Site icon Tribuna de Minas

Conheça o ultimate frisbee, praticado por equipe juiz-forana

PUBLICIDADE
Ultimate frisbee envolve a coletividade durante todo o jogo (Foto: Felipe Couri)

Um esporte democrático sem árbitro e sem contato físico, que premia e prioriza o espírito de equipe, o fair play, bem como a igualdade de gênero e atitudes positivas. Estas são algumas das principais características do ultimate frisbee, ou apenas ultimate, modalidade coletiva que possui uma equipe praticante em Juiz de Fora. A Goat Masters Ultimate Frisbee, formada há pouco mais de um ano, não apenas treina semanalmente, como já disputou relevantes competições como o Estadual e o Brasileiro.

Neste esporte, praticado na cidade há pelo menos oito anos, a partir de projeto da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), as equipes possuem como principal objetivo o lançamento de um disco de plástico de 175 gramas entre os colegas de time até a zona de gol (nas duas extremidades do campo), mais conhecida como a end zone – nome popular, por exemplo, no futebol americano, que possui semelhanças nesta dinâmica. As movimentações se assemelham ao esporte da bola oval, com fintas e marcação similares às do basquete, como elucida o fundador do Goat Masters, Adriano Luiz Pereira, 26 anos.

PUBLICIDADE

“A ideia é você ir lançando o disco. Não pode correr com ele. Assim que pegá-lo, você para e terá até dez segundos para tocar para outra pessoa em qualquer direção. Para frente, para trás, sem qualquer restrição. Até chegar na end zone e marcar um ponto. A única forma de pontuação é chegar na end zone. Qualquer coisa que aconteça com o disco, ele será da defesa. Então o ataque tem que manter a posse do disco. Caiu no chão, passou dos dez segundos ou saiu da linha do campo, o disco passa para a defesa”, explica. As partidas são encerradas após uma equipe conquistar 15 pontos ou, dependendo da competição, o duelo durar uma hora ou uma hora e trinta minutos.

As disputas ocorrem em campos demarcados em forma de retângulo, também como no futebol e no futebol americano. As competições, contudo, são realizadas majoritariamente em dois tipos de terreno. “As modalidades mais conhecidas são disputadas na grama ou na praia, apesar de ele poder ser jogado em cimento ou qualquer outra superfície. Originalmente, o jogo é realizado entre equipes de sete atletas, apesar de poder ter algumas adaptações. Na praia, por exemplo, se joga cinco contra cinco”, esmiúça o fundador do Goat Masters.

PUBLICIDADE

Espírito de jogo sem contato e arbitragem

“O mais diferente do esporte, o mais interessante, além da integração entre homens, mulheres, pessoas de quaisquer capacidades físicas, é que o esporte não tem juiz. Existe um livro de regras, mas não tem ninguém arbitrando. Para participar de torneios oficiais, você precisa fazer uma prova no site da Federação Mundial e, só consegue jogar, se tiver esse certificado. Tem o certificado avançado, que os capitães precisam, e o standard, que todo time deve ter”, conta Adriano.

Esporte é praticado na cidade há pelo menos oito anos, a partir de projeto da UFJF (Foto: Felipe Couri)

Neste livro de regras, a primeira orientação destaca o espírito de jogo – o fair play – entre os jogadores. Além de não existir arbitragem, também não há o contato físico entre os adversários durante as partidas. Em vários torneios amadores, existem dois prêmios geralmente: um para o vencedor da competição e um para o vencedor do espírito de jogo. “O contato físico é considerado uma falta de espírito. Por isso é importante evitá-lo e saber das regras. É um esporte olímpico, apesar de não estar nas olimpíadas. Está nos Jogos Mundiais, na Olimpíada Master, está caminhando para se profissionalizar, mas mesmo assim não perde a sua essência, que é essa parte do espírito de jogo”, esclarece Adriano.

