Sem disputar a Copa do Mundo desde 1982, o Peru atraiu uma multidão de seguidores para a Rússia, sendo que a maioria nunca havia visto a equipe disputando a competição, o que tornou a mera participação um motivo de orgulho, ampliado com o triunfo sobre os australianos, resultado que levou a seleção sul-americana a ficar na terceira posição no Grupo C, com três pontos, atrás das classificadas França e Dinamarca.
Ídolo máximo da sua torcida, Guerrero foi o grande personagem desse triunfo para celebração. Após vencer parcialmente uma batalha judicial para participar da Copa depois de testar positivo em exame antidoping na reta final das Eliminatórias, ele liderou a primeira vitória peruana em Mundiais desde 1978 ao dar uma assistência e marcar o segundo gol em uma atuação precisa do Peru, que aproveitou as chances que teve para definir o jogo.
A Austrália, que chegou a Sochi com chances de classificação às oitavas de final pela primeira vez desde 2006, ficou na última posição no Grupo C, com apenas um ponto. E essa situação foi provocada pelo rendimento fraco do seu setor ofensivo, que marcou gols apenas de pênalti na Rússia – foram dois – e nesta terça-feira foi pouco produtivo, além de desperdiçar algumas oportunidades de gol, mesmo tendo permanecido por maior tempo com a posse de bola e no setor ofensivo.
O jogo
Mesmo com todo o apoio da sua torcida, o Peru entrou em campo acuado pela Austrália, que precisava da vitória para almejar a classificação à segunda fase da Copa e tratou de manter a posse de bola no campo de ataque e de tentar ignorar os cânticos dos rivais. Só que não adiantou, pois os peruanos foram letais na primeira chegada efetiva ao ataque. Guerrero recebeu longo lançamento, dominou com estilo e acionou Carrillo no lado direito da grande área. Ele bateu de primeira e colocou a sua equipe em vantagem ao marcar um belo gol aos 18 minutos.
Foi, aliás, com Guerrero que o Peru voltou a ameaçar a Austrália, aos 24, em cabeceio após cobrança de falta. Mas o gol só intensificou o cenário visto com o placar em 0 a 0, de mais ações dos australianos no campo de ataque. Mas lhes faltava qualidade, vista apenas em jogadas com a participação de Rogic, como aos 26 minutos, quando driblou três marcadores e parou na defesa de Gallese. E também aos 32, em lance iniciado por ele e que só não terminou em gol de Leckie por causa do corte da defesa peruana.
Após os sustos, o Peru começou mais ligado o segundo tempo e tratou de definir a sua vitória logo aos quatro minutos, em jogada que envolveu jogadores de clubes brasileiros. No lance, Cueva tabelou com Trauco, cortou para o meio e tentou acionar Guerrero. Ele girou e bateu, com a bola desviando em Milligan e entrando na meta de Ryan.
Em desvantagem, restou aos australianos lutar. E com as suas armas mais conhecidas: o veterano Cahill, que entrou em campo pela primeira vez na sua quarta Copa do Mundo, e em jogadas aéreas. Jedinak e Behich tiveram boas oportunidades após cobranças de escanteio, mas não aproveitaram.
A entrada de Arzani também aumentou o volume ofensivo australiano, com o atacante ameaçando duas vezes a meta de Gallese. Mas foi muito pouco para conter a apoteose da torcida peruana, que celebrou, orgulhosa, a participação de sua equipe na Copa e a vitória sobre os australianos.
FICHA TÉCNICA:
AUSTRÁLIA 0 x 2 PERU
AUSTRÁLIA – Ryan; Risdon, Sainsbury, Milligan e Behich; Jedinak, Mooy, Lecke, Rogic (Irvine) e Kruse (Arzani); Juric (Cahill). Técnico: Bert van Marwjik.
PERU – Gallese; Advincula, Ramos, Santamaria e Trauco; Tapia (Hurtado), Yotun (Aquino), Carrillo (Cartagena), Cueva e Flores; Guerrero. Técnico: Ricardo Gareca.
GOLS – Carrilo, aos 18 minutos do primeiro tempo; Guerrero, aos cinco minutos do segundo tempo.
ÁRBITRO – Sergei Karasev (Fifa/Rússia).
CARTÕES AMARELOS – Jedinak, Arzani, Rogic e Milligan (Austrália); Yotun e Hurtado (Peru).
PÚBLICO – 44.073 espectadores.
LOCAL – Fisht Stadium, em Sochi (Rússia).