Academias de JF têm quase 100% de queda de faturamento

Associação que representa as empresas da área na cidade busca dar suporte; proprietários tentam alternativas como o aluguel de aparelhos


Por Bruno Kaehler

17/05/2020 às 06h59

Há cerca de dois meses fechadas por conta do Decreto municipal 13.897/2020, em virtude da pandemia do novo coronavírus, as academias juiz-foranas têm lutado contra os prejuízos financeiros consequentes da ausência de atividades em suas sedes e a natural perda de clientes. Conforme a Associação das Academias da cidade (Acad-JF), a maior parte das mais de 200 empresas da área no município já estaria lidando com queda de 100% do faturamento neste período.

“O prejuízo para o pequeno e médio empresário é muito grande. Na cidade, mais de 80% das academias são micro ou pequenas empresas e vamos completar dois meses sem receita. A maioria está tendo queda de 100% do faturamento, principalmente os estúdios de personal”, alerta o presidente da Acad-JF, Diego Paiva, também sócio-fundador da rede de academias Activa Fitness Center.

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A Acad-JF representa, hoje, aproximadamente 70 unidades de academias em Juiz de Fora, entre estúdios de crossfit, academias de ginástica e de natação. Apesar do caos financeiro, Diego reitera que a associação não busca o retorno das atividades normais nos estúdios e tem se movimentado para auxiliar os proprietários na conscientização do combate à pandemia.

Pela Acad-JF, Diego tem buscado assessorar dezenas de academias neste período de quarentena (Foto: Arquivo pessoal)

“A decisão final não é nossa. A Acad-JF não está sugerindo a reabertura das academias, nós nunca faríamos isso. Estamos orientando o setor com protocolos de segurança e jurídicos necessários para quando puderem reabrir seus estabelecimentos. Mas como há um decreto, as autoridades locais e os empresários devem tomar as decisões com base jurídica. Não queremos nos envolver em embates neste momento.

Nosso foco é sempre garantir a saúde e segurança de todos os envolvidos”, assegura Diego.
Apesar disso, a cada dia a sobrevivência de muitas das micro e pequenas empresas da área na cidade se tornam mais difíceis. “A pergunta é quanto tempo as mais de 200 academias vão aguentar. Dependendo de como for a volta, seguramente vamos ter um setor menor, porque muita gente, infelizmente, vai ficar pelo caminho”, avalia o presidente da Acad-JF.

Planeje, negocie e envolva

O aluguel de equipamentos certamente é uma das medidas mais tomadas pelas academias da cidade até o momento, visando diminuir o impacto do fechamento de suas unidades. Mas não é a única possibilidade. Há também a utilização das redes sociais para os populares treinos e aulas on-line, além de outras iniciativas com os professores de Educação Física direcionadas aos clientes que buscam se manter ativos nesta quarentena.

Do ponto de vista do proprietário de um estabelecimento fechado, Diego tem adotado uma linha principal de raciocínio para as orientações. “O que temos mais falado é sobre seguir três palavras mágicas: planeje, negocie e envolva. Planeje todos os seus passos, mesmo que você ainda não tenha certeza do caminho; negocie com clientes, fornecedores e colaboradores; envolva as pessoas nas suas decisões. O conceito de humanização vai ajudar a reação”, esmiúça. O telefone de contato da Acad-JF, para proprietários interessados em tirar dúvidas neste período de pandemia, é o (32) 99955-1302.

“A essência da academia é a saúde”

Conforme o sócio da Mega Academia, Levi Miranda, os prejuízos são inevitáveis, mesmo com um planejamento econômico consistente. “Tem impactado bastante, mas ainda está em uma forma controlada porque temos muitos clientes e planos de longo prazo. Só que esse dinheiro que entra não é da competência do mês e, se utilizarmos, estaremos tapando um buraco, mas abrindo outro. O faturamento é zero e não estamos prestando os serviços, então teremos que repor este tempo aos clientes. Mas nosso planejamento nos faz conseguir administrar por enquanto. Vamos saber como vai ficar em junho, precisamos manter por 60 dias os funcionários que tiveram os salários reduzidos”, destaca, por ter ingressado na MP 936, de redução de jornada de trabalho e de salários aos funcionários, com contrapartida do Governo.

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Professores da Mega têm realizado aulas e treinos que são divulgados em plataformas como o YouTube (Foto: Reprodução)

Neste período, a academia tem produzido aulas e divulgado em suas redes sociais. Também emprestou acessórios após sorteios e alugou equipamentos como bicicletas de spinning. “Também temos entrado em contato com os clientes para resolver dúvidas e informar nosso procedimento nessa quarentena”, completa Levi.

Sem uma projeção inicial de quando as atividades poderão ser retomadas, Levi lamenta uma imagem criada das academias. “Vejo que tudo o que está acontecendo tem nossa culpa, como empresários, e pela forma como é tratado pela imprensa em um contexto geral. Sempre relacionamos academia à estética, de ir para ficar magra ou forte. Mas a essência da academia é a saúde. Fomos colocados como um local de disseminação do vírus, e não de lugar para cuidar da saúde, melhorar a imunidade e combater os riscos de diversas doenças de altas taxas de mortalidade. Hoje estamos na última prateleira para retornar dentro das atividades econômicas e vejo como culpa do mercado. Nossa briga tem que ser para que as pessoas entendam que a academia é um local para cuidar da saúde e não para pegar o vírus. O isolamento é importante, mas a forma como nosso segmento tem sido visto nos coloca no final da fila. E quanto mais tempo, mais dificuldades teremos”, analisa.

Tópicos: coronavírus

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