O lateral esquerdo Thiago Espíndola, 25 anos, nunca jogou em um grande clube do futebol mundial. Mas o sonho de disputar uma das principais competições internacionais o motiva a cada dia mais. Nascido e criado no Bairro de Lourdes em Juiz de Fora, o atleta, que na última temporada (2017-2018) atuou em Malta, pequeno país do Mediterrâneo, teve destaque reconhecido: esteve entre os três melhores da competição em sua posição. Revelado pelo Tupi em 2011, quando era treinado por Felipe Surian, o atleta juiz-forano participou da disputa pela Série D e, em 2015, atuou na campanha de acesso à segunda divisão do Campeonato Brasileiro. O jogador ainda teve passagem, na categoria juvenil, pelo Atlético Mineiro. Mas foi em 2017 que Thiago recebeu a proposta de embarcar rumo a Malta. Lá, disputou a primeira divisão do campeonato local pelo clube Hamrun Spartans. Atualmente, de férias em Juiz de Fora – sua cidade natal -, o atleta, que está sem clube, conversou com a Tribuna e contou sua experiência fora do país e como foi atuar no campeonato maltês.
DVD como currículo
Se os clubes de futebol representam o mercado de trabalho dos jogadores, o currículo para buscar um emprego é o DVD. E foi assim, por meio dos melhores lances em vídeo, que o jogador foi contratado por uma temporada. “Foi através de um amigo. Ele tinha o meu DVD. Aproveitando que o empresário dele estava em Malta (…), os meus lances foram apresentados ao treinador da equipe. Ele (treinador) gostou e pediu para que eu pudesse fechar um contrato de uma temporada.” A beleza do pequeno país localizado ao Sul do continente europeu e a vontade de crescer profissionalmente conquistaram Thiago. No início, ele precisou enfrentar algumas dificuldades: se adaptar à falta de arroz com feijão no cardápio e, principalmente, driblar o idioma. O que fez a diferença, segundo o atleta, foi a quantidade de brasileiros atuando na equipe: sete ao todo, número máximo permitido de atletas da mesma nacionalidade em um único time. “Era quase um time brasileiro”, brinca Thiago.
O aumento crescente de atletas brasileiros no país é prova de que o cenário do esporte por lá tende a mudar. Segundo Thiago, o futebol prático em Malta é mais técnico, com poucos passes e dribles. “Já os brasileiros são mais talentosos, um molejo diferente”, diz. Dados divulgados pela CBF em janeiro deste ano mostram que 1.630 jogadores brasileiros deixaram o país para atuar no exterior em 2017. Somente em Malta, em 2016, o número chegou a 20. Portugal (164), Japão (46), Coreia do Sul (31) e México (22) exportaram mais.
Reconhecimento
O estádio pelo qual a equipe de Malta atua, na cidade de Hamrun, tem capacidade para dois mil torcedores, o que representa 20% de toda a população local. Mesmo não sendo acompanhado por muitas pessoas, e o time ficando apenas na sétima colocação, Thiago foi um dos destaques. O atleta foi eleito um dos três melhores da temporada na lateral esquerda. Com boas atuações, o jogador estuda propostas de outros clubes e até mesmo uma possível renovação com o Hamrun Spartans.
“O mercado fecha no próximo dia 15, mas acredito que a minha situação se resolva dias antes.” Das equipes interessadas no atleta, duas disputam a segunda divisão dos campeonatos português e italiano. Mesmo passando longos períodos longe da família, Thiago nunca pensou em desistir do futebol. Ele ressalta que o incentivo dos familiares e amigos são constantes, o que o motiva cada vez mais a buscar seu sonho: disputar uma UEFA Champions League.