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JF Celtics anuncia fim de trabalhos sociais após autuação da PJF

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O JF Celtics, um dos principais projetos de basquete da cidade, anunciou, no último domingo (23), que irá terminar com todos os trabalhos sociais realizados desde 2008 com crianças e adolescentes por meio da prática da modalidade esportiva. A decisão, ainda conforme o comunicado divulgado no perfil do Instagram da equipe, ocorre como forma de protesto por conta de uma autuação da Prefeitura à sede do time, no Centro, por prática de atividades coletivas.

À Tribuna, o presidente do JF Celtics, Alexandre Willians, garantiu que priorizou o controle de fluxo de pessoas e medidas sanitárias de segurança na quadra. “Seguimos, desde o princípio, protocolos até mais rígidos dos que o da Prefeitura. Procurei saber informações até com a procuradoria do município, quis ver o que podia ser feito. E nossos treinos ocorriam com cada atleta tendo sua bola, todos de máscara e com limitação de pessoas. Temos quatro tabelas e ficam duas ou três pessoas em cada uma fazendo o exercício”, inicia o relato.

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Ao lembrar a autuação, o presidente afirmou que houve um erro de uma fiscal. “Há 15 dias, a fiscalização foi na quadra e uma fiscal não conseguia entender o que era o esporte coletivo. Tentamos explicar para ela que basquete eram 5 contra 5, mas os treinos eram individualizados. O chefe da fiscalização foi até o local e confirmou nossa versão, autorizando continuarmos”, recorda. “Não sei se ela (fiscal) levou para o pessoal por ser contrariada, mas, duas semanas depois, a fiscalização voltou já com Guarda Municipal e interditou sem ver o que estava acontecendo. Achamos que houve um revanchismo. A nossa sorte é que temos os treinos gravados. Fazemos um controle de acesso na porta, que fica fechada, para evitar aglomeração. E não quiseram nem saber disso. Houve uma prepotência, multaram”, explica.

A gota d’água para o corte das bolsas e demais benefícios no projeto, no entanto, conforme Alexandre, foi o desgaste em todo o processo. “Foi uma pá de cal, algo bem devastador. Já temos problemas de fazer esporte no país, não é fácil, e a pandemia prejudicou a todos, mas o segmento de esporte muito também. Tínhamos até a chancela da NBA Basketball School e somos a única unidade do país que não voltou. Até o pessoal dos EUA não entendeu porque não podíamos nem treinar em Juiz de Fora. Por isso tivemos que desfazer da NBA. Mas buscamos conversar com a secretaria (de Sustentabilidade em Meio Ambiente e Atividades Urbanas, a Sesmaur), ir em cada setor conversar, explicar, mas só nos indicavam burocratizar tudo, entrar com recursos. Só queríamos ajudar os meninos com os projetos. Chegamos no limite e preferimos acabar com a parte social. Atendemos mais de cem alunos com bolsas e de outras formas. Queríamos um diálogo e nem viram nossos treinos, sendo que levamos as imagens. Pediram para anexar as imagens no processo.”

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A reportagem entrou em contato com a Sesmaur, que confirmou a autuação do espaço JF Garden Eireli, alugado e de uso sob responsabilidade do JF Celtics.

“O espaço JF Garden Eireli, após várias denúncias, foi autuado e interditado em 13 de maio de 2021, uma vez que foi constatada atividade coletiva sendo praticada no estabelecimento, inclusive com a tentativa de impedir a ação fiscal, no momento da abordagem. Informamos ainda que o proprietário, ao procurar a gerência da fiscalização municipal, foi orientado acerca do procedimento legal para defesa, incluindo a utilização da plataforma Prefeitura Ágil, em que poderá apresentar todos os argumentos e provas que achar necessário para serem avaliados na Junta de Julgamentos Fiscais, cuja decisão poderá ser revista na Junta de Recursos Fiscais, sob requerimento do autuado. Ainda foi informado que a interdição duraria sete dias, podendo, tão logo ultrapassado o prazo, solicitar a desinterdição, o que poderia ocorrer a partir do dia 21 de maio.”

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Ainda segundo a nota, até esta segunda-feira “não houve apresentação de recurso, ou solicitação de desinterdição junto à Secretaria de Sustentabilidade em Meio Ambiente e Atividades Urbanas (Sesmaur), não havendo qualquer provocação formal para ser respondida pelo órgão.”

O presidente do JF Celtics confirmou que não tomou nenhuma atitude pela retomada legal das atividades. “Ainda pensamos se vale a pena. Talvez até podemos entrar com essa formalidade, mas não tomamos nenhuma atitude pelo fruto do desgaste. Se tivesse uma conversa, um reconhecimento. Já tiro dinheiro do bolso para sustentar o projeto na pandemia e agora ter processos administrativos… nosso projeto se orgulhava de não receber um real do Poder Público, é iniciativa privada. Agora, atrapalhar, é complicado. O diálogo poderia resolver.”

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O projeto

O JF Celtics atende crianças e adolescentes entre 8 e 17 anos com escolinhas e equipes de rendimento, integradas por jovens bolsistas desde 2008. A equipe confirmou que, além do cancelamento das bolsas, também irá encerrar outras atividades, suspensas na pandemia, como a “cessão semanal e gratuita da quadra para atividade física de deficientes mentais de uma casa de abrigo; cessão gratuita da quadra e dos seus espaços para um grupo de apoio e conscientização de jovens contra as drogas; e para realização de bazar beneficente de uma Igreja local para apoio aos moradores de rua; do Adote um Atleta, que tinha já chegou a ter 26 atletas adotados simultaneamente; e das parcerias com colégios e faculdades para proporcionar bolsas de estudos para atletas de baixa renda.”

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