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A iminência da derrota alvinegra

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(Foto: Ricardo Duarte/Internacional/Divulgação)

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Qualquer alvinegro razoavelmente alvinegro atestou a sentença pela derrota para o Internacional no último sábado (12) quando Pedro Raul inaugurara o marcador no Gigante da Beira-Rio. Não em razão do jejum de Pedro Raul, há 11 jogos sem marcar – um centroavante cujo nome é composto está sentenciado a poucos gols. Tampouco por conta da assistência de Zé Welison, que roubara a bola de Patrick como se fosse um insulto o passe displicente dado por Bruno Nazário anteriormente. Sair à frente do adversário é como um estado transitório entre o pessimismo e a resignação a qualquer um que se diga Botafogo de Futebol e Regatas.

Pessimismo porque, quando a testada de Pedro Raul morreu no contrapé de Marcelo Lomba aos 28 minutos, os alvinegros foram confrontados pela possibilidade de uma vitória, ou seja, pela certeza de que a expectativa, quando se é Botafogo, é, na verdade, angústia. Bastaram sete minutos para que o Botafogo devolvesse ao torcedor o resignado conforto de uma derrota predestinada. Como não poderia ser diferente, o gol de Patrick, aliás, nasce dos pés de Moisés, um miserável egresso das fileiras alvinegras – a surpresa seria menor apenas caso fosse Thiago Galhardo.

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Alguns reconhecem os alvinegros justamente pela fé supersticiosa, mas a essência do botafoguense é o masoquismo diante da melancolia. Qualquer torcedor sofre, mas somente o botafoguense tem tara por sofrer. E, obviamente, a tensão dos milhões de alvinegros paira sobre os jogadores independentemente onde estejam. A crônica esportiva passará dias em busca de explicação técnica ou tática para o que Kevin e Kanu protagonizaram em Porto Alegre, mas tão somente os alvinegros têm a resposta.

A virada colorada poderia ter saído quatro minutos antes, quando Yuri Alberto cabeceou à direita de Diego Cavalieri. Na verdade, sairia caso fosse qualquer outro time em campo que não o Botafogo. Mas não haveria de ser tão simples. Os segundos do recuo indolente de Kevin foram na verdade os minutos suficientes para que o receio de ter saído à frente do placar simplesmente fosse materializado em martírio. Todos os botafoguenses sabiam o que aconteceria quando Yuri Alberto lançou-se em direção à bola enquanto olhava para o árbitro.

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Porém, a comichão despertou no momento em que Cavalieri, ao perceber a indiferença do juiz, se jogou tardiamente à frente do adversário colorado. Em um primeiro momento, o lance pode até soar inacreditável, é verdade. Porém, logo ganha ares resignados de possível. E, ao fim, instala-se a sensação de que não haveria outra maneira de ter sido. O gol de Pedro Raul, tão cedo, apenas denunciava a iminência da derrota, afinal, na liturgia alvinegra, sofrer a virada é líquido e certo. Se ao menos ele tivesse errado a testada, os alvinegros teriam sido poupados de qualquer esperança.

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