Desde o início, torcedores se mostravam esperançosos e aguardavam um placar elástico contra a seleção da América Central. Um 4 a 0 aqui, um 5 a 1 ali, oum 3 a 0 acolá. No entanto, os primeiros 45 minutos foram marcados por um sentimento de apreensão pelas dificuldades em abrir o marcador. Neymar era o mais buscado não apenas pelos marcadores costarriquenhos, mas também pelos olhos dos torcedores. Qualquer chegada mais forte do sistema defensivo no craque brasileiro fazia um sentimento de preocupação imperar no local. “O Brasil está muito nervoso, o Neymar está sendo muito caçado, mas está jogando melhor. Hoje eu acho que o Brasil precisa de mais empolgação”, comentava Gustavo Germano, 25, ao final do primeiro tempo.
Com o rosto todo pintado de verde e amarelo, a empolgação pedida por Gustavo era corroborada pelos demais torcedores no local no segundo tempo. Entretanto, os placares elásticos escutados pela reportagem diminuíam ao tempo que os minutos iam passando. Aos 32 minutos, Neymar foi derrubado na área após ser agarrado por González, fazendo o holandês Bjorn Kuipers marcar pênalti.
No entanto, a euforia deu lugar à melancolia com a não confirmação da penalidade pelo arbitro de vídeo (VAR). A mudança na marcação gerou revolta em muitos torcedores. “Mais uma vez estamos sendo prejudicados, mais uma vez estão jogando 12 contra 11 com o Brasil com esse recurso de vídeo. Todo mundo sabe, agarrou dentro da área é pênalti”, argumentava o segurança Leandro Santos, 34, que estava de passagem por Juiz de Fora para visitar seus familiares.
Angústia final e redenção de Neymar
Nos 15 minutos restantes, o sentimento de revolta de Neymar ao jogar a bola no chão parecia representar a angústia e nervosismo de cada juiz-forano no bar. Entre diversos tons de verde e amarelo, talvez um torcedor estivesse alheio ao nervosismo brasileiro. Com olhar sereno, o suíço Tom Gverlet não demonstrava estar preocupado com a Seleção Canarinho, mas sim com o jogo das 15h, quando os representantes de seu país entrariam em campo contra Sérvia. Esta talvez fosse a sua prioridade no momento em que todos se mostravam apreensivos. “Todo jogo é muito difícil, assim como foi com a Suíça. Hoje estou meio brasileiro, tomara que o Brasil vença, mas o jogo da Suíça vai ser muito difícil, muita briga”, acreditava.
No instante que a placa era levantada com mais 6 minutos de acréscimos, muitos torcedores já rezavam e mostravam-se apreensivos com o futuro da Seleção na competição. Quando alguns começavam a sugerir a possibilidade de uma não classificação, na base do abafa e no bate-rebate, Philippe Coutinho apareceu de bico para mandar para o fundo das redes, aos 46 minutos da segunda etapa. A bola passou por baixo das pernas do goleiro Keylor Navas e fez explodir a torcida no Bigode. Não passou muito tempo, Neymar ampliou o placar e fechou a conta da partida. Fatura liquidada, tranquilidade no coração dos torcedores.
“Eu falei que ia dar certo, mas não imaginava que fosse ser tão difícil. Estava passando mal de tão nervosa, falei que o Neymar ia marcar e ele fez. Agora é rumo ao hexa e que venha a Sérvia e a classificação”, comemorou a estudante de odontologia Danielle Rachid, 23. O sentimento era compartilhado por Alessandro Jesus, 32, um dos acertadores do bolão da casa, com o placar de 2 a 0. “Foi difícil demais, mas sempre confiante. Brasil é Brasil. Agora vamos pra frente e tem que engrenar, porque nós, brasileiros, não desistimos nunca”, afirmou.
Com 4 pontos, o Brasil vai decidir sua colocação final no grupo E somente na próxima quarta-feira (27), às 15h, contra a Sérvia. No entanto, uma coisa é certa: o futuro brasileiro clareou após os dois gols ao final.