“As conversas estavam avançadas desde janeiro para uma possível transferência ao City. Depois, tanto o City, quanto o United conversaram com meus agentes. Hoje, se não me engano, veio uma notícia muito forte do United, mas estou com a cabeça somente na Copa. Meus agentes estão cuidando disso. O Gilberto Silva é um cara muito tranquilo e confio muito nele. Procuro fazer meu trabalho em campo e deixo o extracampo com ele. Minha mãe e meu irmão estão sempre juntos dele. Não sei qual vou escolher. Quem sabe depois da Copa possa fazer a escolha que seja a melhor para mim”, responde o meia do Shakhtar Donetsk.
Sem Casemiro, volante que atuará na final da Liga dos Campeões no próximo sábado (26) pelo Real Madrid antes de se apresentar, Fred atuou no treino dessa tarde na equipe teoricamente titular, mesmo que ainda na primeira avaliação do treinador Tite, em exercício em que Neymar teria sentido o pé esquerdo — o que não foi operado. O jogador falou sobre o evento e a jogada do companheiro atacante.
“Depois de alguns dias de testes, fizemos um treino bem intenso e bom. Todos se sentiram bem, tranquilos, treinando bem. Eu também creio que treinei muito bem. Mas ele (Neymar) não falou nada. Chutou um pouco o chão, sentiu um pouco, mas depois passou. Tenho certeza de que ele está tranquilo”, assegura. De convocação contestada por parte dos brasileiros, o jogador não se esquivou ao tratar a desconfiança e lamentou o fato de muitos críticos não acompanharem sua temporada no Leste Europeu.
“Não estou chateado, pelo contrário. As pessoas vão falar, não vou agradar todos. O campeonato ucraniano é difícil de acompanhar, mas quem viu a Liga dos Campeões sabe o momento em que estamos. Ganhamos, na nossa chave, do (Manchester) City, que estava invicto no momento. Mantenho a cabeça erguida e mostrando meu trabalho na Seleção. Tenho certeza de que tudo vai correr bem”, analisa. Fred volta a campo com a Seleção Brasileira na tarde desta sexta-feira (25), em novo treinamento do elenco que permanece na Granja Comary até o domingo (27), antes de viajar para Liverpool, na Inglaterra, sede do amistoso com a Croácia no dia 3 de junho.
Confira os outros temas abordados por Fred na entrevista:
Primeiro treino com bola e possível transferência
“Estou muito feliz, primeiramente, por estar representando o Brasil na Copa do Mundo. É um sonho de todos os jogadores. E feliz também por treinar bem, creio que a atividade foi boa. Ele (Tite) mesclou um pouco o time e pude treinar bem. Sobre as negociações, estou com a cabeça somente na Copa do Mundo. Quando estamos em uma, só pensamos nisso. Tenho um estafe que está cuidando disso. Nem pergunto muito, mas sei que estão decidindo o melhor lugar, o melhor caminho para mim.”
Confiança do Tite
“Fui em poucas convocações, mas sei que nos treinamentos se pode conquistar uma vaga. Nas duas convocações que fui, joguei 10 minutos contra a Rússia. Mas trabalhei sempre em alto nível, pensando que poderia ter um lugar nessa lista. Me preparei mental e fisicamente para fazer o meu melhor. Tenho certeza de que o professor Tite gostou.”
Características que atraem principais técnicos do mundo
“É uma honra chamar a atenção de grandes treinadores europeus, como o do United (Mourinho) e o nosso treinador da Seleção. Tenho vitalidade, sou polivalente no meio, creio que alguns treinadores precisam disso nas suas equipes. Acho que isso chama a atenção e é um ponto importante para mim. A polivalência e a qualidade em campo, tenho um bom passe.”
Inspiração em jogadores convocados no fim do período de avaliação
“Podemos nos inspirar, olhar para trás e ver jogadores que conquistaram vaga com muito trabalho. São os melhores que estão aqui, então procuro trabalhar bastante e se tiver que jogar vou fazer o meu melhor. Se ficar de fora, também vou estar preparado para na hora que tver a oportunidade fazer o meu melhor. E trabalho e converso muito com o Gilberto Silva (empresário e ex-jogador da Seleção), que também entrou em uma Copa no final, em 2002, infelizmente por uma lesão de um companheiro. Ele pede para eu manter a cabeça erguida para quando surgir uma oportunidade dar meu melhor.”
