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‘Concluí meus objetivos’, avalia a campeã mundial de natação Larissa Oliveira

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Larissa afirma ter concluído seus objetivos e encerra carreira profissional ‘com sensação de dever cumprido’ (Foto: Jéssica Pereira/ CBP)

Medalhista de ouro, prata e bronze em mundiais; 13 vezes recordista sul-americana e com a participação em duas Olimpíadas (Rio 2016 e Tóquio 2021). São com essas conquistas, além de vários ouros no Brasileiro e dez medalhas em Pan-Americanos, que a juiz-forana Larissa Oliveira encerra sua trajetória profissional na natação. A decisão pela aposentadoria foi tomada pela atleta de 30 anos no final do ano passado, após entender que sua missão no esporte foi concluída. “Encerro minha carreira com sensação de dever cumprido. Não tem nada que quando eu olho para trás eu pense que poderia ter feito diferente. Por mais difícil que fosse, tudo que eu era capaz de fazer, eu fiz”, declara a nadadora.

Atualmente em Juiz de Fora, Larissa conversou com a imprensa na última sexta-feira (24), no Clube Bom Pastor, local em que treinou por cerca de cinco anos. Com sorriso no rosto, a juiz-forana explicou o motivo de se aposentar cedo, na visão de muitos. “Realmente, ninguém imaginava. Quando você vem decaindo, é entendível, aceitável e esperado. Comigo não foi assim. Só que sou muito competitiva, ou sou a melhor ou não consigo ver tanta graça. E já tinha concluído todos os meus objetivos. Participar de Jogos Pan-Americanos, Sul-Americano, Olimpíadas, Mundial. Não faltava nada, comecei a ficar meio sem objetivo. Medalha em Olimpíada (única que Larissa não conquistou) achava um objetivo muito longe, mas não por falta de capacidade, e sim por falta de estrutura, apoio.”

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Segundo a nadadora, a pressão e a obrigação começaram a lhe desgastar com o passar do tempo. Ela treinava cerca de 27 horas semanais dentro e fora da piscina. “Tem sempre que ganhar. Fui ficando cansada. Não consigo fazer as coisas por fazer, só consigo fazer o que eu amo. Quando comecei a questionar o que sentia, vi que era melhor parar. Não fazia sentido comigo mesmo, é respeitar o que conquistei lá atrás, não nadar para ‘tanto faz’.” Mesmo com o fim de participações em campeonatos de alto nível, Larissa continua treinando e participará da competição Rei e Rainha do Mar, no dia 5 de março, em Cabo Frio.

No momento, a juiz-forana pretende seguir próxima às piscinas, mas trocará as braçadas por apitos. Larissa concluiu licenciatura em Educação Física e terminará o bacharelado ainda este ano. Faz pós-graduação em atividades físicas, promoção de saúde e prevenção de doenças, além de estágio em uma assessoria esportiva. “Também vou em várias escolas acompanhar os professores. Gosto muito de crianças, pretendo seguir na profissão, principalmente na área escolar”, diz.

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Atleta conversou com a imprensa na última sexta-feira, no Clube Bom Pastor, onde treinou por cinco anos (Foto: Jéssica Pereira/ CBP)

Persistência na modalidade

O início da relação de Larissa com a natação se deu ainda bem cedo, quando a atleta tinha 2 anos de idade, por questões de saúde, conforme conta.
Mas sua trajetória competitiva começou mesmo no Clube Bom Pastor. “Se eu não tivesse vindo para o clube, jamais teria chegado aonde cheguei. A importância desse local foi despertar todo o espírito competitivo que tive durante a minha carreira”, entende a nadadora.

Após cinco anos no Clube Bom Pastor, Larissa teve a oportunidade de vestir o uniforme de diversas grandes equipes no cenário nacional. Botafogo-RJ, Corinthians-SP, Pinheiros-SP – clube no qual ficou quase dez anos – e Flamengo-RJ, seu último clube. Com esse currículo, Larissa entende que é uma nadadora de sorte, já que devido ao baixo investimento existente na modalidade, conforme avalia, poucos atletas conseguem atingir o sucesso. “A natação não é um esporte muito visado no Brasil. Pela nossa cultura, o futebol é muito mais. No máximo, o vôlei. A natação não é atrativa, falta competições. Não vem verba, apoio, incentivo. No feminino, é pior ainda. São muitas engrenagens que não funcionam”, lamenta.

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Somada às dificuldades de incentivo, está a desvalorização da modalidade. Larissa entende que somente as Olimpíadas são, de fato, valorizadas, diferente de outros campeonatos. “É muito difícil chegar. A própria seletiva para as Olimpíadas são muito complicadas. Para países fortes, como o Brasil, são vários nadadores disputando. Para se destacar entre eles, é complicado, precisa treinar muito para fazer o índice. Mas tem os Jogos Pan-Americanos, competição no qual o brasileiro consegue mais se destacar, é mais palpável conseguir medalha. O Pan-Americanos também, mas nós nadadores conquistarmos medalhas nessas competições não é de tanto valor para o brasileiro.”

Antes da entrevista à Tribuna, uma pequena garota, de cerca de cinco anos, abraçava, conversava e tirava fotos com a Larissa. Perguntada sobre como é ser inspiração, a nadadora diz que se sente bem, mas afirma que são muitas as dificuldades para se conseguir destaque na modalidade. “Se você quer, gosta e sonha, acredite. É complicado demais, mas é preciso confiar. Não só como atleta, mas para tudo. Se você batalha, quer de verdade aquele sonho, coloca o coração e vai que você consegue. Não existe impossível, isso é da cabeça. Se tem o espaço e você acredita que dá, é seguir em frente, treinar, que mesmo sendo difícil, um dia você chega aonde deseja”, incentiva.

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