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Grupo de corrida completa revezamento de 304km de JF até Aparecida

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Esforço, trabalho coletivo e emoção não faltaram a um grupo que deixou Juiz de Fora no último fim de semana para completar o Desafio da Fé. Com 16 atletas e oito pessoas no apoio, a equipe correu, em sistema de revezamento, do Expominas até a Basílica de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida, no interior de São Paulo. Um trajeto estudado de 304 quilômetros foi percorrido em 26 horas e 24 minutos.

Grupo registrou momento da saída de JF, em frente ao Expominas (Foto: Arquivo pessoal)

A ideia partiu do treinador de corridas Luiz Bastos durante uma conversa com um de seus alunos-atletas, Márcio Bastos. “Foi um revezamento com 14 alunos meus e só dois convidados, até por conta da pandemia. A cada dez quilômetros, trocava quem corria. Foram formados duplas, trios e quartetos, sendo que cada equipe dessa teria que fazer a distância total de pelo menos 50 quilômetros”, explica Luiz.

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O profissional arquitetou todo o desafio e as equipes formadas de acordo com o conhecimento que possuía de cada atleta. “Tinha que correr em dupla no mesmo ritmo, sempre, por questão de segurança. Ia um carro de apoio à frente dos corredores e outro atrás deles monitorando o tempo todo. E os outros carros iam para o posto de troca, dez quilômetros à frente, sempre abastecidos com comida e bebida.”

Em relação à pandemia, Luiz conta que “todos os atletas já haviam sido vacinados ao menos com a primeira dose e estavam testados e bem de saúde. O apoio também era o tempo todo e, como foi um desafio ‘non-stop’, sem paradas, a gente só passou pelos locais e, ainda assim, foram cerca de 140 quilômetros só de estrada de terra, sem movimentação. A parte de asfalto foi na Via Dutra, onde não tem tráfego de pessoas. Quem não estava correndo, estava dentro do carro. Não paramos em restaurante, hotel, nada. Foi tudo muito bem planejado pensando na segurança de todos.”

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Diferentes desafios e privilégios

Além da demanda física e mental em um trajeto como este, a experiência foi inesquecível para dois atletas que formaram dupla durante o desafio. Jadir José da Silva, 60 anos, é deficiente auditivo e um dos principais paratletas da região, sempre presente em provas de corrida até o começo da pandemia. Ele foi auxiliado durante todo o tempo por Márcio Bastos, 55.

“Foi uma experiência única, diferente de tudo que já fiz. Um desafio muito grande que se tornou fácil por estar no meio de pessoas com o mesmo propósito e preocupados uns com os outros. Corri sempre lado a lado com meu amigo Márcio, que foi fundamental em todos os trajetos. Recebi e aceitei o convite, pois tenho o treinador de corrida do Clube Bom Pastor e, além disso, faço uma preparação física com os professores Josiane e Fred”, conta Jadir. “Ser deficiente auditivo e ter 60 anos não foi empecilho para correr bem e cumprir o desafio com felicidade. Tudo é fruto de uma boa preparação e amor ao que se faz”, receita o paratleta.

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Jadir posa em frente à Basílica após completar o desafio (Foto: Arquivo pessoal)

Para Márcio, portanto, foram dois motivos de emoção. “Até fico sensibilizado com essa situação, porque correr é maravilhoso, gosto muito de fazer isso, de coisas que poucos fazem. Você só consegue ver a visão do alto da montanha se for até lá. E eu treino muito com o Jadir e sei como é lidar com essa deficiência. Então estive com ele buscando os lugares mais seguros, onde ele via a claridade dos faróis, apesar de não ouvir. Fui um guia e foi muito bacana”, conta Márcio, que também realizou um de seus sonhos como esportista devoto de Nossa Senhora Aparecida.

“Tem 35 anos consecutivos que vou lá (na Basílica). Toda vez, desde que comecei a praticar esportes, há dez, 12 anos, imaginava como era chegar correndo. E agora consegui encontrar pessoas com esse objetivo e deu tudo certo. A viagem foi bacana? Com certeza. Mas a chegada não tem como explicar. Muitos chegaram chorando, gritando, alguns até deitaram no chão”, conta.

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O corredor também comemorou o tempo de desafio e a ausência de lesões durante todo o trajeto. “Isso acumula muito cansaço físico, e o mental é muito forte, parece que destrói a pessoa. Tínhamos feito testes de 100km e já sabíamos que seria muito difícil. Chegamos em Aparecida muito cansados, mas em estado de êxtase porque não tínhamos vivenciado isso, ninguém do grupo. E nesse estilo de revezamento eu nunca tinha visto alguém fazer, é uma responsabilidade além do desafio pessoal. Estávamos acostumados com corridas de trilha. Mas vencemos, graças a Deus e à Nossa Senhora.”

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