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Pai busca inspirar filho e se “vicia” em provas longas

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Segundo Sargento do Exército Brasileiro desde 2007, servindo, atualmente, na Bateria de Comando da Artilharia Divisionária da 5ª Divisão de Exército, em Curitiba (PR), o juiz-forano Patrik Henrique (Galil Jóias/Oficina Campissi/Açougue L.M.), 37 anos, transformou uma iniciativa para dar exemplo ao filho que acabara de nascer em um vício: correr longas provas.

“Por conta da minha profissão, o esporte já faz parte da minha rotina. Mas o grande motivo de participar de competições de corrida foi quando minha esposa, Pâmela, ficou grávida do nosso filho Thales. Desde então minha ideia era de que meu filho pudesse ver no pai uma pessoa que pratica esportes e busca uma vida saudável”, introduz Patrik, que correu prova de longa distância pela primeira vez em 2017, três meses após o nascimento do seu filho. “Participei de uma maratona em Resende (RJ), chamada A Muralha Up and Down. Confesso que uma semana depois mal conseguia andar de tantas dores”, recorda o atleta criado no Bairro Jardim Esperança, mas que não mora em JF desde 2011.

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Ainda assim, as distâncias percorridas só aumentariam a partir daquele evento. “Em março de 2018 participei de uma Ultramaratona de 44 km da organizadora Loucos Por Montanha, também em Resende, na qual terminei em 5º lugar geral. No mesmo ano me inscrevi em uma ultramaratona de 75 Km da Ultra Runner Eventos, mais uma vez terminando em 5º. Porém ainda não estava satisfeito e me inscrevi na U.A.I. (Ultra dos Anjos Internacional) agora na distância de 235 km”, conta, cada vez mais apaixonado pelas distâncias mais longas. “Meus treinos começaram em janeiro de 2019 com a assessoria do meu amigo e treinador Gilberto Roque. Cerca de 42 horas após a largada, no dia 12 de julho de 2019, eu concluí a U.A.I. em 4º lugar geral.”

Concluída sua participação mais longa até então, Patrik planejou um merecido descanso. Mas a vontade de competir foi maior. “Cerca de um mês depois já estava de volta às provas de longa distância, na Muralha Up and Down Marathon. Em setembro e outubro do mesmo ano fiz mais duas provas de 50km. Deveriam ter sido minhas últimas na temporada, mas não foi bem assim. Participei de um sorteio pelo Instagram para uma Ultramaratona da Ultra Runner Eventos, em Passa Quatro (MG), e lá fui novamente, mas para correr por 24 horas em uma pista de 400 metros. Depois de quase 400 voltas e 159 km percorridos, fui vice-campeão.”

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Cerca de 60 pessoas participaram do ato que pede pelas aulas presenciais em Juiz de Fora (Foto: Jéssica Pereira)

Sonhos adiados e próxima meta

Patrik foi um dos milhões de atletas pelo mundo obrigados a frear o ímpeto pelas competições por conta da pandemia. “Afetou a todos. Nem sempre consegui treinar, pois foi necessário me preservar e a minha família, além do calendário de provas ter sido reduzido”, conta. No mês passado, no entanto, ele recebeu a primeira aplicação do imunizante AstraZeneca, aumentando sua segurança e as atividades físicas. “Hoje meus treinos são planejados pelo meu treinador Gilberto Roque, sempre respeitando os protocolos de prevenção à Covid-19”.

A falta das provas foi prejudicial não só fisicamente, conforme Patrik. “Gosto muito de participar de competições, mas não pelo motivo de ganhar medalhas ou troféus. Gosto de procurar me superar, o que acontece em provas de longa distância. Correr é um tipo de ‘bom vício’, pois estou fazendo algo que gosto e, ao mesmo tempo, cuidando da minha saúde mental e física. Então, ante o cenário da pandemia, tive que adiar alguns sonhos de participar de várias provas que eu tinha em mente, além de gerar, de certa forma, uma espécie de frustração pessoal”, relata.

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“Sinto falta da adrenalina que toma conta do nosso corpo quando estamos prestes a iniciar mais uma prova. Aquele sentimento de superação quando atravesso uma linha de chegada após uma distância que muitos nunca percorreram de carro. Receber uma medalha de finisher me traz uma emoção fora do normal, ainda mais quando nos leva ao limite, depois de correr dia e noite vendo o sol nascer em meio a montanhas e paisagens espetaculares. E saber que em casa, depois de horas competindo, a minha família me aguarda, tudo isso me faz ter vontade de ser uma pessoa melhor, mais forte. É disso que sinto falta.”

Ultramaraton Brasil 135

Apesar disso, Patrik conta os dias para experienciar novamente as sensações descritas. Isto porque em janeiro de 2022, ele pretende disputar a Ultramaraton Brasil 135, conhecida como uma das provas mais difíceis do país, com a distância de 217 quilômetros (135 milhas), sendo que dez deles são de subidas e descidas acumuladas no trecho mais difícil do Caminho da Fé (inspirado no Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha), que foi criado para dar estrutura às pessoas que sempre fizeram peregrinação ao Santuário Nacional de Aparecida, na Serra da Mantiqueira. Saindo da cidade de São João da Boa Vista, em São Paulo, a corrida passa por Águas Claras, Andradas, Serra dos Limas, Barra da Mata, Tocos de Moji, Estiva, Consolação, Paraisópolis, Luminosa e São Bento do Sapucaí.

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“Digo sempre que o mais difícil de tais provas não é correr, mas sim as dificuldades logísticas que implicam para as realizar, como gastos com hospedagem, deslocamento, inscrição, entre outros. Somando ida e retorno, serão aproximadamente 1.200 km de viagem. E realizarei essa prova na modalidade survivor, na qual o atleta tem que levar tudo que for necessário para se manter durante a prova sem poder ter auxílio de outras pessoas nem podendo contar com carro de apoio”, destaca o juiz-forano, ainda em busca de apoiadores.

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