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Juiz-forano dá aulas de jiu-jítsu para o Exército dos Emirados Árabes

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A paixão e o conhecimento do jiu-jítsu pelo juiz-forano Antônio Inácio fazem o faixa preta da arte marcial romper barreiras. Vencedor de importantes competições como o Brasileiro e Pan-Americano na modalidade, o atleta e professor de 37 anos está vivenciando uma experiência que vai além de tudo o que o esporte já havia lhe proporcionado. Desde agosto de 2018 ele é professor de recrutas do Exército dos Emirados Árabes Unidos (EAU).

“Descobri pela internet que precisavam de coaches (treinadores) brasileiros. Passei por um processo seletivo no Brasil no início do ano passado que durou dois meses e avaliou meu currículo sobre o trabalho com jiu-jítsu. Enviei nada consta, tive prova escrita on-line e uma entrevista via Skype. Tudo do Brasil. Chegando nos EAU, ainda tive uma entrevista em inglês com um coronel responsável por todo o projeto. Só podiam participar do processo atletas com mais de cinco anos de faixa preta”, conta Inácio à Tribuna.

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Juiz-forano Antônio Inácio (à direita) foi campeão do Fujairah International Pro e do Rak International Pro, torneios locais nos Emirados Árabes que valiam pelo ranking da UAEJJF (Foto: Arquivo Pessoal)

Aprovado, ele teve a vida completamente mudada. Deixou amigos e familiares em Juiz de Fora. Seu projeto de jiu-jítsu, no Tupi, passou a ser supervisionado de longe, agora sob a responsabilidade do professor e também faixa preta Regys Menezes. “Acompanho 24h o projeto ainda. Daqui faço as inscrições dos alunos nos torneios e mando treinos para os atletas que participam de competições e têm o mesmo sonho que eu”, explica.

Entre 3h e 4h da manhã, Antônio acorda em sua casa na cidade de Ras al-Khaimah, situada a 50 minutos de Dubai. “Levo um dia bem tranquilo, apesar de acordar muito cedo. Minha primeira aula na base militar é às 5h. Ministro aulas o dia todo e treino todas as noites, quando encontro coaches brasileiros e treinamos em um clube”, conta Inácio.

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Nos EAU, o jiu-jítsu é obrigatório não apenas em todos os níveis do Exército local, como também nas escolas públicas. As competições, como algumas disputadas pelo juiz-forano, são populares na região e transmitidas, inclusive, em canal aberto de TV. As dificuldades, para Inácio, vêm principalmente na temperatura, comunicação e alimentação.

“Como os alunos não falam inglês, tenho que me virar. Oitenta por cento do povo só falam árabe. Mas, devagar, aprendo mais uma língua. Além disso, a comida tem muita pimenta, é uma alimentação diferente da do Brasil. Sem falar que tudo fica muito longe, é mais deserto, e um calor fora do comum. Tem dia que chega a fazer 53 graus, você não faz nada sem o ar condicionado”, relata o professor.

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Lutador participa de competições paralelamente ao trabalho de professor junto ao Exército (Foto: Arquivo Pessoal)

Novas conquistas e top 3 do Brasil

Paralelamente às aulas, Antônio Inácio não deixa de competir. Após período de adaptação nos EAU, ele voltou a entrar em ação nos torneios. Em janeiro último, justamente no retorno, pela disputa master 2 (35 a 40 anos) faixa preta, o juiz-forano foi vice-campeão do Grand Slam Abu Dhabi, competição da Federação Internacional de Jiu-Jítsu dos Emirados Árabes (UAEJJF). As medalhas de ouro voltaram em fevereiro, quando foi campeão do Fujairah International Pro e do Rak International Pro, torneios locais que valiam pelo ranking da UAEJJF. Os resultados levaram Inácio à sexta posição no ranking mundial da Federação, e ao terceiro lugar entre os brasileiros.

As participações serviram também como testes para o desafio mais importante. “Em abril luto o Mundial, evento que fecha a temporada 2018/2019. Se eu for bem posso ir para o primeiro lugar no ranking geral. E estou tentando, também, trazer três alunos meus de Juiz de Fora. Eles têm um futuro brilhante, mas infelizmente não consigo apoio para trazê-los”, conta.

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