Dois mandados de busca e apreensão foram cumpridos, na manhã desta segunda-feira (13), pela Polícia Civil, na esteira das investigações de irregularidades no futebol de base do Tupi. No início da manhã, o alvo foi a residência do presidente carijó, José Luiz Mauler Júnior, o Juninho. Posteriormente, o foco foi a sede social do clube alvinegro, localizado no Centro. A ação foi nomeada pela PC como “Operação Tupi: Jogando Limpo”. Policiais coletaram documentos que serão analisados posteriormente e devem auxiliar no prosseguimento das investigações sobre possível prática de estelionato nas peneiras do clube, podendo gerar novos mandados de busca e pedidos de prisão.
Na residência do presidente do Tupi, além da coleta de documentos, foram encontradas três armas de fogo irregulares. Por conta disso, Juninho, que não estava em casa no momento da chegada dos policiais, foi encaminhado para a delegacia da Polícia Civil para prestar esclarecimentos. As armas também foram apreendidas pela Polícia Civil, que vai avaliar se os armamentos funcionam, além do celular de Juninho.
“Primeiramente, nós fomos à casa do presidente. Lá, nós encontramos vasta documentação que será analisada posteriormente, e encontramos também armas de fogo. Nós vamos analisar a eficácia dessas armas, e ele (Juninho) está sendo conduzido até a delegacia”, afirmou a delegada que conduz o caso, Ione Barbosa, no momento em que a Tribuna esteve no local.
Na sede do Tupi, a ação da polícia durou até por volta das 9h30. Além de documentos, a reportagem da Tribuna flagrou a retirada de um computador de dentro da sede. Segundo a Polícia Civil, foram dois computadores apreendidos. O presidente do clube acompanhou toda a ação e teve o celular apreendido. O presidente do conselho deliberativo carijó, Jarbas Raphael da Cruz, também estava na sede durante a operação.
Questionada sobre a possibilidade de uma prisão de algum dos investigados, a delegada Ione Barbosa deixou em aberto. “O presidente está sendo conduzido à delegacia por conta das armas de fogo encontradas. (…) A partir desses documentos (que foram coletados durante a operação), nós vamos analisar e, a depender, podemos até mesmo pedir a prisão preventiva”, explicou a delegada.
Denúncias de irregularidades
A ação desta segunda ocorre na esteira das investigações da Polícia Civil sobre supostas irregularidades no comando do time, iniciadas em junho. Naquele mês, surgiram denúncias de irregularidades na gestão do futebol de base do clube alvinegro. À Tribuna, foram denunciadas cobranças de R$ 300 a R$ 4.500 para avaliação nas clínicas de futebol do Tupi e até mesmo promessas de profissionalização. As categorias inferiores do Galo tinham a gestão realizada pelo Grupo MultSport, sob a responsabilidade do também vice-presidente financeiro do Tupi, Tiago Ferreira Conte.
Após o início das investigações da Polícia Civil, o vice-presidente financeiro foi afastado do clube. O dirigente Tiago Conte, o supervisor Luigi Firmiano e o presidente Juninho foram intimados no inquérito, além de outras quatro pessoas. Inicialmente, houve um acordo para que os dirigentes devolvessem o valor investido pelos denunciantes. Entretanto, segundo a Polícia Civil, o acordo não foi cumprido pelos investigados.
Ainda em meio às investigações da Polícia Civil, a presidência do Tupi iniciou um processo de negociação com os sócios e o conselho deliberativo do clube para efetuar a permuta da sede social e equacionar os passivos do clube, que já somam mais de R$ 10 milhões. O conselho também aprovou um empréstimo de R$ 200 mil do presidente Juninho ao clube, para pagamento de rescisões contratuais e salários de atletas.