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Educação e artes marciais: pais e filhos dividem tatame e melhoram relação

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O segundo domingo de agosto é só um simbolismo da importância dos pais. No dia a dia, durante anos, o amor incondicional traz a busca por serem pilares ou referências aos filhos e, nesta educação, o esporte pode ter papel fundamental. É o caso de Linus Pauling, professor de jiu-jítsu e de judô, mas também do seu filho, Eric Pereira, de 7 anos. O pai começou a lutar em 2006, em busca de largar o sedentarismo logo após parar de fumar. E desde o início no esporte, ele começou a imaginar o seu filho, ainda um sonho planejado em sua vida, também nos tatames. No dia em que nasceu, Eric deixou a maternidade com um kimono, e ainda bebê, acompanhava Linus nas fotos no pódio, mesmo que ainda não lutasse. “Sempre imaginei o Eric praticando o esporte. Lembro de dar mamadeira entre um treino e outro que eu realizava quando ele ainda não podia participar”, se recorda o atleta.

Linus e Eric (Foto: Arquivo pessoal)

De acordo com Linus, o encanto pelo esporte veio por assistir às lutas na televisão. Mas ele não imaginaria que a paixão mudaria completemante sua vida. “Comecei e logo percebi as mudanças positivas que a modalidade estava me proporcionando. Com isso, comecei a fazer várias outras lutas e cursar a faculdade de educação física, um novo rumo para mim. Pude entender como a prática e a vivência do esporte eram importantes”, conta o professor à Tribuna.

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O que ele também não previa era que, mesmo influenciado pelo amor do pai, seu filho iria se apaixonar de forma tão intensa pelo jiu-jítsu. “Vejo que ele treina não só para me agradar, e isso é muito importante. Precisa fazer porque gosta. Já cheguei no quarto às vezes sem ele perceber e vi ele brincando de dar aula de jiu-jítsu e judô. O Eric tem um grande número de vitórias, mesmo isso não sendo o mais importante. A experiência de não ter vencido a luta e procurar entender o que precisa melhorar é válido também”, enxerga Linus.

Mesmo que entenda a necessidade de Eric dar seus próprios passos no esporte, Linus busca dar todo o suporte, da mesma forma que fez quando seu filho dava os primeiros passos na vida. “Treino com ele, e é diferente. As emoções se misturam entre professor e pai. Nos campeonatos temos que tomar cuidado para não exigir demais ou de menos e até transferir para eles os sonhos e as frustrações. É importante deixar ele seguir e construir sua própria história, sua caminhada no esporte e estar lá para orientar e apoiar”, entende o pai.

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O esporte esteve com Eric antes dos primeiros passos às primeiras medalhas (Foto: Arquivo pessoal)

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Paternidade e esporte: junção ‘transformadora’

Ainda conforme Linus, debaixo de seu telhado, o ditado “casa de ferreiro, espeto de pau” não entra. Pai e filho não só acompanham lutas dos atletas famosos em casa, mas também treinam no próprio lar. “A paternidade me torna um ser humano melhor e o esporte me faz muito bem e me ajuda a sempre estar cada vez querendo melhorar, me conhecer e superar os obstáculos. Os dois juntos me transformam todo dia”, declara Linus.

Além do benefício no âmbito esportivo, o jiu-jítsu traz vantagens também na educação de Eric, segundo Linus, que também é professor de História. “Por ser uma arte marcial, trabalha com a disciplina, em saber lidar com seus medos. Mexe com a autoestima e autoconfiança. É necessário procurar soluções, desenvolve a inteligência interpessoal e intrapessoal. Também combate o sedentarismo e estimula um estilo de vida ativo protegendo de um monte de doenças. O esporte traz vários benefícios tanto na habilidade motora quanto cognitiva social”, analisa o pai-professor.

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Filho traz o pai para o esporte

Wilson e Carlos (Foto: Arquivo pessoal)

Ao contrário da relação de Linus e Eric com o esporte, em que o pai apresentou a arte marcial para o filho, está o caso de Carlos Eduardo Cyrillo, de 24 anos, e Wilson Cyrillo, 64. Segundo o filho, mesmo que seu pai sempre lhe acompanhasse nos treinos, a paixão pelo esporte do “coroa” surgiu há pouco tempo. “Nos últimos três anos ele acabou se interessando. Consegui convencê-lo a começar a treinar no ano passado. Desde então, praticamos jiu-jítsu juntos”, conta Carlos Eduardo. Por ficarem mais tempo juntos, os familiares conversam e se ouvem mais, como diz o filho. “É gratificante ver o crescimento comum que temos. Vejo que estou agregando na minha saúde e na dele e melhorando nossa relação”, acredita.

O pai, Wilson, também exerga uma melhora na relação com o filho desde 2021, quando decidiu começar no jiu-jítsu. “Desde os 10 anos, o Eduardo se identificou com as artes marciais. Começando com o taekwondo, e posteriormente foi para o jiu-jítsu. Eu e minha esposa fazemos atividades físicas em academias há muitos anos. Mas a luta deu um novo nível ao nosso relacionamento. Gerou uma maior proximidade, confiança e cumplicidade. Ele me cobra desempenho, empenho e frequência. Virou meu coach”, brinca o pai.

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“Nossas conversas são muitos interessantes, pois trocamos várias experiências. Dou alguns conselhos e me atualizo em relação ao conflito de gerações. Sempre tento passar os meus conhecimentos e vivências. É uma troca muito boa. Mas na arte marcial em si, eu é que sou o aluno. Ele aprende comigo na vida, e eu com ele no esporte”, conta Wilson.

Pai e filho durante treinamento (Foto: Arquivo pessoal)
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