Nem mesmo uma contratura muscular arrefece a motivação de Ester Ferreira, de 35 anos, em seguir fazendo história no fisiculturismo. Pouco mais de um mês depois de levar a primeira colocação do Mr. Universe Brazil, a atleta sandumonense radicada em Juiz de Fora superou as dores, foi ao palco em São Paulo e se tornou campeã sul-americana na categoria women’s physique, desta vez sem divisão por altura, em uma disputa de três brasileiras e duas argentinas, chancelada pela Confederação Sul-Americana de Fisiculturismo.
A nova premiação com destino à casa de Ester em Juiz de Fora se tornou ainda mais especial por dois motivos, sendo um deles inesperado: o obstáculo clínico. “A preparação do Sul-Americano foi a mais dolorosa e difícil que passei, pois há 20 dias tive uma contratura muscular na coluna, na região lombar, onde iniciou uma inflamação que me impossibilitava de realizar o treino. Conseguia me esforçar nos cardios/aeróbicos, porém de uma forma onde procurava encontrar a postura mais confortável. Tudo doía, e a cabeça começava a questionar se daria tempo ou não, se conseguiria chegar com um bom físico apresentável ou não. Isso me preocupava muito, pois gosto de dar o meu 100% e, próximo do campeonato, eu não estava realmente conseguindo. Não podia entrar com medicamentos, pois atrapalhariam o físico, então segui lutando com as armas que tinha, tentando manter a mente firme e confiante. Minha família, meu esposo Pedro, meu treinador Jhol e alguns amigos que sabiam da situação foram fundamentais nesse momento de trabalho mental. Foi muito difícil, mas conseguimos”, conta e comemora Ester à Tribuna.
O outro fator que valorizou a conquista de Ester foi o ineditismo em meio à uma estante variada de troféus que a sandumonense possui. “O nível dos campeonatos sul-americanos é alto e eu não sabia quem iria enfrentar no palco, uma vez que ficamos sabendo somente no dia da inscrição e da pesagem (véspera do palco). Além da importância de me consagrar campeã sul-americana, é um título que eu não tinha, pois em 2018, no mesmo campeonato, realizado na Argentina, eu fiquei em terceiro lugar. O título nesse retorno aos palcos (após a pausa pela pandemia) é gratificante demais e ouvir nosso hino nacional é uma felicidade e a sensação de missão cumprida”, complementa.
Olho no Mundial de Fisiculturismo
O próximo compromisso de Ester pode ser em Sevilha, na Espanha. Não é certo por mais um obstáculo que a atleta encontra, já rotineiro em sua caminhada: o financeiro. “Estou classificada para participar do Campeonato Mundial daqui a 30 dias, dessa vez fora do Brasil, mas entramos novamente na etapa onde o financeiro pesa. Ainda sem patrocínio, dando meu máximo para representar Minas, com ajuda de poucos amigos e família. Mas isso não me desanima, apenas me faz crer que eu posso mais uma vez estar lá, mesmo com pouco apoio, afinal eu preciso de oportunidades e essa já conquistei”, destaca Ester.
Ainda conforme a atleta, caso ela não consiga disputar o evento na Europa, ela irá encerrar a temporada de competições no Mrs. Minas, em Belo Horizonte, no próximo dia 23.