PUBLICIDADE

Democrático, ultimate visa a igualdade de gênero

Entre os integrantes da Goat Masters, está a estudante de Psicologia, Clarissa de Paula Andrade, 18 anos. Além de atleta, ela é a capitã de espírito do time – a atleta que mais conhece as regras. “No frisbee há uma cocapitania. Tem um capitão de jogo, a pessoa que trabalha com o time, pensa nas estratégias (Adriano no Goat Masters), e um capitão de espírito, porque como é um jogo sem árbitro, os times precisam saber bem as regras e se dar bem com as outras equipes. E o capitão de espírito é responsável por garantir que o grupo tenha bons modos, respeito e a positividade nos jogos”, conta Clarissa, há cerca de um ano na equipe juiz-forana.

Um dos fatores que atraíram Clarissa foi possibilidade de mulheres e homens jogarem juntos. “O frisbee é um jogo que normalmente é praticado em categoria mista, com a mesma quantidade de homens e mulheres praticamente. No espírito de jogo há regras que falam em não invadir o espaço do outro, sempre ter um respeito. É um esporte muito igualitário e isso permite que as mulheres joguem sem se sentir prejudicadas. E elas realmente fazem diferença no esporte, sendo muito importante que elas joguem. E fica um convite para que as mulheres venham para o nosso time, porque é um esporte muito respeitoso e divertido.”

PUBLICIDADE

Não há uma categoria propriamente masculina. São três: uma feminina, só com mulheres; uma mista, de homens e mulheres, com uma proporção de quatro mulheres e três homens, ou vice-versa; e existe uma categoria open, para qualquer pessoa, de todas as idades. Normalmente, nela, jogam só homens por já existirem as outras duas categorias. Mas não existe uma regra que impeça do open ter uma mulher.

As características democráticas do esporte também são ressaltadas por Adriano.

“Acredito que o ultimate é o esporte mais diverso que existe. Em um nível moderadamente competitivo, é possível você ter qualquer estatura, porte físico, tanto faz, porque o esporte não tem contato físico. Por isso que mulheres e homens jogam juntos independente do peso, altura. Nada disso irá interferir.”

Equipe competitiva e atrás de um campo

A história do ultimate frisbee em Juiz de Fora é diferente da trajetória do Goat Masters, como relembra Adriano. “O esporte começou há cerca de 11 anos, que é o tempo que eu jogo, em 2008, com um projeto da UFJF. Alguns alunos da Educação Física tinham que fazer uma disciplina chamada Esportes Complementares. E tinha o ultimate como um esporte que ninguém conhecia. Formou um time, alguns amigos me chamaram para jogar, convidei outros amigos, e começamos com uma equipe que chamava Juiz de Fora Ultimate. Durou até 2012, mais ou menos. Depois disso, entre 2013 e 2014, começamos com outra equipe, que chamava Capivaras Ultimate. Mas a equipe ficou apenas nos treinos, sem jogar nenhum torneio, até porque o esporte era muito pouco conhecido. E há cerca de um ano iniciamos o Goat Masters.

Os treinos, uma vez por semana, são realizados na Praça Cívica da UFJF, enquanto a equipe não possui um local de terreno mais adequado para as atividades. “Temos mais ou menos umas 15 pessoas na equipe e treinamos às terças, às 19h. Jogamos lá porque não temos um campo com grama ou areia ainda”, destaca Clarissa.

O time local, inclusive, não se limita a apenas treinar. “Já participamos de um Campeonato Mineiro, ficando em terceiro lugar, e nos juntamos com um time de BH, ficando em sétimo no Brasileiro, com uma equipe chamada Guará Goats. Agora estamos nos preparando para o Brasileiro de Praia, aí sim como Goat Masters. E conseguimos trazer o Campeonato Mineiro para Juiz de Fora, em dezembro, com times de Lavras, Uberlândia, BH e Juiz de Fora, sendo possível ainda que venha uma equipe de São Domingos da Prata e um time do Rio de Janeiro, como convidado”, antecipa.

Mas e o nome? Na tradução literal, por que Mestres da Cabra? “A história é que eu tenho uma cabra. Com mais quatro amigos, compramos uma cabra em associação e ela fica no meu sítio. A ideia foi homenagear a cabra, que já temos como nosso mascote. Logo, virou os mestres da cabra, essa piada interna”, explica Adriano.

Exit mobile version