clube perdeu três vezes para o Atlético, duas para América e Caldense. Tombense, Cruzeiro, Uberlândia e Patrocinense também derrotaram o Baeta. Apenas Villa Nova, Coimbra e URT foram incapazes de levar o Tupynambás à lona. Afinal, foram 35 gols tomados em 14 jogos, sendo que o ataque foi às redes apenas oito vezes. Como o amigo Renato Salles bem definiu, o rebaixamento era a crônica de uma morte anunciada. E ela começou a ser contada ainda na edição do Mineiro do ano passado com a escolha de Paulo Campos para substituir Surian após a sua saída de supetão.
Embora compreensível em meio ao andamento tabela do Módulo I, a escolha de Paulo Campos já se mostrava equivocada naquele momento. Mas a até então surpreendente campanha no retorno à elite, sobretudo após a vitória sobre o Tupi na reedição do Tu-Tu, taparia o final melancólico da jornada como se tapa o sol com a peneira. Tanto é que Campos foi o escolhido para retornar em 2020 sem ter apresentado credencial alguma para tal. Mas Campos era o menor dos problemas. No primeiro ano como responsável direto pelo futebol do Baeta, Cláudio Dias colecionou más escolhas, da montagem do elenco ao banco de reservas. Os quatro treinadores em apenas dez jogos falam por si só.
Em meio a um ferrenho processo de industrialização, ao mesmo tempo em que dá, o futebol tira. Em clubes pobres _ cada vez mais pobres _, a margem de erro é cruelmente pequena, ao contrário de clubes ricos _ cada vez mais ricos _, que normalmente precisam cometer uma série de equívocos para entrar em uma encruzilhada. O Tupynambás não pode viver da andança de Danilo pela Europa. O mecanismo de solidariedade da Fifa foi o suficiente para alçar o clube à elite do Mineiro, mas não o seria para garanti-lo, como não foi. Tomar decisões corretas com o dinheiro na mão, sim. O exemplo de Santa Terezinha foi bem claro.
Ambos podem discutir os próprios erros agora em uma tarde esturricada de Módulo II em 2021.