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Juiz-forano de 17 anos ex-Vasco, Botafogo e seleção vai jogar na Europa

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Em uma entrevista de cerca de 30 minutos, Guilherme Smith mostrou ter, no mínimo, uma mentalidade diferenciada para sua idade. Assim certamente é sua qualidade em campo, visto que, poucos dias antes de completar 18 anos, o atacante juiz-forano, monitorado por diversos clubes ainda como jogador do Botafogo, assinou contrato de três temporadas com o Zorya, terceiro colocado do Campeonato Ucraniano. No novo clube, no Leste Europeu, ele buscará defender a equipe principal em competições como a elite nacional e a Liga Europa já em 2021/2022.

Filho do ex-jogador Claudinho, de Sport e Tupi, Guilherme mostrou personalidade ao falar sobre a transferência. “Já estava sendo monitorado desde 2019, mas a pandemia acabou complicando um pouco as negociações. Tinha outros clubes também interessados, mas optei por ir para a Ucrânia. Achei que era um mercado bom para estar começando minha carreira na Europa e tenho certeza de que vou fazer a diferença, ser o melhor”, projeta. A ideia é que, aos poucos, ele conquiste espaço no futebol do Velho Continente, a começar por uma região de cultura e clima distintos aos brasileiros. “O fruto do trabalho lá vai abrir grandes portas pra mim. É tudo diferente na Ucrânia, mas quem quer ser jogador tem que estar preparado para tudo o que vá acontecer na carreira. Quem quer ser o maior, o melhor, precisa ir pra Europa.”

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Guilherme com familiares e empresários no momento da assinatura do contrato com o Zorya (Foto: Arquivo pessoal)

Além de motivado, Guilherme, que preferencialmente atua como ponta, mas que também joga de “9”, como referência no ataque, relatou estar feliz com o novo capítulo em sua ascendente carreira. “Com 17 anos poder estar indo a um grande clube da Europa é muito gratificante. E agora vai começar uma nova temporada lá, vou fazer a pré-temporada já junto do time principal. Chegar como profissional, podendo jogar a Liga Europa e o Campeonato Ucraniano dão uma visibilidade incrível e espero fazer grandes competições”, reforça.

Para isso, o atleta não tem descansado mesmo no hiato entre a sua saída do Rio de Janeiro e viagem para a Ucrânia, o que deve ocorrer apenas no próximo mês. Até mesmo o aspecto psicológico tem sido trabalhado pelo jovem. “Tenho me preparado bastante mentalmente também com minha coach Maria Angélica, que me ajuda muito, porque você tem que estar bem mentalmente. E venho treinando bastante em um campo aqui em Juiz de Fora. Acho que vou chegar muito bem preparado para dar o meu melhor.”

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Sport, Bonsucesso, Vasco, Botafogo e até seleção brasileira

O futebol desde sempre foi a paixão de Guilherme. “Eu já gostava de bola na barriga da minha mãe”, brinca. “Comecei a treinar com o meu pai no campo do Progresso, com 3 anos já ficava jogando, brincando e vendo os meninos maiores. Sempre gostei bastante e comecei a ter o sonho de ser jogador. Fui ficando mais velho, aí meu pai me colocou no futsal do Sport com o Gerson (treinador). Me ajudou bastante nos dribles curtos, por exemplo, e comecei a ver o futebol como uma chance de ser realmente profissional”, recorda. Aos 8 anos, ele começou sua trajetória no futebol de campo. “Joguei no Bonsucesso, com o Walmir (técnico), um excelente profissional e que me aconselhou e ajudou muito. Ele aperfeiçoou muito meu futebol. Fiquei até os 11 e fui para o Vasco.”

A ida para a Colina foi possibilitada após destaque do atleta sob os olhares de Marco Aurélio Ayupe, ex-atleta profissional do próprio Cruz-maltino, além de Corinthians e outras equipes. “Ele me viu jogando e me chamou para um teste. Gostaram de mim e passei”, conta.