Primeira Copa do Mundo
“Jogamos grandes campeonatos na Europa, como a Liga dos Campeões, com grandes jogadores, mas uma Copa do Mundo acho que é muito diferente. É o ápice de um jogador, que estará na melhor fase. Para a gente é a primeira Copa, somos jogadores novos, temos mais coisas pela frente,mas como é a primeira tem um gostinho especial, de quero mais. É uma honra representar nosso país e queremos voltar com o título. Vamos dar o nosso melhor para que isso possa acontecer e que seja a primeira copa de muitas.”
Encontro com Zagallo
“Encontrar com o Zagallo, um grande ídolo, é uma honra. É um cara vivido, que disputou sete Copas do Mundo. Ele acaba passando uma experiência para a gente no vestiário. É um cara que a gente sempre procura estar perto para conversar, filtrar as coisas com ele e colocar no momento de Copa do Mundo.”
Transferência pode mudar seu status
“Estou tranquilo, o Shakhtar está crescendo muito na Europa. Creio que é meu caminho sair para grandes clubes. Trabalhei para estar aqui, disputamos uma grande Liga dos Campeões, classificamos no grupo da morte e quem contestou muitas vezes não viu nossos jogos, mas sim de times brasileiros. Mas estou com a cabeça tranquila, meu trabalho foi bem feito e hoje posso representar o Brasil na Copa.”
Favoritas ao título na Rússia
“Todos sabem do potencial da Seleção Brasileira. É muito grande, somos um país muito forte e todos sabem que o Brasil pode chegar muito longe e ser campeão. Mas claro que outras seleções também são favoritas, os jogadores falam aqui nomes como Alemanha, Espanha, mas também sabem do nosso potencial e o quão longe podemos chegar nessa Copa.”
Valorização desde a base
“Quando a gente é criança sonha em ser jogador e comigo não foi diferente. Mas claro que não passa pela nossa cabeça que um dia iria valer milhões. Mas com o trabalho árduo a gente acaba conquistando isso. Chegar nesse patamar me deixa muito feliz. A gente que vem de família humilde sabe o quanto é difícil chegar aqui, é uma honra. E não penso em valorização, mas trabalho para vestir a camisa da Seleção. O resto é consequência.”
Ritmista ou meia “box to box”?
“Que bom que eu conquistei o Tite nos últimos treinos. Encaixo onde ele precisar. Na Ucrânia jogo em algumas posições diferentes, tanto como segundo volante, quanto como primeiro. Também de meia armador. No que ele precisar vou estar pronto, independente da posição. Quero poder estar ajudando ele.”
Desenvolvimento no Leste Europeu
“O Shakhtar está crescendo muito na Europa, infelizmente teve a situação civil da Ucrânia com a Rússia, era um campeonato que estava crescendo muito, infelizmente deu um passo para trás por conta dessa situação política. É um clube que leva jogadores novos, com 19 anos, que depois acabam indo para outros clubes da Europa. A gente aprende muito. Dois anos atrás, fomos semifinalistas da Europa League. Nos faz amadurecer dentro e fora de campo, um país distante, com língua diferente.”
Conselho às crianças e disputa com Arthur, do Grêmio
“Aconselho as crianças a continuarem crescendo, primeiro amadurecerem a cada dia no futebol brasileiro e, depois disso, procurar clubes na Europa. O Shakhtar cresceu muito. A Champions League nos dá bagagem muito grande. O Arthur é meu amigo, converso muito com ele também. Vai amadurecer muito no Barcelona, ainda é novo. Poderia, sim, ter sido chamado pelo Tite. Acabou que ficou uma disputa entre eu e ele, mas tenho certeza de que nas próximas convocações, na próxima Copa, a gente vai estar junto.”
Treinamento com o sub-20
“Quando estamos na base e vamos para a seleção, que peguei de 2002 até 2009, é algo que sonhamos. Para esses garotos deve ser uma felicidade imensa, já estive no lugar deles. Cada treino para eles é como se fosse um prato de comida. Têm que dar o melhor para que depois estejam em nossos lugares. O tempo vai passando, daqui a pouco é a hora deles. E é muito bom estarem tendo esse contato com o professor Tite. Tenho certeza de que vão amadurecer muito.”