Thiago Souza Moreira, 23 anos, é campeão brasileiro de kickboxing e vice do Carioca Seishinkaikan na disputa dos pesos galo (até 61,230kg). Seu irmão, Edison Dias Moreira Júnior, 25, já acumula medalhas de prata nos estaduais de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, além do nacional nos pesos leves (menos de 70,30kg). A dupla juiz-forana, não satisfeita com os resultados conquistados em quase dez anos de prática da arte marcial, foi atrás de conhecimento e do direito de disseminar todo o aprendizado também no boxe e muay thai.
Hoje, os irmãos lutadores e treinadores da equipe Shinta Gym auxiliam jovens em diferentes bairros, como o Encosta do Sol, em academias dando aulas de muay thai e kickboxing. “Iniciamos no muay thai há aproximadamente nove anos. Quando parei de treinar por questões de trabalho, passei para o boxe, onde começamos a competir, e o objetivo de trabalhar com isso ganhou força. Tínhamos o desejo de viver disso, mas não víamos tão palpável por ser um caminho longo até você graduar e dar aula. De muitas pessoas que começam, poucas chegam de fato. Quando íamos competindo no boxe, entrávamos em contato com a Federação, e algumas oportunidades foram aparecendo. Fomos nos graduando e fazendo cursos até conseguir”, contou Edison.
“Procuramos crescer para ajudar os meninos que querem lutar e dão valor ao trabalho. Mas temos que correr atrás. Às vezes fazemos algum extra no fim de semana porque ainda não recebemos para lutar. Pagamos inscrição, custos de viagem para as competições”, explica Thiago. Além das conquistas dos técnicos, os alunos da Shinta Gym já acumulam no muay thai e kickboxing dois títulos do Mineiro, um do Carioca, um cinturão do Cage Combat, e até cinturão de primeiro lugar brasileiro em categoria amadora no boxe. Na temporada passada, a equipe trouxe quatro cinturões de campeão brasileiro em diferentes pesos no muay thai. “Agora buscamos defender os títulos e tentar em outras categorias nos estaduais e nacionais. Vamos fazer algumas lutas de estreia na regra do muay thai também, que tem cotovelada por exemplo, e começar alguns eventos de karatê de contato. Nosso objetivo é aumentar o trabalho, não só com títulos, mas mostrar para as pessoas o que a gente faz”, diz Edison.
Descobrindo talentos
“Sempre ouvimos falar que quem pode superar o professor é o aluno, e é um fato. Se o treinador não se cuidar, os meninos passam”, diz Thiago. Um exemplo é Márcio José da Silva Souza Júnior, 17, há três anos aluno da equipe. O jovem é o atual campeão brasileiro de kickboxing na disputa de peso mosca (categoria até 56kg) e teve seu dia a dia otimizado após a prática esportiva.
“Não entrei para competir. Meu pai já tinha feito e queria muito que eu também praticasse. Acabei começando por ser sonho dele. Em quase um ano de treino com eles, me perguntaram se queria competir, e daí para frente segui esse caminho. Eu era muito nervoso, ficava estressado com tudo e não tinha cabeça direito. Conforme fui treinando aqui, aprendi a controlar minha raiva e fiquei muito mais tranquilo”, conta o atleta que almeja ainda mais destaque explorando seu talento. “É complicado, mas a gente está trabalhando firme para manter o título e seguir buscando mais coisas. Sonho em ser profissional direto. É difícil, mas quem sabe um dia.”
Edison lembrou ainda que os resultados andam lado a lado com o desempenho na escola. “A arte marcial tem muita disciplina e desenvolvimento pessoal. Além do ponto de vista técnico, há o de ter caráter, humildade. Nossos alunos passaram direto na escola, sem exceção. Conhecemos seus pais e sabemos da caminhada deles.