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Tupi estreia no Mineiro sub-20 contra o América

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“Acredita que as dificuldades que a gente passa servem como motivacional, e cada atleta com a sua realidade, dificuldade, de onde veio”, diz o técnico Wesley Assis (Foto: Bruno Kaehler)

Movidos por paixão e sonhos, cerca de 30 jovens concentram esperança no gramado do Salles Oliveira. Com otimismo de um futuro melhor para si e suas famílias, dedicação máxima a cada treino. Motivados por novas oportunidades trazidas pelo futebol, os jovens do Tupi sub-20 estreiam no Mineiro da categoria neste domingo (14), às 10h, contra o América no campo carijó em Santa Terezinha, duelo que o torcedor poderá acompanhar ao levar dois pacotes de biscoito para doação do clube à instituições da cidade.

Estes são os sentimentos, por exemplo, do goleiro Davyd Sena, 19 anos, e do volante Wesley da Silva, 18. As diferentes origens e histórias se unem, nas quatro linhas, com objetivo de chamar a atenção do time profissional do Galo ou até mesmo do Coelho e de outras equipes do país.

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“Todos os jogadores passam por dificuldades, não vou mentir. São elas que fazem você desanimar ou subir. Mas se você se superar no futebol pode tirar sua família da vida ruim, te ajudar financeiramente. O futebol me tirou da rua, onde antigamente eu ficava muito. Me fez viajar para jogar em outros times, sempre me ajudou. Já fiz testes no Cruzeiro, América, fiquei no Volta Redonda e no São Caetano, mas tive que pedir pra ir embora desse último porque tive uma filha e voltei pra casa. Ela chama Maria Cecília, está com oito meses. Está com toda a família morando no Bela Aurora. É uma inspiração, claro, e tenho que trabalhar todos os dias forte pela minha filha”, conta Wesley, chamado pelos companheiros de Neguim.

Há também dificuldades mais frequentes nas curtas carreiras: a distância dos familiares. “O futebol não é só isso que as pessoas veem na TV. Tem muitas coisas por trás, nos bastidores. E nós passamos por muitas coisas para chegar no dia do jogo e tudo sair perfeito e, se Deus abençoar, a vitória vir. Mas o dia a dia é muito trabalhoso e com dificuldades que só nos fazem crescer como seres humanos. Tenho muitas histórias no futebol, passei por muitas coisas que me fizeram evoluir. Com a família é ligação o tempo todo pra ir matando a saudade. Acostumamos porque acabamos ficando muito tempo longe, mas a saudade nunca acaba, porque família é família”, conta Davyd, de São João del-Rey.

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Chance inédita

Fã de Alisson, goleiro do Liverpool e da Seleção Brasileira, Davyd já treina com os profissionais desde a pré-temporada para o Campeonato Mineiro, chance inédita em sua trajetória. “Sou goleiro desde os 7 anos de idade. Desde pequeno meus pais me levavam em campos de futebol e eu ia para o gol. Era algo que me chamava muito a atenção, uma paixão que a gente fala que vem do coração mesmo. Fui desenvolvendo o trabalho, em São João, e passei pelos clubes de lá, como o Social e o Figueirense. Tive um bom desempenho nos campeonatos, sempre na região mesmo e cheguei aonde estou”, recorda.

Alojado pelo Galo, agora em Santa Terezinha, após a estrutura na sede social, no Centro, ter sido interditada pelo Corpo de Bombeiros, ele conta que não houve nenhuma dificuldade em vir para Juiz de Fora. Com o Ensino Médio completo, ele vê no crescimento como goleiro uma forma de evoluir também fora de campo. “O futebol me desperta uma paixão que jamais quero largar. Não me vejo em outra área, é o que escolhi pra mim. O elenco, o campo, os trabalhos só reforçam isso na minha cabeça, que é o que eu quero para a vida. Mais para a frente, quando estiver estável na carreira, pretendo fazer uma faculdade na área, como Educação Física, para ter um diploma”, projeta.

