Se Wesley Moraes passou a despertar a atenção de juiz-foranos e demais brasileiros nos últimos meses, por não ter atuado em um grande clube do país até se destacar na Europa e ser convocado, no último sábado (9), para a Seleção Brasileira, poucas pessoas conhecem o centroavante do Aston Villa, da Inglaterra, tão profundamente quanto Helton Mota. Técnico de futsal, 42 anos, ele foi o primeiro profissional a treinar o jovem Wesley com uma bola no pé, ainda aos 8 anos.
“Conheci o Wesley em 2004, quando trabalhava na Escolinha do Botafoguinho, no Bairro Santa Luzia. Ele apareceu na quadra com sua mãe querendo jogar e já chamou atenção tanto pela parte técnica quanto pela física. A partir dali acolhemos ele e o apoiamos em tudo que podíamos”, relembra Helton.
Desde as primeiras movimentações, o jovem promissor já foi deslocado para o setor de ataque, ainda nas quadras. “Por conta do seu porte físico privilegiado, na maioria das vezes o colocava para jogar de pivô, pois tinha facilidade de usar o corpo para finalizar. Apesar de sempre ser muito tímido, era muito competitivo e se destacava na escolinha, nos treinos e nos campeonatos de futsal da cidade, sendo artilheiro diversas vezes”, continua Helton, que também foi jogador, profissionalizado em 1998, após atuar nas categorias de base do Tupi, além de defender o Clube Bom Pastor e a Seleção de Juiz de Fora, ambos no futsal.
Helton destaca o acolhimento também em virtude de uma perda irreparável na vida de Wesley. Além disso, desde os primeiros treinos, o treinador não deixou de trocar mensagens e conversar com o atleta, independente da distância. “Wesley perdeu o pai com 9 anos, e sua mãe, Graça, sempre o apoiou, presente nos treinos e nos jogos. Mantenho contato com ele constantemente e, quando está de férias, sempre faz questão de ir até a quadra onde começou. Trabalho nela até hoje, mas agora como F8 Futsal. Wesley é sempre solícito com os garotos da escolinha, que pedem para tirar foto com ele e são atendidos. É uma simplicidade fora do normal.”
Característica única na Seleção
Convocado pela primeira vez, Wesley, também ex-Sport Club e Uberabinha, buscará espaço no escrete canário com atletas do mais elevado patamar do futebol mundial, casos de Roberto Firmino e Gabriel Jesus, que também atuam no futebol inglês. Como trunfo do juiz-forano, entretanto, Helton aposta em uma característica não encontrada nos companheiros de posição do Brasil. “Além de ele ter uma presença de área, é um jogador que se destaca muito por suas assistências. Hoje, na Seleção, pode ser um jogador muito útil, pois os atletas que o Tite vem convocando não têm essa característica mais de área, daquele cara para colocar a bola para dentro”, analisa.
Com quatro tentos e um passe para gol em 11 partidas pelo Aston Villa, na Premier League, Wesley ainda tem muito espaço para evolução, segundo seu primeiro treinador. “Sendo o primeiro ano no Campeonato Inglês, tem o lado da adaptação. E ele já vem fazendo gols e jogando em um time em que a bola não chega toda hora. A tendência é que ele desperte o interesse de times maiores e a carreira deslanche. Frisando que ele tem apenas 22 anos.”
Argentina com Messi
Wesley pode ter sua primeira oportunidade em campo justamente diante do maior rival brasileiro nas quatro linhas. Às 14h (de Brasília) desta sexta, o Brasil encara a Argentina de Lionel Messi no Estádio Universitário Rei Saud, em Riade, na Arábia Saudita. Tite tem feito mistério, mas a tendência é que Wesley inicie o duelo como suplente. O lateral-direito Danilo, de Bicas (MG), pode ser novidade entre os titulares. Um provável 11 canário tem Alisson; Danilo, Thiago Silva, Marquinhos e Alex Sandro; Casemiro, Arthur e Coutinho; Gabriel Jesus, Willian (Richarlison) e Roberto Firmino.