A alegria nos pés dos jogadores da Seleção Brasileira reverberou no sorriso de mais de mil pessoas que acompanharam a vitória do Brasil contra a Sérvia por 2 a 0 na Praça Cívica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), na tarde desta quinta-feira (24), no Festival “Deguste Copa”. A união foi perceptível, representada pelo numeroso uso da camisa verde e amarela, e também da azul. O momento de Copa, em Juiz de Fora, parece ser um alento de harmonia e cumplicidade em meio a um país com divisão política. Mais que isso, o futebol da Seleção Brasileira se torna um momento de diversão para o corpo social diante dos problemas que precisam ser enfrentados pela modernidade líquida em que está inserido.
A Praça Cívica contou com a presença de pessoas de todas as idades, embora os jovens fossem maioria. O estudante Higor Dias, de 18 anos, morador do Bairro de Lourdes, foi acompanhado de mais dez amigos. Ele que atua como ponta e já esteve na base do Tupynambás, carrega a vontade de ser jogador de futebol desde pequeno. Na Seleção Brasileira, Higor tem Vinicius Júnior como principal inspiração.
“A gente que tem o sonho, se imagina lá jogando, todo mundo torcendo. Com a nossa família lá, os amigos, torcendo. Deve ser um nervosismo muito grande também, porque carregamos muito peso. Somos a única seleção pentacampeã do mundo” acredita Higor.
Para o menino, independentemente do resultado do Brasil na Copa, é importante valorizar todos os 26 jogadores que estão representando o Brasil. “As pessoas não sabem o que os jogadores passam. São problemas pessoais, ansiedade. Ficamos longe de família. Só enxergam o outro lado. Os jogadores são seres humanos como todos, possuem sentimento.
Reação dos juiz-foranos
O semblante dos torcedores durante o primeiro tempo foi de apreensão, somada às mãos na cabeça com os chutes para fora e fraco de Raphinha, aos 23 e 34, respectivamente.
Já no segundo tempo, aos 62, quando o Brasil abriu o placar, após Richarlison concluir o rebote do goleiro Vanja depois chute de Vinicius Júnior, a UFJF foi tomada por mãos para cima, gritos de comemoração e até copos arremessados para o alto.
Erik Lucas, de 7 anos, junto de sua mãe, Erika Alves, 33, moradora do São Pedro e auxiliar de serviço da UFJF, se abraçaram com a felicidade estampada no rosto no momento do primeiro gol. Já no segundo tento, que saiu dos pés de Richarlison após um voleio, a alegria de mãe e filho se misturou com o rosto de surpresa por não esperarem “um golaço desses”.
“Ficamos muito felizes com a vitória do Brasil e o golaço do Richarlison. Vamos rumo ao hexa. Estou muito feliz com tudo, a festa estava linda. Vou mais vezes. Já vim em 2018, mas o pessoal desse ano está muito unido”, enxerga Erika, fã de Vinicius Júnior por “representar a gente, pessoas mais humildes”.
“É o branco, o negro, o índio. É o suor”
O autor de ambos os gols, Richarlison, e da assistência, Vini Jr., saíram aplaudidos pelos juiz-foranos que acompanhavam a partida. O lance em que Casimiro acertou a trave do gol da Sérvia contou ainda com um sonoro grito de “uh” dos telespectadores.
Durante todo o jogo, o artista Paulo do Santos era tietado pelos torcedores por conta de sua pintura e fantasia irreverentes. Segundo ele, toda a preparação demorou cerca de duas horas. “Sou artista de rua, fico ali na Halfeld. Depois da pandemia, comecei a ir para a rua. O povo me acolheu, é carismático. Estou vivendo a vida sem nenhuma dor. Estamos unidos. É o negro, o branco, o índio. Todo mundo junto. É o povo, o suor dos brasileiros. A bandeira é do Brasil”, celebra Paulo.
O jogo
A primeira boa chance aconteceu aos 21 minutos, em chute de Casemiro de fora da área para a defesa do goleiro sérvio. Pouco depois foi a vez de Thiago Silva dar um lindo passe em profundidade para Vini Jr, que viu o adversário chegar antes na bola, afastando o perigo com as mãos. O Brasil seguiu pressionando, que quase abriu o placar com Raphinha, que errou finalização após passe de Paquetá.
Logo no primeiro minuto do segundo tempo, Raphinha desarmou o zagueiro, invadiu a área, mas bateu em cima do goleiro. Aos 14, Alex Sandro decidiu soltar a bomba de fora da área, carimbando a trave. Mas, foi aos 17 que o gol do time canarinho, enfim, saiu. Neymar saiu costurando a marcação na entrada da área, e Vini Jr bateu cruzado. O goleiro fez a defesa, mas, no rebote, Richarlison abriu o placar.
Aos 29 minutos veio o segundo. Vini Jr acionou Richarlison dentro da área. O camisa 9 dominou, a bola subiu e ele decidiu finalizar com um lindo voleio, marcando um golaço. A vitória só não foi mais elástica por novos erros em finalizações de Casemiro e Fred.
O ponto negativo foi a substituição de Neymar, que deixou o gramado alegando dores no tornozelo direito. Posteriormente, no banco de reservas, o camisa 10 do Brasil foi flagrado chorando por causa do problema físico.
Próximo jogo
Com a vitória por 2 a 0, a Seleção Brasileira, atual líder do Grupo G com três pontos, volta a campo na próxima segunda-feira (28), às 13h, contra a Suíça. A adversária também possui três pontos pela vitória por 1 a 0 contra Camarões, mas está na segunda colocação pelo saldo de gols.
BRASIL 2 x 0 SÉRVIA
Local: Lusail Stadium
Horário: 16h (de Brasília)
Gols: Richarlison, aos 17 e aos 29 do 2ºT (Brasil)
BRASIL: Alisson; Danilo, Marquinhos, Thiago Silva e Alex Sandro; Casemiro, Lucas Paquetá (Fred) e Neymar (Antony); Vini Jr (Rodrygo), Raphinha (Martinelli) e Richarlison (Gabriel Jesus).
Técnico: Tite.
SÉRVIA: Vanja Milinkovic-Savic; Veljkovic, Milenkovic e Pavlovic; Zivkovic (Radonjic), Lukic (Lazovic), Gudelj (Ilic), Sergej Milinkovic-Savic e Mladenovic (Vlahovic); Dusan Tadic e Mitrovic (Maksimovic).
Técnico: Dragan Stojkovic.
Árbitro: Alireza Faghani (Irã)