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Torcedores vão da tensão ao êxtase na Praça Cívica da UFJF

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Cadeiras de praia, cangas, bandeiras, acessórios e camisas em verde, amarelo, vermelho, um arco-íris também exposto em chapéus, bonés e até guarda sol. Se no dia 16 de junho de 1990 os juiz-foranos comemoravam o gol de Muller na apertada vitória sobre a Costa Rica em duelo da Copa da Itália, nessa manhã desta sexta (22), 28 anos depois, estudantes, famílias e funcionários ligados à UFJF deram cores à tensão em 98 minutos, transformada em alívio e euforia na Praça Cívica da Federal com os gols de Philippe Coutinho e Neymar, aos 46 e 53 minutos do segundo tempo.

Segundo profissionais da vigilância da UFJF, o local recebeu pouco mais de 300 pessoas. Entre elas estava Luciana Martins, 47 anos. Ajudante de serviços gerais da Planejar, ela resolveu curtir com os dois filhos o clima de Copa do Mundo no campus universitário e pediu música para unir às cores dos presentes. “Tá faltando samba. O Brasil é futebol e samba também. O clima contagia, e com a música tem gol. Acredito em uma vitória de 2 a 0!”, cravava, antes da partida.

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As cores também foram utilizadas pela estudante de Artes da Federal, Gabrielle Stehling, com tinta no rosto. “No último jogo eu esperava muito, mas foi um empate. Aí pensei que se viesse animada e com o rosto pintado ajudaria um pouco a animar a galera e fazer o jogo ser melhor desta vez”, conta a jovem, que não é fã de futebol.

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“Gosto é de acompanhar a Copa, todos os dias, por esse clima e das festas. Até mesmo o pessoal que não converso, do meu curso, se encontra e senta junto comigo e meus amigos. Ficamos conversando, bebendo e é tudo muito legal. Mas mesmo a Copa sendo uma festa em que as pessoas esquecem muito o que está acontecendo, a gente devia vivenciar ela, mas prestar ainda mais atenção na nossa política”, opina.

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Cerca de 300 pessoas amontoam-se ansiosamente para sofrerem junto aos jogadores (Foto: Marcelo Ribeiro)

A oportunidade de vibrar com os amigos também foi aproveitada pelos estudantes da UFJF Leandro Costa, Ruan Rodrigues, David Knop e Wesley do Vale. “Resolvemos vir para a UFJF porque todos ficam juntos em um ambiente muito legal. Copa do Mundo é isso aí. Contagia!”, justifica Wesley. Otimista, o quarteto apostava em um 3 a 0 o a favor da Seleção Brasileira. Em meio à tensão dos primeiros minutos, houve tempo para pitacos.

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Da esquerda para a direita, os amigos Leandro Costa, Wesley do Vale, David Knop e Ruan Rodrigues aproveitaram o clima bacana da UFJF (Foto: Marcelo Ribeiro)

“Como o Danilo machucou, entrou o Fágner, que é muito contestado. Na minha opinião, o Rafinha, do Bayern (de Munique, da Alemanha), merecia mais chances. E vou puxar um pouco de clubismo para o meu lado, mas gostaria muito que o Lucas Paquetá estivesse”, analisa o flamenguista Leandro. A preocupação, presente na torcida quando o árbitro voltou atrás na marcação de pênalti, ou a cada desarme dos defensores canarinhos em contra-ataques da Costa Rica, também estava latente. “Precisamos golear. Eliminar o empate daquela primeira rodada e fazer 3 a 0 para ficar mais tranquilos”, destacou David.

Os gols, sobretudo o primeiro, do meia Philippe Coutinho, gerou uma explosão de alegria nos tensos juiz-foranos. A sensação de alívio prevaleceu na Praça Cívica, como relata Jéssica Maria, 18, estudante de Artes e Design na Federal. “Quase desmaiei de tanta felicidade! Sou apaixonada por Copa do Mundo, realmente louca! No primeiro minuto eu estava muito nervosa, porque o Brasil não estava indo, e no último (antes do gol) já estava desacreditada, mas o Brasil começou a jogar e fiquei muito feliz.”

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“Quase desmaiei de tanta felicidade! Sou apaixonada por Copa do Mundo, realmente louca!”, diz a estudante de Artes Jéssica Maria (Foto: Marcelo Ribeiro)

Após muito nervosismo, o alívio

Enrolado em uma bandeira do Brasil, Felipe Augusto, estudante de Sistemas de Informação, não conseguia ficar sentado por causa da tensão (Foto: Marcelo Ribeiro)

O estudante de Sistemas de Informação, Felipe Augusto, 22 anos, era um dos mais intensos torcedores na Praça Cívica desde o primeiro segundo. Enrolado em uma bandeira do Brasil, ele não permanecia sentado com os amigos por um minuto sequer, seja por reclamações com algum personagem da partida ou lances de perigo. O transparente nervosismo dos quase 100 minutos de embate se transformou, após o apito final, em alívio. “O Brasil estava pressionando, não saía o gol. Depois ficamos muito aliviados!”, conta.

A vitória foi a cereja do bolo em uma experiência diferente para o estudante. “Foi muito bacana, a ideia muito boa. A galera veio em peso. Estávamos na tensão desde o primeiro jogo. O Brasil jogou bem, mas infelizmente não apareceu o individual. Mas agora conseguimos a vitória. Esse resultado traz muito mais tranquilidade. No próximo jogo, quem sabe, vamos ganhar!”, avalia Felipe.

Com uma faixa escrito “100% Jesus”, a ligação de Fabiana Duque, estudante de Arquitetura do CES/JF, com o camisa 10 da Seleção Brasileira era nítida. Neymar tem o costume de, quando campeão, colocar na testa a faixa com os mesmos dizeres. A ação da torcedora de Lima Duarte deu sorte. “Desde meus 12 anos sou muito fã do Neymar. Tinha fã clube dele. Sempre acompanhei a carreira, o último gol foi dele hoje, uma emoção muito maior para mim. Também comecei a chorar, porque gosto muito dele e de Copa. A Copa une a galera, gosto sempre de assistir com minha família, mas como não sou daqui, estar com os amigos que fiz em Juiz de Fora é muito emocionante”, destaca a jovem de 21 anos.

Fabiana Duque (com faixa na cabeça), estudante de Arquitetura do CES/JF, é fã de carteirinha de Neymar, chorou após o gol do craque (Foto: Marcelo Ribeiro)

O sentimento vivenciado enquanto a bola rolou, para Fabiana, reflete o sofrimento que os brasileiros passam o ano inteiro. “Mas no fim sempre temos motivos de orgulho. Deveríamos ter muito mais motivos para nos orgulhar, independente do que está acontecendo, e lutar até o fim porque no final a gente vai conseguir”, diz, esperançosa.

 

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