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No Chile, atleta sandumonense defende a Seleção Brasileira no Pan de Futebol de Surdos

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Vestir a camisa verde e amarela da Seleção Brasileira de futebol é o sonho de muitos dos milhares de nativos brasileiros, seja praticante profissional do esporte ou não. Bruno Costa da Silva, sandumonense de 21 anos, terá a oportunidade de realizar esse objetivo entre este domingo e o próximo dia 18 em Temuco, no Chile. Convocado pela Confederação Brasileira de Desportos de Surdos (CBDS) para disputar o Pan-Americano de Surdos, o lateral-direito vive a expectativa de representar o país na competição continental, mas, concomitantemente, lida com a incerteza no custeio da participação em solo estrangeiro.

Bruno é destaque da Associação de Futebol dos Surdos de Juiz de Fora (Foto: Arquivo pessoal)

Desde a pré-convocação da Seleção para o Pan, anunciada em julho, o nome de Bruno Costa apareceu na lista, de onde não saiu mais. O sandumonense foi observado por uma olheira da CBDS durante as Surdolimpíadas do Brasil, competição sediada na cidade de Pará de Minas (MG) que ocorreu um mês antes da convocação brasileira. O destaque do lateral-direito atuando pela Associação dos Surdos de Juiz de Fora (ASJF) valeu a vaga para o selecionado brasileiro no certame que também é classificatório para o Mundial de Futebol de Surdos. “Eu sempre tive pensamento positivo e sabia que seria convocado para ir para o Chile. Sempre acreditei”, afirma o surdoatleta.

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Praticante de futebol desde a infância, não foi surpresa para a família quando conseguiu o apoio para jogar na ASJF, há cerca de três anos, após conhecer o agora treinador Bruno Viana, responsável por levá-lo para o esporte na instituição. A filiação na Associação se dá com uma colaboração periódica, sendo necessário também dividir as despesas com os companheiros de equipe a cada participação em competições regionais e nacionais.

Dificuldades financeiras

A participação do atleta no Pan-Americano inicialmente foi ameaçada pelo aspecto financeiro. Após período de indefinição, a CBDS conseguiu arcar com as passagens de todos os paratletas para o Chile, mas as despesas em território estrangeiro – incluindo alimentação e hospedagem – além dos equipamentos da seleção, como chuteira e uniforme, ainda serão custeadas pelos jogadores. O custo total da empreitada, de acordo com o estimado pela família de Bruno, será de R$ 2.870, valor que foi parcelado em quatro meses pela Confederação.

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“A gente vai tentando arrecadar com o decorrer dos meses”, explica a mãe, Jordânia da Costa, que auxilia o filho em campanha de arrecadação da quantia por meio de uma vaquinha online. Divulgada nos últimos meses pelas redes sociais, a campanha “Bruno, do Brasil para o Chile” projetou, inicialmente, a arrecadação de R$ 5 mil – valor no qual incidia, também, o custo das passagens -, mas, até o momento, apenas R$ 255 foram doados. Com o parcelamento da dívida oferecido pela Confederação, o lateral-direito pôde concentrar na disputa da competição continental.

Bruno afirmou não conhecer o trâmite para conseguir a bolsa atleta, programa do Governo federal que oferece auxílio de custo entre R$ 370 e R$ 15 mil a esportistas que atenderem aos critérios próprios do sistema. “Em Santos Dumont este projeto foi aprovado por um vereador, mas não está em vigor”, completou.

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Atleta de Santos Dumont com a camisa 2 da Seleção Brasileira (Foto: Divulgação)

Tensão no Chile

A convulsão social que marca o Chile nas últimas semanas cancelou a final da Copa Libertadores da América, a qual, inicialmente, estava prevista para o próximo dia 23, em Santiago. O Pan-Americano de Surdos de Temuco – cidade a 678 km da capital -, no entanto, está mantido pela Organização Desportiva Pan-Americana de Surdos (Panamdes), apesar de, segundo Jordânia, a CBDS ter realizado movimentações pelo cancelamento da competição. “A Confederação até tentou cancelar, mas os outros países já tinham comprado passagem, não podiam cancelar”, explicou Jordânia.

O sandumonense viaja com a delegação brasileira para o Chile neste domingo, já causando apreensão na mãe. “Eu fico muito preocupada, mas estamos sempre em contato direto. Já a irmã de 11 anos sente muita falta dele”, lamenta. Mesmo com a distância da família somada à tensão em ambiente chileno e às dificuldades financeiras para praticar o esporte, Bruno se mantém focado no objetivo. “Espero conseguir a classificação para o Mundial”.

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