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Dia do massagista: Tererê e Adeil exaltam profissão que prioriza a saúde dos atletas

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Além das vitórias, títulos e glórias – e porque não derrotas, também -, a história dos clubes é sabidamente construída pelas pessoas. Quem vive o dia a dia ou mesmo torce para equipes amadoras ou profissionais, de qualquer modalidade, passa a entender a importância de cada funcionário na rotação de toda a engrenagem. E nesta segunda-feira (25) é celebrada uma data referente a uma peça vital no bem-estar de atletas e, pelos exemplos locais, na harmonia de grupos de esportistas formados temporada a temporada. Comemora-se, amanhã, o Dia do Massagista. E a função, historicamente bem representada na cidade, é levada adiante por nomes como João Batista Augusto, o popular Tererê, e Adeil de Souza Silva, o “melhor do Brasil”, marcados no município por suas relações com o Sport Club Juiz de Fora e o Tupi, respectivamente.

Tererê, como é conhecido no Verdão da Avenida, tem 72 anos e é massagista desde 1974. “Eu tinha um padrinho, o Joaquinzinho, que era o massagista do Sport, além de enfermeiro. Por ser muito atarefado, perguntou se eu queria ir para o clube e abracei a profissão”, conta. “Aprendi tudo com meu padrinho, depois fiz um curso e tento sempre me aprimorar, ainda mais hoje. As coisas sempre estão evoluindo”, complementa Tererê.

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De 1977 a 1999 houve um hiato em sua trajetória no Sport. Na década de 1990 passou pelo Olímpico e Clube Bom Pastor, até retornar ao Periquito, por onde acumulou dezenas de conquistas, sobretudo, no futsal de base. “Primeiro comecei na quadra com o Gérson William e depois com o Ivan Gal e acabei acumulando função no campo. Peguei pouco o time profissional do Sport, mas pela base fui oito vezes campeão estadual de futsal e 12 do interior. Também participei de importantes competições como o Rio Minas São Paulo ao lado do técnico Ivan Gal e do preparador físico Jarbas Duque”, relembra o massagista.

Tererê, o primeiro à esquerda, com a comissão técnica do Sport e o atleta Juninho, de destino ao Grêmio (Foto: Arquivo Sport Club JF)

Mas e o apelido? De onde veio? “Foi quando participei dos Jimi (Jogos Mineiros do Interior) de 1997 e, como tinha modalidades masculinas e femininas, eu levava para as jogadores prendedores de cabelo que chamavam tererê. Elas ficavam me pedindo um tererê e acabou que fiquei sendo chamado assim”, ri o profissional.

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Nesta quarentena, raramente ele tem o prazer de voltar ao clube onde segue trabalhando. “Estou em casa e fico sentindo falta. Hoje (sexta) fui no Sport, olhei pro campo, pro ginásio e a saudade é imensa já. Parece que você vê os meninos treinando. Fico lembrando tudo, as brincadeiras, histórias, ginásio lotado. O Sport hoje não tem um time profissional, mas se você rodar o Brasil vai achar muitos jogadores do Sport. É um trabalho que é feito. Treinadores, toda a comissão técnica.”

“É a minha vida”

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Duas das grandes paixões de Tererê são o Sport e seu ofício de massagista. Reunidas, proporcionam a ele, ao longo de mais de duas décadas, fortes emoções. “Criei um vínculo muito grande com o Sport. Passei por várias diretorias e tenho o privilégio muito grande de dizer que a minha carteira foi assinada pelo presidente Francisco Queiroz Caputo, que esteve no comando do clube por 52 anos, gestão que saiu até no Guiness (livro dos recordes). Me sinto dentro de casa lá”, exalta.

Tererê tem a maior parte de sua trajetória ligada ao futsal de base do Sport (Foto: Arquivo Sport Club JF)

Tererê demonstra orgulho, também, por ter acompanhado de perto o crescimento de grandes nomes do esporte não só local, como mundial. “Tenho o carinho de muitos meninos. Vi o Léo Santana (atleta profissional de futsal do ElPozo Murcia, ex-Barcelona e com passagem pela seleção brasileira) com 7 anos no Sport, o Wesley Jacaré (atacante do Aston Villa e da seleção brasileira de futebol), o Ramon Pavão (profissional de futsal na Tailândia), o Léo Aleixo, hoje na seleção da Bélgica de futsal. Temos três jogadores no Grêmio, na base, e ainda no Fluminense, Atlético-MG, quatro no Volta Redonda. Tudo isso é muito gratificante. E hoje temos o melhor volante do futebol brasileiro que é o Gregore, do Bahia, que vi com 6 anos. A gente se sente bem onde trabalha. Estou com 72 anos bem vividos e espero seguir servindo o clube com os treinadores lá. Vejo os meninos crescerem e terem sucesso. É um prazer muito grande.”

