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Após ano no vermelho, JF Vôlei foca em base coordenada por Marcão

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O futuro do JF Vôlei, que terminou temporada e a participação na Superliga B de 2019 na quinta colocação após ser eliminado para o Lavras no último sábado (23), pode ser dividido em duas angulações. A primeira delas, com perspectivas mais otimistas e ações imediatas, está voltada para o trabalho de base em parceria com o Clube Bom Pastor. A segunda, contudo, preocupa. Envolve as dificuldades cada vez maiores de seguir com a formação da equipe profissional.

Com histórico de trabalhos em base, Marcão irá auxiliar na transição de jovens para o profissional (Foto: Fernando Priamo)

Do horizonte de esperança vem uma novidade: o acordo com o técnico do time principal, Marcos Henrique, o Marcão, para assumir e coordenar as categorias de base do projeto. A ideia é levar a equipe para competições adultas, como os Jogos do Interior de Minas (Jimi), como explica o diretor técnico do JF Vôlei, Maurício Bara.

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“A projeção imediata é de um foco muito forte nas categorias de base. O Marcão está muito motivado, e com isso poderemos avaliar o que será feito daqui para frente. Nesse modelo não podemos ficar. De prejuízos sucessivos mesmo reduzindo custos a cada ano. Impossível fazer mais enxuto. O que deu a gente fez. Se eu pudesse pegar esse grupo e qualificar com duas peças, tecnicamente falando, iria. Mas infelizmente tenho que dispensar todos os atletas e mais uma vez ficamos atrás no mercado. Temos que começar do zero. Isso tem sido muito complicado. Preciso de mais um tempo para ver se formaremos uma equipe. Uma grata surpresa foi o patrocínio do Supermecados BH no final, que nos deu um fôlego. Mas não dá para projetar mais a frente ainda”, conta Bara.

Houve novo saldo negativo, relata Bara, mesmo com gastos considerados mínimos pela diretoria juiz-forana para manter o projeto. “Está cada vez mais difícil seguir. Nossa folha de pagamento no ano teve média de R$ 12 mil. Isso somando todos os atletas. Oscilou entre o Mineiro, menor, e nessa reta final, um pouco maior, entre R$ 8 mil e R$ 15 mil, com prejuízo financeiro. Não dá mais para abaixar a a guarda. Perdemos muito no patrocínio direto, ganhamos apenas nas leis de incentivo, em que pagamos a comissão técnica. Essa foi uma dificuldade inerente”, revela Bara.

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Leis de incentivo x patrocínio direto

Apesar da projeção otimista no fim da temporada 2017/2018, a diretoria da equipe juiz-forana foi surpreendida. Do lado positivo, a chance de utilizar recursos captados pela lei de incentivo estadual referente às doações de empresas de até 3% do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços). Neste primeiro projeto, a equipe local obteve R$ 298.431,81 graças às parcerias com a ArcelorMittal e com o Laboratório Melpoejo. Este valor foi destinado ao pagamento de salário de profissionais da comissão técnica e aos gastos com os núcleos sociais de vôlei.

Na lei federal (repasse das empresas de até 1% do Imposto de Renda retido), no entanto, o JF Vôlei ainda precisa captar mais recursos neste ano para obter a liberação da verba. Isto porque o projeto foi aprovado com captação máxima de R$ 1.074.023,40, mas a equipe só pode utilizar o montante quando captar 20% deste valor total (R$ 214.804,68). Até o momento, há apenas o apoio da Rivelli, de R$ 26.700. Das leis de incentivo segue a esperança do projeto, como destaca o supervisor do JF Vôlei, Heglison Toledo.

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“Poderíamos ter avançado mais, mas no esporte tem disso. Importante é que a gente mantenha essa chama acesa para brigar de maneira forte e alçar voos maiores. Precisamos captar mais recursos, mas não temos visto um comportamento nesse cenário melhorando. Temos um prazo ainda até outubro desse ano, se não me engano, para acumular e atingir o teto de 20%. Caso a gente não consiga esse valor vai para o próprio Governo. Fica em uma conta aberta pelo Governo em nosso nome, em que só temos acesso quando chegarmos aos 20%”, explica o supervisor e professor.

Maurício já não trabalha temporada 2019/2020 com o otimismo de um ano atrás (Foto: Leonardo Costa)

Fim de parcerias tiveram impacto

O prejuízo, contudo, se deve a outras questões, expostas por Bara. “Em relação aos patrocínios diretos houve uma queda vertiginosa e isso impactou demais. Outra coisa é que perdemos algumas parcerias importantes em termos de moradia e alimentação, então passamos a ter que gastar dinheiro com essas situações também. Uma série de fatores que levaram a gente a trabalhar com tão pouco e, mesmo assim, não ser suficiente. Temos que ao menos refletir sobre isso. Mas se não tivesse acontecido a queda no patrocínio direto, estaríamos em uma situação bem confortável. E era essa a nossa expectativa. Uma queda de 30%, talvez, mas não de 70%.”

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Novos projetos

Outros dois projetos para captação de recursos pelo ICMS retido das empresas já funcionam. Um deles, inclusive, está em processo de captação, com R$ 175.558,86 obtidos graças ao apoio de empresas como a Medquímica, Unida, Campo Bom e Rikan. Este valor corresponde a 58,74% da verba total que os juiz-foranos precisam captar, de R$ 298.870,38, e deverá ser utilizado na próxima temporada. Há, ainda, outro projeto aprovado, com verba também destinada aos salários da comissão técnica e núcleos sociais, como no da parceria com a ArcelorMittal.

“A história poderia ser um pouco diferente”

Mesmo com a limitação financeira, o JF Vôlei levou o confronto com o Lavras, pelas quartas de final da Superliga B, ao último jogo de melhor de três partidas. Com duas vitórias contra uma juiz-forana, o time lavrense seguiu na competição. O sentimento de Bara, assim como o do elenco, se mistura entre a satisfação por resultados obtidos com aquele popular gostinho de quero mais.

“Foi uma temporada muito proveitosa e interessante porque nos obrigou uma reconstrução praticamente do zero. Um terço do nosso elenco da Superliga B foi composto de atletas da cidade. Vínhamos batalhando por isso há tempos e já é algo significativo. Mas claro que queremos esses dados ainda maiores. E dentro de limitações grandiosas a gente conseguiu terminar, no meu ponto de vista, de uma maneira muito positiva. Um gosto amargo, porque sabemos que chegamos muito perto do nosso limite, mas com a sensação de que poderíamos avançar um pouco mais. Isso que causou uma tristeza. Sensação de dever cumprido, mas de que a história poderia ser um pouco diferente”, opina Bara.

A competitividade demonstrada ao longo da temporada foi motivo de orgulho para o diretor, que elogiou a equipe. “Fizemos jogos duros com todo mundo, e das equipes do nosso tamanho ninguém nos bateu com facilidade. E nós batemos em muita gente. Terminar em quinto foi dentro ou até acima do nosso tamanho. Não gosto muito dessas comparações, mas em termos de investimento e nomes de atletas, éramos uma força abaixo até de São José (sexto lugar). Mas conseguimos superar eles, fazer confrontos difíceis com Lavras e até o Botafogo (líder). Foi uma equipe muito jovem e talvez a que mais teve a cara da torcida de Juiz de Fora. A que mais foi incentivada, como o que vi no último jogo aqui, contra Lavras. Um incentivo que só víamos, talvez, em momentos positivos do time. E isso nos faz refletir.”

 

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