Morre Luís Alberto, ex-técnico do Tupi

Cidadão honorário de Juiz de Fora, ídolo carijó foi bicampeão mineiro do interior pelo Galo na década de 1980


Por Bruno Kaehler

21/05/2020 às 15h10- Atualizada 21/05/2020 às 15h14

Luís Alberto no Salles Oliveira, campo carijó em Santa Terezinha (Foto: Arquivo Tribuna de Minas)

Morreu nesta quarta-feira (20), aos 77 anos, o ex-técnico do Tupi, Luís Alberto Alves Severino. Carioca, mas que recebeu o título de cidadão honorário de Juiz de Fora, o profissional foi um dos treinadores mais vitoriosos da história do Alvinegro de Santa Terezinha, sendo o terceiro que mais comandou o clube em toda a história, com vínculo durante a década de 1980. Luís Alberto lutava contra o Alzheimer há quase uma década, mas segundo a única filha, Jacqueline Souza, a causa do óbito foi um enfisema pulmonar – ele estava internado em um hospital no Rio de Janeiro. Ainda não há informações sobre o velório e sepultamento.

Após carreira como zagueiro e transição para técnico, Luís Alberto chegou no Tupi em 1984 e comandou o clube até 1988, com curto hiato em 1986, além de ter trabalhado na agremiação local no ano de 2000, conforme confirmou o professor e pesquisador carijó Léo Lima à Tribuna. Com 130 partidas à frente do Galo – 51 vitórias, 42 empates e 37 derrotas -, só não esteve mais vezes na área técnica pelo Tupi que Geraldo Magela (184 jogos) e Zú (179 partidas). Foi bicampeão mineiro do interior pelo Alvinegro nos anos de 1985 e 1987.

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“Luís Alberto Guerreiro”

À Tribuna, a filha do ídolo carijó, Jacqueline, exaltou o caráter de Luís Alberto tanto no âmbito pessoal como profissional. “Posso falar que ele tinha orgulho em dizer que era um cidadão de Juiz de Fora. Era maravilhoso. Dizia que foi recebido na cidade como um filho da terra e sempre falou muito bem de todos de Juiz de Fora. Tinha o Paulo Henrique Toledo como um filho, e outras pessoas daí. Como pai, não encontraria palavras para definir o seu carinho e a sua presença. Tenho recebido ligações da Costa Rica, da Arábia, de diversos lugares com esse mesmo sentimento de que ele foi uma pessoa maravilhosa, um amigo das horas incertas”, destaca Jacqueline, que mostrou gratidão à receptividade juiz-forana para seu pai.

“Ele amava o futebol, o Tupi. Vendo as fotos dele ontem isso fica ainda mais claro. E quero agradecer a todos vocês da cidade pelo carinho que tiveram com ele. De coração. Só tem eu de filha e Juiz de Fora fez parte da vida dele. Era uma pessoa maravilhosa e viveu momentos felizes aí. Cada dia no Tupi era de coração mesmo para ele. Era o Luís Alberto Guerreiro”, completou Jacqueline.

Após sucesso na década de 1980, Luís Alberto voltou ao Tupi em 2000 (Foto: Arquivo Tribuna de Minas)

Íntegro, solidário e de caráter incontestável

Ex-preparador físico do Tupi, Paulo Henrique Toledo trabalhou com Luís Alberto não apenas no clube juiz-forano, mas também na seleção sub-17 dos Emirados Árabes, e mantinha contato com a família pelo vínculo estabelecido graças ao futebol. A integridade do ex-treinador também foi destacada pelo amigo.

“Além de brilhante pessoa e profissional, só tenho a agradecer por todos os ensinamentos e pela amizade que construímos. Uma pessoa íntegra, solidária e de um caráter incontestável. Como profissional desenvolveu todo esse trabalho na cidade.  Juiz de Fora e região só têm a agradecer a ele. Inclusive recebeu o título de cidadão honorário na época. Que descanse em paz, que foi realmente um grande guerreiro e que Deus dê conforto aos familiares.”

Paulo Henrique (à direita), com seu pai, Moacyr Toledo (esquerda ao fundo) ao lado de Luís Alberto em treino do Tupi (Foto: Arquivo pessoal)

“Disciplinado e vitorioso”

Ex-jogador do Tupi, Evaldo foi comandado por Luís Alberto na década de 1980 e lembrou o equilíbrio do ex-companheiro de Galo entre a disciplina nas atividades e o relacionamento saudável com cada jogador. “Só tenho lembranças boas. Foi um dos treinadores daquela época do senhor Maurício Baptista (empresário e ex-presidente carijó) e um dos técnicos mais vitoriosos do clube. Sempre rígido, algo que trouxe de sua carreira como um grande zagueiro do Bangu, chegou no Tupi com aquela disciplina. Mas tinha muita amizade com os jogadores, dava liberdade e, na hora do trabalho, exigia muito”, rememora Evaldo.

Juntos, escreveram parte memorável da história carijó com títulos, grandes equipes e uma invencibilidade sobre o Atlético em Juiz de Fora que durou de 1984 a 1990. “Ele conseguiu formar um grupo muito qualificado e tivemos essa felicidade de ficar quase oito anos sem perder para o Atlético em Juiz de Fora. E eles tinham aquele time cheio de jogadores de seleção brasileira. Formamos um time muito bom e que, em 1985, ainda levamos a semifinal do Mineiro com o Cruzeiro no Mineirão para a prorrogação após um 0 a 0”, conta Evaldo, outro ídolo alvinegro.

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Tópicos: tupi

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