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Garoto de 11 anos, revelado em projeto social, vai para o Corinthians

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Gabriel “Negueba” Gomes e aquele olhar de quem vai tratar muito bem a bola (Fotos: Leonardo Costa)

Em 2015, Gabriel Gomez, então com 8 anos de idade e apelidado de Negueba, surgia em um campo de terra do projeto social do Bairro Vale Verde com a ONG Mutirão da Meninada. À Tribuna, ele assegurava que seria visto jogando futebol na televisão. Três anos depois, o mesmo menino talentoso e de personalidade forte, dá um grande passo de olho no sonho de se tornar jogador. Negueba se apresentou nessa terça-feira (14) no Parque São Jorge, onde defenderá o Corinthians inicialmente na categoria sub-11. E a força do discurso segue a mesma diante da maior chance de sua promissora carreira.

“Eu já cresci demais, fiquei mais maduro! Tinha 8 anos quando fiz a entrevista e já jogava muito, mas cresci bastante e continuei jogando bola. De lá para cá mais portas se abriram, e isso vai continuar acontecendo. É o meu futuro. Quero sempre jogar futebol e tenho que estudar também, em primeiro lugar, porque se eu não estudar sei que não vou longe. Estou tendo essa oportunidade muito grande e não posso desistir dela, porque é meu futuro”, avalia o jovem meia.

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A oportunidade veio da evolução observada pelo técnico de futebol e gestor de escolas da cidade, como o JF Soccer, Fluminense e Escola do Furacão, Sérgio Almeida, que acompanha Gabriel desde as aulas no Vila Verde. “Trabalho com ele há alguns anos, em um projeto em que eu levava materiais como coletes e bolas de outros núcleos para as aulas. Já na época o Negueba chamava a atenção. Só treinava com os mais velhos, muito determinado. Sempre conversamos para ele focar primeiro na escola e na alimentação. Não gostava muito de estudar e tinha dia que o almoço dele era iogurte, mas hoje melhorou um pouco”, relembra o professor.

Pretendo levar minha mãe quando tiver dinheiro, mas enquanto não consigo, tenho que ir sem ela. Tenho que ser forte. Minha mãe fala que vai sentir saudade, pergunta se vou deixar ela mesmo, mas eu digo que não vou, porque sempre vou ligar para ela pra gente conversar

Gabriel Gomez, 11 anos

Parcerias
Com o destaque, Sergio levou o jovem para núcleos de escolas em que trabalha na cidade. “Ele começou a evoluir com o nosso trabalho. Temos um grupo de aproximadamente 25 professores, todos formados ou que cursam educação física, em aproximadamente 15 escolas de futebol na cidade. E estamos abrindo mais uma no Colégio CAES, na Zona Norte. E dentro deste trabalho, temos uma parceria com uma empresa chamada Brasil Scouting. O Gustavo Novaes, empresário de Tombos, e o Gamarra, de São Paulo, nos auxiliam, e começaram a surgir oportunidades em clubes grandes até fora do país com atletas de até 22 anos. Eles oportunizaram ao Negueba e ao Bidu, garoto de Além Paraíba (MG), as idas ao Corinthians após avaliações, com transferência escolar, passaporte e serão federados. Praticamente são atletas do Corinthians”, explica.

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O talento de Negueba despertou tanto o interesse corintiano que, mesmo com uma adversidade no processo de avaliação do menino, um observador do clube veio até a cidade acompanhá-lo. “Gabriel teve uma alteração no ecocardiograma e resolvemos não mandá-lo sem antes realizar um outro exame. Como ele não foi para São Paulo na data combinada, o observador do clube, Pingo, passou uma semana com a gente em Juiz de Fora e viu o Gabriel se destacar em uma categoria acima da dele. Isso fez com que ele pedisse os dados para transferir o garoto para o Corinthians”, conta Sergio, esclarecendo que novos exames foram realizaram e não constataram qualquer anomalia, confirmando a aptidão de Negueba para o esporte.

De Negueba do Vila Verde ao Mbappé do Corinthians

O apelido veio pela semelhança física com o ex-atacante de Flamengo, São Paulo e outros clubes brasileiros. O sonho, contudo, é ser como um francês em alta no futebol mundial. “Eu gosto do Negueba, mas meu ídolo mesmo é o Mbappé. Gosto do jeito dele de ter surgido e já ganhado tudo, além de que pareço com ele jogando. Tem que ser rápido e habilidoso. Não posso segurar muito a bola e nem ser brigão”, define o garoto.

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Gabriel Gomez terá escola, moradia e alimentação financiados pelo clube paulista. Contudo, ele buscará driblar um outro desafio na adaptação: a ausência inicial da mãe, Eliane. “Ela hoje tem emprego em Juiz de Fora, e o futebol é imprevisível, mesmo se o garoto for muito bom”, pondera Sérgio. “Conheço atletas que saíram daqui com a família, e quando ele chegou no sub-17 foi dispensado. Tiveram que recomeçar do zero. E ela não conseguiu folga, então eu vou estar com o Gabriel a princípio. Ele vai sofrer uma adaptação, mas terá companhia de alguma pessoa sempre no apartamento onde ficará com outros jovens também, seja para os treinos ou alimentação. E o Gamarra, empresário nosso parceiro, fica à disposição lá para cuidar dos garotos caso precisem ir ao posto de saúde, shopping, o que for. E o Gabriel terá passagens de ida e volta para casa sempre que preciso, assim como a mãe dele está convidada a conhecer o espaço em que ele vai ficar.”

O professor Sérgio Almeida e seu pupilo Gabriel “Negueba” Gomez, na escolinha do Atlético-PR em Juiz de Fora

O jovem, de origem humilde, revelou as conversas com a mãe, de quem certamente sentirá saudades, mas que pretende trazer para perto de si o quanto antes. “Pretendo levar minha mãe quando tiver dinheiro, mas enquanto não consigo, tenho que ir sem ela. Tenho que ser forte. Minha mãe fala que vai sentir saudade, pergunta se vou deixar ela mesmo, mas eu digo que não vou, porque sempre vou ligar para ela pra gente conversar”, reitera. Certo é que nada tira a vontade do agora Negueba corintiano de aparecer na TV distribuindo dribles e marcando gols. “É o meu sonho. Estou doido pra começar os estudos e a jogar logo!”

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