A natação está presente na vida de Paula Ferrari em 12 dos seus 16 anos. Se, naturalmente, os primeiros mergulhos se davam de forma lúdica, a juiz-forana passou, conforme os tempos e o talento demonstrado no esporte, a lidar com as piscinas de uma forma mais competitiva. E os resultados de destaque em âmbitos estadual e nacional começaram a aparecer. Nas últimas semanas, Paula conquistou índice para disputar o Troféu José Finkel adulto e ainda foi campeã mineira júnior em seis provas, resultado oficializado nesta quarta-feira (7) pela Federação Aquática Mineira (FAM).
À Tribuna, Paula, atleta do Clube Bom Pastor, contou um pouco de sua história no esporte. “Comecei a nadar em uma pequena academia do bairro, e a professora percebeu que eu poderia desenvolver mais a natação e me encaminhou para o Sesi, onde a piscina é de 25 metros e voltada mais ao aprendizado competitivo. Durante o período que estive no Sesi, o professor despertou em mim o interesse por competir. Assim, sugeriu que eu fosse para o Bom Pastor”, recorda Paula. “Passei dois anos na equipe que participava de campeonatos regionais e, em 2018, comecei a treinar na federada, passando a competir torneios estaduais e nacionais”, completa.
Seu treinador, Álvaro Ferreira, mais conhecido como Cebola, reforça o comprometimento da atleta e o entendimento de seus responsáveis, desde que começaram a parceria. “A Paula é minha atleta há três anos. Sempre acreditou no projeto, segue todos os protocolos de treinos, a parte de nutrição, de fisioterapia. Tanto ela quanto os pais acreditam muito na nossa metodologia de treino e é nítido o quanto ela tem evoluído. Aos poucos está colhendo os resultados”, exalta o professor.
De fato, a rotina de Paula é exaustiva, sobretudo levando em conta que ela ainda divide as atenções com os estudos. “Treino de segunda a sexta, de 14h30 às 18h, e entre 7h e 10h aos sábados. Ainda faço trabalho funcional três vezes na semana e fisioterapia, uma vez”, conta a jovem nadadora.
Paula irá disputar os 100m peito no José Finkel, também conhecido como Campeonato Brasileiro Absoluto, com atletas adultas, após ter alcançado o tempo de 1min12seg72 na prova. Além disso, ela foi campeã estadual nas provas e 100m e 200m peito, 50m e 100m livre, 200m medley e 200m costas.
“É gratificante e me sinto muito realizada no momento, pois em 2019 fiquei em 8º lugar do Brasil na mesma prova no Campeonato Brasileiro de Verão. No retorno aos treinos de 2020, estabeleci junto aos meus técnicos a meta de alcançar esse índice. Com muito esforço, determinação e todo trabalho com a equipe multidisciplinar. E principalmente o apoio da família, a empatia e o companheirismo com o técnico que sempre acreditou no nosso trabalho. Vou para essa competição com todo o pensamento positivo e foco para alcançar novas metas.”
Evolução por metas
A inserção de objetivos de curto, médio e longo prazos no dia a dia do ser humano, seja no esporte ou em qualquer outra área, pode gerar foco e motivação. E assim acontece com Paula e sua equipe no Clube Bom Pastor, como conta o técnico Cebola.
“Tínhamos estabelecido metas pessoais como a de ela ser medalhista de Campeonato Estadual, o que conseguimos em seis meses. Em um ano ela já estava como campeã mineira, tinha outras medalhas do torneio e já havia conseguido atingir uma final de Campeonato Brasileiro sempre na categoria júnior”, destaca. “Seguimos planejando, com esses resultados, conseguir melhores posições no próximo Brasileiro, mas aí veio a pandemia. Ficamos muito tempo parados por conta daquela primeira onda. Retornamos e paramos algumas vezes, mas graças a Deus agora voltamos a treinar.”
Questionada sobre os planos, Paula evidencia que tenta “estar sempre evoluindo nas minhas melhores marcas pessoais em busca de um sonho para conquistar uma medalha olímpica. E tenho um objetivo de curto prazo de conquistar um bom resultado no Troféu José Finkel, melhorando assim meus tempos para participar da seletiva olímpica de 2024, assim como a Olimpíada.”
Em 2020, Paula não teve competições justamente por conta da influência da pandemia no calendário. Mas não impediu um planejamento mais ousado, conforme Cebola. “Em 2021, entramos com uma meta de ter uma medalha no Brasileiro júnior, na prova dos 100m peito, e tentar a participação na seletiva olímpica. Mesmo sabendo que ela não iria para a Olimpíada, o tempo de participação para a seletiva era o mesmo índice do Troféu José Finkel. Só que infelizmente paramos de novo, houve algumas alterações no calendário nacional e não tivemos chances de homologar esse tempo no prazo.”
Em meio aos planejamentos, certo mesmo é que Paula já tem um resultado histórico para o esporte local. “A importância do Troféu Brasil (José Finkel) é que, se você olhar a idade da Paula, 16 anos, não me lembro, pelo menos há uma década, de alguém de Juiz de Fora, dessa idade, que tenha feito o índice pra participar da competição. Ela está indo com um bom tempo, apesar de ser jovem e ter muito a aprender. Tem tudo pra melhorar o seu tempo, brigar com ela mesma para baixar a marca pessoal”, avalia Cebola.