Filha de uma brasileira com um suíço, a estudante de direito da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Isabel Cristina Gutruf, 19 anos, passa por essa situação na Copa da Rússia. Nascida em Einsiedeln, na Suíça, a jovem veio para o Brasil ainda na adolescência, depois de passar alguns anos morando na Alemanha, e agora vê sua torcida dividida no Mundial. Isabel acreditava que o jogo ficasse no 0 a 0, mas Brasil e Suíça empataram de 1 a 1 na primeira rodada do grupo E.
A estudante se mudou para o Brasil aos 13 anos, com a mãe e a irmã mais nova. Quando chegou por aqui, a adaptação não foi um problema. “O brasileiro é brincalhão e acolhedor”, disse ela. O desafio ficou, na verdade, por trocar o alemão pelo português.
Por que Juiz de Fora?
Isabel diz que a escolha por Juiz de Fora veio depois que sua mãe, natural de Angra dos Reis (RJ), conheceu a cidade e achou ser um lugar confortável para morar com as filhas. “Eu gosto muito daqui. Muita gente não sabe, mas Juiz de Fora é maior que muita cidade na Suíça. Zurique tem 400 mil habitantes. Sair da Suíça e chegar ao Rio de Janeiro seria um susto enorme. Em Juiz de Fora se pode conciliar uma boa educação, infraestrutura e ainda ter uma certa tranquilidade. Minha mãe achou aqui interessante.”
A estudante diz que não acompanha futebol, mas gosta de assistir aos jogos da Copa. “Eu não vejo tanto futebol, mas na Copa eu gosto. Já vi na Suíça, na Alemanha e aqui. Sempre é uma experiência diferente.” Nesta edição do torneio, as duas seleções pelas quais Isabel declara sua torcida têm a chance de avançar juntas para a próxima fase. Algo que a deixa mais tranquila. “Eu ainda nem tinha pensado nisso. Me lembraram disso no trabalho. Graças a Deus, né!?”, comemorou ela.
Nesse clima de torcida dividida, Isabel lembra de um episódio angustiante no duelo entre Suíça e Argentina (pelas oitavas de final da Copa de 2014) que acabou eliminando sua nação daquele campeonato. “Foi um sofrimento. A Suíça tomou um gol no fim da prorrogação e foi eliminada.” Naquele ano, a Argentina acabou chegando à final, mas foi derrotada pela Alemanha, que acabou se consagrando campeã.
Segundo Isabel, na Suíça as pessoas não têm o hábito de se mobilizar pelo jogo do próprio país, como fazemos aqui no Brasil. E essa característica dos trópicos ela já absorveu e garante que vai parar e assistir aos jogos, ainda que dentro da sua própria casa, como foi na partida entre seus países, no qual o coração balançou um pouquinho no sentido europeu. “Eu torci um pouquinho a mais pela Suíça. No Brasil tem 200 milhões torcendo, lá são só oito. Tenho que ficar do lado deles”, brincou Isabel.
Na hora do jogo, bandeira da Suíça pendurada na varanda do apartamento e foto para os amigos. “Meus amigos me perguntavam para qual lado eu ia torcer, aí falei: ‘vou torcer pela Suíça’. Quando mandei foto de como estava aqui em casa, o pessoal tomou susto, mas levou na brincadeira. Acho que não estão acostumados com uma bandeira diferente, na rua é tudo do Brasil. Eu gostei!”
Os dois juntos
Isabel diz estar satisfeita com o desempenho da seleção suíça até agora. Em dois jogos, um empate com o Brasil e uma vitória contra a Sérvia. A Suíça está no segundo lugar do Grupo E, com os mesmos 4 pontos do primeiro colocado, o Brasil, só que perdendo no saldo de gols. Nesta quarta (27), a tarde será de decisão, um verdadeiro “haja coração”. A partir das 15h (de Brasília), conheceremos os dois classificados deste grupo para as oitavas de final da Copa. A Suíça joga com a Costa Rica (já eliminada), enquanto o Brasil encara a Sérvia. Três seleções disputando duas vagas e prometendo emoção até o fim da rodada.
Para Isabel, fica a torcida por Suíça e Brasil seguirem no Mundial e também um olhar atento ao Grupo F, de onde sairão os adversários das oitavas. “Acredito que a Suíça vai passar junto com o Brasil. Isso seria o cenário ideal. E, outra coisa: seria muito legal ver um jogo entre Suíça e Alemanha, ainda mais que também já vivi lá.” E nesse caso, o coração não duvidaria: “minha torcida continuaria para a Suíça.”