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O foco é total no presente. A estreia com o pé direito, uma obsessão. “Espero um bom desempenho do nosso time, que é muito bom e está entrosado. O trabalho que o Wesley (Assis, técnico) tem feito é excelente, e em casa precisamos mandar nos jogos. Todos sabem que o clube que não ganha dentro de casa não vai chegar longe. Precisamos começar com esse primeiro passo diante de uma grande equipe”, analisa o arqueiro.

No pai, uma motivação

“Desde quando eu era pequeno meu pai pegava a bola e me levava para a rua para brincar, e aos campos de futebol”, lembra Wesley. Há dois anos no Tupi, o volante do Bairro Bela Aurora é cria juiz-forana, com passagens ainda pelo Sport Club, Tupynambás, Bonsucesso e UFJF, além de equipes de fora como Voltaço e São Caetano.

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O pai de Maria Cecília é, ainda, prova da capacidade de formação local e dos treinadores. “Na primeira vez que fui jogar no campo, meu treinador de futsal, o Gérson, então no Sport, me chamou e resolveu me botar de volante porque eu sempre marquei muito em quadra. Aí comecei na posição”, lembra, com gratidão.

A partir disso, o esporte seguiu o moldando. “O futebol me trouxe muitos aprendizados na vida. Me mostrou que a gente não pode desistir, tem que ter a mente boa, porque a vida no futebol não é fácil. Você fica longe de amigos, familiares, aí complica um pouco. Você precisa dessa mente boa para desenvolver seu futebol, o físico.”

A maior motivação mental, contudo, estará nas arquibancadas já do “difícil jogo”, como ele caracterizou, diante do América. “A minha família sempre esteve presente nas partidas em Juiz de Fora. Meu pai, José Luís, vai estar aqui, sempre me acompanhou no futebol, graças a Deus. Ele é uma motivação, olho para a arquibancada e lembro que é por eles e por mim que estou jogando futebol.”

Técnico mantém sigilo sobre a formação

Também juiz-forano é o técnico do Galo sub-20, Wesley Assis, 34 anos. Ex-Pérolas Negras, onde disputou, por exemplo, a Copa São Paulo, e com trabalho na Seleção Haitiana sub-17, ele está no Tupi desde junho de 2017. Foi vice-campeão da Copa Alterosa pelo Carijó. Com um elenco formado por atletas da cidade e de São João del-Rey, frutos de parceria com o Figueirense, Assis admitiu a busca por levantar os atletas no aspecto psicológico diante das especificidades de cada trajetória.

“Sou um cara que acredita que as dificuldades que a gente passa servem como motivacional, e cada atleta com a sua realidade, dificuldade, de onde veio. É sempre trazer isso para o lado positivo, ao nosso favor. Temos atletas de diferentes lugares, histórias e realidades, mas que no final estão todos imbuídos em um mesmo objetivo e pronto para fazer o melhor para o Tupi”, expõe.

Em campo, no entanto, o comandante descartou qualquer tipo de projeção de posicionamento das duas equipes. Mistério até o domingo. “Já estamos há duas semanas buscando informações, não vi apenas um jogo do América, então esperamos uma dificuldade e trabalhamos dentro dos pontos fortes e fracos. A nossa estratégia é um pouco mais interna. Traçamos ela e preferimos deixar para abrir mais no dia do jogo, mas ela está montada, trabalhamos cerca de duas semanas com relação a isso e tenho certeza de que vamos dar uma resposta positiva e transferir tudo o que trabalhamos para o jogo”, explica.

O Estadual

O Campeonato Mineiro sub-20 é disputado por 16 equipes. Inicialmente, a primeira fase da competição vai até o dia 18 de agosto, com enfrentamento dos times entre si em turno único. Ao final das 15 rodadas, os oito melhores avançam às quartas de final. O mata-mata é disputado em jogos de ida e volta, com o dono da melhor campanha atuando em casa na segunda partida, se assim preferir.

Além de Tupi e América, participam do Estadual os times sub-20 do Atlético, América-TO, Bétis FC, Boston City, Coimbra, Cruzeiro, Democrata-SL, Minas Boca, Pouso Alegre, Patrocinense, Serranense, Uberlândia, União Luziense e Villa Nova.

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