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Mas se a oportunidade era a maior de sua curta caminhada até então, as dificuldades também cresceram de forma significativa. Mas nunca fizeram ele, com o apoio dos familiares, desistir. “A gente não tinha muita condição. Tinha que ir para o Rio toda semana, pegar estrada. Tentamos pedir ajuda pra pessoas por conta da gasolina. E depois cheguei a morar em São Cristóvão também, perto de São Januário, eu e minha mãe a princípio. Sou muito grato pelo Vasco.”

Há quatro anos, no entanto, houve a mudança para o Alvinegro. “Fui pro Botafogo, que me abriu as portas quando eu mais precisava. Fui muito bem recebido, fiz amigos, muitas pessoas me ajudaram. E foi onde eu conquistei muitas coisas, sempre jogando uma categoria acima (da minha idade). O clube foi essencial na minha vida. Fiquei quatro anos lá, muito feliz porque sou botafoguense de coração e, se um dia eu puder voltar, será um prazer.”

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O destaque no Glorioso rendeu, inclusive, uma semana inesquecível ao jogador. Em 2019, ele foi convocado para realizar treinamentos com a seleção brasileira sub-17, na Granja Comary, em Teresópolis. “Foi uma experiência muito boa, todo mundo sonha em chegar na seleção brasileira, é o ápice do futebol. E espero voltar”, relata Guilherme.

Guilherme ao lado do pai, Claudinho, na Granja Comary, quando defendeu a seleção sub-17 em período de treinos em Teresópolis (Foto: Arquivo pessoal)

Fã de CR7 e do foco: ‘você tem que treinar mais que os outros’

Uma das principais influências de Guilherme justifica parte de sua personalidade e, porque não, de seu sucesso na base. “Por tudo o que o Cristiano Ronaldo fez pelo futebol, tudo o que já passou e pelo exemplo que ele transmite, é o meu grande ídolo”, conta, fazendo, ainda, uma menção ao camisa 10 da seleção brasileira pela qualidade com a bola. “Mas também sou fã do Neymar, é o principal jogador da nossa nação, joga em uma posição que eu também gosto bastante. Fico vendo muito os vídeos dele, a habilidade e ousadia que ele tem. É um cara que me espelho.”

O comprometimento é uma filosofia de vida para Guilherme, desde que passou a ver no futebol uma chance de futuro, ainda sob o comando dos treinadores da cidade, Gerson e Walmir. “O trabalho deles é excelente e sempre levei a preparação deles muito a sério. Ia todos os dias treinar muito focado, sou um cara muito tranquilo. Gosto de uma resenha, de sair com meus amigos também, mas quando é para ser focado, pra jogar, levo a sério. Meu profissionalismo é muito grande. E pego o exemplo do Cristiano Ronaldo nisso, acho que todos aqueles que querem ser jogador precisam ter o exemplo de vida dele. E minha família sempre me preparou bem para estar chegando nesse nível de hoje”, destaca.

E quem sabe, daqui a pouco tempo, Guilherme também passe a ser o exemplo de jovens não apenas de Juiz de Fora, como de todo o país. Para isso, ele tem o segredo na ponta da língua ao aconselhar as crianças e adolescentes que compartilham do mesmo sonho nas quatro linhas. “Para a molecada que está começando, que tentem esquecer muitas coisas do mundo. Você tem que abrir mão, porque o futebol não é fácil. Tem que ser diferente dos outros. E graças a Deus sempre tive essa visão, minha família me passou experiências assim”, relata, antes de esmiuçar as abnegações. “Você tem que abrir mão de baladinha, de ficar saindo, de bebida, que é só o que os moleques querem saber hoje. No futebol, você tem que querer ser o melhor sempre, se dedicar ao máximo, treinar mais do que os outros, se alimentar e dormir bem, porque uma noite de sono é essencial. E que não desistam do sonho nunca. Você pode não ter habilidade ou outras qualidades, mas pode ganhar na vontade. Tem que ser diferente dentro e fora de campo e não passar por cima de ninguém fazendo coisas ruins. Faça suas coisas concentrado, com sua família, e se prepare para quando surgirem as oportunidades, que para alguns só vem uma vez.”

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