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Tribuna lança “Guenta Coração” com José Arbex, testemunha ocular do Maracanazo

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O fantasma da Copa do Mundo de 1950 assombrou milhares de brasileiros ao longo da história e foi um momento difícil de esquecer até os dias atuais para quem viveu aquilo tudo. A fatídica derrota é um marco no futebol brasileiro, que mesmo após os cinco títulos, não esqueceu do dia em que Ghiggia calou o Maracanã. É o caso do aposentado José Arbex, de 90 anos, que foi um dos 200 mil torcedores naquela tarde, como descreveu com maestria o escritor uruguaio Eduardo Galeano em seu conto “A Copa de 50”, no livro “Futebol ao Sol e à Sombra” (veja trecho abaixo).

No auge da sua juventude, aos 22 anos, Arbex partiu de Juiz de Fora com um grupo de amigos com destino à capital federal, que na época era o Rio de Janeiro, local da Final da Copa do Mundo. Empolgado com o momento, ele chegou ao Maracanã por volta de 9hs da manhã, seis horas antes da partida. ”Nunca vou esquecer aquela festa incrível que aconteceu antes do jogo. O Brasil inteiro tinha certeza que a Seleção ganharia aquela a Copa. Era como se todo mundo tivesse a certeza que o Brasil seria campeão”, conta Arbex.

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”O clima mudou totalmente após a virada do Uruguai. Parecia que era um funeral de uma pessoa próxima, era um silêncio quase que completo no Maracanã”, relembra José Arbex, que tinha 22 anos e assistiu a partida (Foto: Olavo Prazeres)

A Seleção precisava apenas de um empate para ficar com a Taça Jules Rimet. O gol de Friaça nos primeiros minutos da segunda etapa aumentou ainda mais a confiança de todos os presentes no estádio. Os uruguaios não desistiram, e empataram com Schiaffino. Mas o gol que mudou a história daquele torneio e causou um impacto na história do futebol foi de Ghiggia. ”O clima mudou totalmente após a virada do Uruguai. Parecia que era um funeral de uma pessoa próxima, era um silêncio quase que completo no Maracanã. Na saída do Maracanã foi tão triste que as pessoas estavam desorientadas. Eu não acreditava naquilo que tinha acontecido. As pessoas só choravam”, diz.

Mesmo com o surgimento de Pelé e os títulos das Copas do Mundo de 1958 e 1962, o trauma de 1950 não foi totalmente curado para José Arbex, que nunca mais assistiu a um jogo da Seleção Brasileira no Estádio. ”Não me recuperei daquela tristeza de 1950 e até hoje eu lamento aquele gol do Ghiggia que marcou minha vida”.

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“Apenas três pessoas silenciaram 200 mil pessoas no Maracanã com um simples gesto: Frank Sinatra, o Papa João Paulo II e eu”, disse Ghiggia, autor do gol que deu a vitória ao Uruguai na Copa de 1950 (Foto: Fifa.com)

Após a derrota, muitos atletas da seleção ficaram estigmatizados ao longo de suas vidas, e a culpa pelo Maracanazo sobrecarregou o elenco, que antes viveu uma lua de mel com o torcedor. Arbex também esteve presente na acachapante vitória por 7×1 do Brasil contra a Espanha naquela Copa. ”A relação do brasileiro com a Seleção Brasileira era fantástica. O time tinha jogadores brilhantes e por isso a decepção da torcida foi grande. Era uma grande expectativa, por tudo que o Brasil estava jogando antes daquela final, era uma seleção invencível até então”.

“Quando o brasileiro Friaça converteu o primeiro gol, um estrondo de duzentos mil gritos e muitos foguetes sacudiu o monumental estádio. Mas depois Schiaffino cravou o gol do empate e um tiro cruzado de Ghiggia deu o campeonato ao Uruguai, que acabou ganhando por 2 a 1. Quando houve o gol de Ghiggia, explodiu o silêncio no Maracanã, o mais estrepitoso silêncio da história do futebol, e Ary Barroso, o músico autor de Aquarela do Brasil, que estava transmitindo a partida para todo o país, decidiu abandonar para sempre o ofício de locutor de futebol.”

Eduardo Galeano, escritor uruguaio

Arbex, que depois da derrota de 1950, nunca mais assistiu uma partida de Copa do Mundo no Maracanã, acredita na atual Seleção Brasileira. ”Eu tenho muita esperança nessa Copa do Mundo. Nossos jogadores estão entrosados com a comissão técnica.”

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