Se você quer caprichar na pronúncia, confira vídeo no site da Tribuna em que ele pronuncia as palavras. O vídeo também mostra que a tarefa não é muito fácil. No Parque Halfeld, pedimos para alguns torcedores repetirem as expressões, e a tarefa é bem mais difícil do que parece.
Arroz e feijão
Nascido na Rússia, Andrey, 35 anos, é também pesquisador. Ele conta que chegou a Juiz de Fora em 2012 para fazer o programa de Pós-Doutorado na UFJF. Do ramo da pesquisa acadêmica, o professor se especializou na área de educação e, após um tempo estudando na Bélgica, veio para o Brasil. Antes de sua chegada, algumas horas de aulas particulares de português foram o suficiente para que aprendesse o básico de nossa língua e se instalar de vez no país. Para ele, no início não foi fácil se adaptar ao nosso idioma. “Foi muito difícil, mas agora existem cursos de português que me ajudam a adaptar”, comenta. Agora, como professor de brasileiros, ele ficou mais íntimo do nosso idioma. Questionado se alguma palavra ou expressão lhe chama atenção em nossa língua, ele brinca com a expressão “cala a boca”, que na Rússia dá nome a um personagem para crianças.
Natural de Tomsk, cidade russa na Sibéria, Andrey evita fazer comparações entre os dois países. “Podemos comparar, mas não tem sentido. Os costumes russos a gente não pode implementar no Brasil. Por exemplo, comida, ninguém aqui vai comer sopa com beterraba. E aqui tem arroz e feijão e eu gosto muito.” Mas em casa, ele garante que a família mantém a tradição do país, e o café da manhã é tipicamente russo, e não pode faltar um bom mingau de aveia. Andrey e sua família não são os únicos em Juiz de Fora. Segundo o professor, há pelo menos mais nove russos (sem contar as crianças e esposas), na cidade e eles costumam se encontrar em um churrasco que realizam, frequentemente, na casa de algum deles. Eles também se encontram para celebrar datas especiais (feriados na Rússia) como o Natal, que lá se comemora no dia 7 de janeiro e segue o calendário ortodoxo.
Futebol
Ele diz que gostava de jogar futebol, mas nunca foi fã de assistir as partidas. Eu acho que fui ao estádio só uma vez e foi em Tomsk, na Rússia”, comentou o professor. Isso aconteceu aos 14 anos, quando ele foi ver um jogo da liga local com os amigos. Na última Copa, já morando no Brasil, ele disse ter assistido a dois jogos do nosso país e um deles foi o fatídico 7×1 para a Alemanha. A família assistiu o duelo em casa na TV via internet, o que atrasava o sinal de transmissão e também a comemoração, relembra.
Aqui no Brasil, Andrey pôde conhecer mais sobre futebol quando visitou o Museu do Futebol, no Pacaembu, em São Paulo. Um lugar que achou bem interessante e fez com que nomes como Pelé e Garrincha se tornassem mais próximos a ele, ainda que Pelé já fizesse sucesso pela Rússia na época em que o professor morava por lá. “Pelé todo mundo sabe quem é. Tem até propaganda de café com ele na Rússia.”
Apesar de não ser tão envolvido com o Mundial, de não ter o costume de parar e assistir a um jogo, ele admite torcer pelo seu país. Caso ganhe, ele vai comemorar. Agora, uma dúvida cruel. Brasil e Rússia podem se encontrar na semifinal da Copa. Em que lado ficar? O professor responde sem titubear. “Eu sou russo e vou torcer pela Rússia.”