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Técnico do JF Vôlei exalta grupo calejado e projeta decisão da Superliga B

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Marcos Henrique recorda temporada de adversidades dentro e fora de quadra e agradece confiança no trabalho executado (Foto: Divulgação JF Vôlei)

Desde seus primeiros treinos na cidade que se tornaria uma nova casa, ainda como auxiliar do JF Vôlei, o santista Marcos Henrique do Nascimento, promovido a técnico da equipe há três temporadas, expunha no semblante uma calmaria rara vista em treinadores de equipes de alto rendimento em modalidades tão intensas como o voleibol. Eis que a melhor campanha juiz-forana em sua história, coroada na última terça-feira (13) com o retorno à Superliga A, seria sacramentada por uma equipe que, além de homogênea tecnicamente, mostrou justamente esta serenidade nos momentos mais decisivos dos sets ao longo da temporada – marca da personalidade do comandante.

Seja à frente ou não da parcial nas retas finais de sets equilibrados durante toda a Superliga B de 2021, o JF Vôlei, ao contrário do que ocorreu em diversos anos anteriores, pareceu, coletivamente, compenetrado ponto a ponto, sem que qualquer tipo de pressão influenciasse negativamente as ações de jogo. A característica foi um dos pontos mais exaltados por Marcão, como é chamado popularmente, ao relembrar a trajetória na competição que termina nesta segunda-feira, na decisão contra o Brasília/Upis, às 18h, no Ginásio do Riacho, em Contagem (MG), com transmissão nacional do SporTV.

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Neste sentido, o treinador, em entrevista exclusiva à Tribuna, conta que cada obstáculo, entre os comuns de uma temporada, e os inéditos, como a mudança de rotina e medos pela pandemia ou a necessidade de viajar para atuar com mando de quadra – por não ter as portas abertas para jogar em Juiz de Fora -, amadureceram até mesmo o voleibol do elenco.
“Tecnicamente a equipe entendeu o sistema. Foram quatro meses de trabalho em que tentei pegar o melhor de cada atleta e colocar nesse sistema. Deu certo, mas acredito que um dos principais fatores na evolução foi a questão do grupo ficar calejado pelas dificuldades. Como a gente saiu de várias situações adversas durante a temporada, tiveram várias situações que nos fizeram superar e isso reflete em quadra. Criaram uma casca muito grande. Possuem uma característica que sempre quis que o time tivesse é de não se abalar tanto, independente do resultado. O importante é jogar bem e entenderam isso. Deu uma segurança inclusive em momentos decisivos”, destaca Marcão.

Os dias, desde a terça à noite até este domingo, se dividiram entre a felicidade do acesso e a preparação para a decisão. Embalado com 11 vitórias nas 11 partidas disputadas nesta Superliga B, o time local busca a popular “cereja do bolo” – o caneco nacional, novidade também para o JF Vôlei em toda a sua história. Pela frente, um rival já conhecido, superado por 3 sets a 1 ainda na primeira fase, mas que, assim como Aeroclube na semifinal, cresceu significativamente de produção e rendeu elogios de Marcos Henrique.

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“Brasília é uma equipe extremamente qualificada, jovem como a nossa, de um poderio de ataque e de saque muito interessante. Vamos ter que trabalhar muito bem. Possuem dois ponteiros e um oposto muito fortes; os centrais que também dificultam nossas ações. Estamos traçando as melhores estratégias para conquistar esse título”, analisa o treinador.

A tendência é que o JF Vôlei inicie a partida com a mesma equipe que deu largada às partidas pela semifinal, composta pelo oposto Paolinetti (Thiago), o levantador Gustavo, os ponteiros Celestino e o argentino Viller, os centrais Bruno e Pilan, com Dayan de líbero.

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‘Estou muito feliz por tudo o que construímos’

Em meio à pandemia de Covid-19 que gerava diariamente não apenas a mudança nas atividades da equipe, como também uma natural preocupação dos profissionais com a saúde de seus familiares, em sua maioria distantes – a equipe foi formada por atletas das mais diversas regiões do país – o JF Vôlei ainda foi a equipe que mais viajou na competição, já que, sem poder atuar em Juiz de Fora, precisava embarcar para Contagem sempre que possuía o mando – o que se repete nesta segunda. Um ponto, no entanto, fortaleceu o projeto: a confiança no trabalho realizado.

“Estou muito feliz por tudo o que construímos ao longo dos treinamentos. Criamos uma identidade de sistema de trabalho, de ataque e defesa, e credito tudo isso aos atletas pelo fato de eles acreditarem e trabalharem arduamente nesse processo. E também ao Maurício (Bara, diretor), por ter proporcionado tudo isso. Confiou em meu trabalho e me ajudou muito”, destaca Marcos Henrique. “E não adiantava trazer atletas muito bons, mas que não estivessem dispostos a ralar no dia a dia ou que não comprassem a nossa ideia”, completa.

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Entre estes obstáculos inéditos na temporada, Marcão ressaltou as dificuldades em projetar até mesmo as estratégias durante a semana que antecedia uma partida. “Começava a semana, às vezes na terça com jogo sexta ou sábado, e os testes pra Covid ocorriam na terça ou quarta. Não sabíamos com quem podíamos contar no jogo até que os resultados saíssem. Isso ficava fora do nosso controle, o que incomoda muito. Mas fechamos bem a temporada nesse sentido, não tivemos maiores problemas com positivados como outras equipes.”

A busca pelo acesso era tão intensa, que a ficha de Marcos Henrique do resultado obtido demorou para cair. “O jogo foi tão tenso, com tantas viradas, que é difícil falar o que passou naquela hora. Até abaixar a adrenalina foi complicado. Sabíamos que tínhamos condições de passar porque o time é muito qualificado, mas tive que processar essa volta para a Série A. Desde que o trabalho começou, seguimos muito confiantes. E no último ponto estava mais aliviado de ter vencido o tie-break de um jogo que foi muito difícil. Ficamos preocupados”, conta.

‘Estou cada vez mais focado em evoluir’

Questionado sobre os possíveis impactos do título, se conquistado, Marcão seguiu com os pés no chão ao projetar a sequência de sua carreira. “Tem uma frase que o Daniel (Schimitz, preparador físico) fala muito e que levo pra minha vida de que quanto mais você estuda, evolui, mais expande suas possibilidades e vê que pode crescer. É muito legal você trabalhar dentro da sua filosofia e dar certo, independente da competição. Estou cada vez mais focado em evoluir como treinador.”

Logo após o acesso, o diretor técnico Maurício Bara não mediu elogios ao comandante do JF Vôlei. Ao portal Toque de Bola, o gestor afirmou que via Marcos Henrique como um técnico de ponta do voleibol brasileiro. Em meio aos sorrisos, Marcão discordou com o colega. “O Maurício acredita muito em mim e sou muito a grato a ele. Respeito demais a opinião, ele tem muito isso de ser um mentor e sempre trocamos muitas figurinhas, mas não me vejo desta forma ainda, sendo bem sincero. Preciso ir bem na Superliga A, se tiver a oportunidade, consolidar o trabalho nela. Talvez eu tenha algumas ferramentas de um técnico de ponta, mas ainda faltam algumas coisas, como o título da Superliga B. Resta muito a fazer como treinador.”

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