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Circo armado e sob ameaça

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Tudo certo, mas nada definido. Por conta de muitas incertezas, o início da temporada 2015 da Fórmula 1 pode ser assim resumido. Nem mesmo a presença de todas as equipes na prova de abertura, na Austrália, cujos treinos livres começam na próxima quinta-feira, está garantida. A situação envolvendo um dos principais nomes da categoria e aquela que seria a principal novidade em termos de equipes ameaça detonar um boicote à primeira corrida do ano.

Após um acidente ocorrido nas sessões de treinos em Barcelona, na Espanha, Fernando Alonso foi vetado pelos médicos da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) de participar da primeira prova do ano, na Austrália. O fato em si não gerou surpresa no circo da Fórmula 1, mas a pouca informação sobre o que realmente aconteceu para que o bicampeão mundial batesse violentamente no muro interno de uma das curvas do circuito catalão jogou uma sombra sobre a aguardada volta da parceria da equipe inglesa McLaren com a fabricante de motores japonesa Honda, de tanto sucesso no passado e lembrança terna para os brasileiros por conta do tricampeonato de Ayrton Senna.

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Suspeitas de diversos tipos foram levantadas sobre o acidente. De uma quebra de suspensão até um erro do piloto espanhol, tudo foi cogitado pela imprensa especializada. Segundo a explicação oficial da McLaren, a batida, que aconteceu a uma velocidade de 105km/h, foi ocasionada por fortes rajadas de vento. A versão é até hoje contestada nos bastidores, e cogita-se que uma descarga elétrica vinda do sistema de recuperação de energia do motor (kers) tenha deixado inconsciente o bicampeão mundial que, por isso, foi ao muro.

Na última semana, o jornal “Gazzeta dello Sport”, da Itália, informou que um vídeo feito pela câmera da Ferrari do alemão Sebastian Vettel mostraria Alonso inconsciente antes de bater. Apreensivos com a falta de transparência da McLaren no caso e querendo evitar novos acidentes como esse, alguns cartolas e pilotos ameaçam boicotar o GP da Austrália se tudo não for esclarecido até o circo da categoria chegar a Melbourne.

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Mudanças

Algumas provas deste ano tiveram seus horários alterados, antecipando as largadas em uma hora. Foi o caso dos grandes prêmios da Austrália, da Malásia, da China, do Japão e da Rússia, levando-se em conta os horários do pôr do sol nesses países. A medida é baseada na segurança, por conta do acidente do francês Jules Bianchi em Suzuka no ano passado, quando o piloto da Marussia atingiu um trator de serviço fora da pista. Acredita-se que a falta de visibilidade do horário influenciou na batida que causou graves lesões no cérebro do competidor, até hoje internado em um hospital de Nice, na França.

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Com ou sem boicote, Alonso fica de fora da corrida que marcaria seu retorno à McLaren. O dinamarquês Kevin Magnussen ocupará o posto do espanhol, que protagonizou a principal dança das cadeiras para esse ano. Sua saída da Ferrari abriu espaço para a contratação de Sebastian Vettel pelo time italiano. Para suprir a falta do alemão, a austríaca Red Bull contratou o jovem russo Daniil Kvyat, ex-Toro Rosso, apostando todas as suas fichas no talentoso australiano Daniel Ricciardo como primeiro piloto. Ainda no bloco da frente, a inglesa Williams manteve sua dupla com o brasileiro Felipe Massa e o finlandês Valtteri Bottas. Em um patamar acima de todas as demais, a alemã Mercedes também permanece com a parceria explosiva formada pelo atual campeão, o inglês Lewis Hamilton, e o veloz alemão Nico Rosberg.

Nas equipes intermediárias, a principal novidade é a presença de um segundo brasileiro no grid. Felipe Nasr chega à Fórmula 1 para correr pela Sauber, tendo como companheiro o sueco Marcus Ericsson. Pelo menos por enquanto, essa é dupla do time suíço, pois o holandês Guiedo van der Garde, piloto de testes a equipe em 2014, entrou com uma ação legal na Austrália contra a Sauber exigindo um cockpit já na primeira prova do ano por ter sido demitido sem justa causa, e os dirigentes austríacos terem descumprido um acordo firmado com ele, Van der Garde, de ter um assento em 2015. A primeira audiência do processo está prevista para esta segunda-feira.

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Brasil

Nos testes de pré-temporada, ambos os brasileiros tiveram bons resultados. Na renovada Williams, Massa deve lutar pelos primeiros postos em classificações, podendo beliscar uma pole caso as coisas não andem bem para os lados da Mercedes. Claramente a equipe de Hamilton e Rosberg terá o domínio da Fórmula 1 mais uma vez, pelo menos no início da temporada, mas o time de Felipe está mais perto esse ano do que em 2014. Qualquer problema na Flecha de Prata – incluindo algum entrevero entre os dois desafetos do time alemão – pode dar ao paulista uma chance de vitória. A principal disputa promete ser com o veloz companheiro Bottas, mas os pilotos da Ferrari e da Red Bull também podem dar trabalho.

Estreando na categoria – se Van der Garde deixar -, não se pode esperar nada mais do que um ano de aprendizado de Nasr. Mas mesmo sendo sua primeira experiência na elite do automobilismo, o brasiliense já chegou com confiança e demonstrando pé pesado. Deve lutar contra os recursos limitados da Sauber para desenvolver o carro durante a temporada, mas tem o bom motor Ferrari para empurrar seu bólido. O brazuca deve lutar no pelotão intermediário do grid, embolado com Force Índia, Toro Rosso, Lotus e McLaren – a grande incógnita da temporada -, deixando os postos finais para a Manor/Marussia que, seguindo a esteira de indefinições desse início de ano, não apresentou novo carro e tem apenas um piloto contratado.

 

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