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Tererê transborda de alegria, inclusive, ao comentar a relação atual com os atletas de ponta citados, quando retornam para Juiz de Fora em suas férias. “Eles sempre vêm me agradecer pela ajuda na infância. Não esquecem, estou sempre conversando com eles e isso é muito gratificante. O Gregore, o Léo Santana, o Ramon toda vez falam comigo. Vou na casa deles. Isso deixa a gente sem palavras. Chegam de viagem e vêm conversar comigo. Lembramos tudo o que passamos, principalmente no futsal. As viagens para Uberlândia, Montes Claros… me sinto realizado. Essas coisas me deixam até emocionado. Você vê o Léo Santana, por exemplo, que passou pelo Barcelona, continua na Espanha (agora no ElPozo Murcia), e vem falar comigo ainda. Os treinadores com quem trabalhei a mesma coisa. A família do Sport só cresceu. E essa é a minha vida.”

O segredo da profissão, para ele, é simples. “O massagista faz muitas coisas que os atletas precisam desde as categorias de base. Hoje ajudo mais no tratamento básico de lesões com gelo, por exemplo. A gente se dedica pela saúde dos meninos. Tem que estar no dia a dia e fazer tudo com carinho. Você precisa disso, não pode fazer de qualquer jeito. E faço de coração o tempo todo.”

A gratidão e realização do “melhor do Brasil”

Adeil no vestiário do Palmeiras, onde já foi campeão em menos de um ano de clube (Foto: Reprodução/Instagram)

Aos 38 anos, Adeil vive o seu auge, como costumeiramente é dito na carreira dos atletas. Assim, ao menos, ele considera ao recordar toda a sua trajetória de ascensão em dez anos no Tupi. Há quase uma temporada, o massagista deixou Juiz de Fora e a idolatria dos carijós, que o chamavam de “melhor do Brasil”, pelo desafio de defender o Alviverde imponente de São Paulo, o Palmeiras, no recém-criado projeto de futebol feminino.

“Tem sido uma experiência positiva e ímpar. Foi uma grande oportunidade sair do futebol masculino e ir para o feminino de um grande clube. Estou aprendendo muito com essa experiência. Essa transição foi tranquila, é nítido o empenho e profissionalismo das atletas, que contribuem para esse crescimento que está vivendo a modalidade. Outro ponto positivo é a grande estrutura proporcionada pelo Palmeiras, como um grande clube que é”, relata Adeil à Tribuna, admitindo, também saudades do Tupi e da sua cidade.

Somente neste período de quase um ano no Palmeiras, Adeil participou do Paulistão de 2019, do Campeonato Brasileiro sub-18, também na temporada passada, e conquistou o acesso à elite nacional pela equipe adulta após participação na Série A2, além do título da Copa Paulista. Pelo clube, ainda iniciou a disputa da primeira divisão do país, interrompida pela pandemia do novo coronavírus.

Conhecido no Tupi como o “melhor do Brasil”, Adeil esteve na campanha de acesso do clube à Série B em 2015
(Foto: Leonardo Costa/tupifc.esp.br)

Há mais de dois meses, foi obrigado a se manter em casa distante do ofício na prática. Mas não ficou parado. “Aproveito esse tempo para me atualizar, estou fazendo cursos. E sempre temos reuniões com o Alberto Simão (diretor de futebol feminino do Palmeiras) pela internet. Ele reúne a comissão técnica e passa orientações para voltarmos da melhor forma possível”, explica o massagista apaixonado por sua profissão.

“A massagem traz um bem-estar muscular. Ela melhora o sono, as dores musculares, alivia o estresse. E tem a massagem pré-competição, que tem como principal objetivo melhorar a circulação sanguínea com manobras mais fortes preparando a pessoa para o exercício a ser feito”, reitera.

Certo é que como fez no Tupi durante uma década de serviços prestados, Adeil agora espera ter seu nome também marcado na também centenária história do Palmeiras. “Primeiro tenho o objetivo de sempre dar o meu melhor, por onde passar. Já fui campeão da Copa Paulista com o Palmeiras e agora meu maior objetivo é ser campeão brasileiro com o time feminino. E tenho uma gratidão imensa pelo Alberto Simão, com quem trabalhei em 2013 (no Tupi), e que reconheceu meu trabalho e me deu uma oportunidade. Me sinto realizado por estar trabalhando em um grande clube como o Palmeiras, um grande sonho já foi realizado e serei eternamente grato ao clube também.”

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