Dentre as dez áreas da cidade analisadas pela pesquisa Perfil do Consumidor Juiz-forano, realizada pela Sieg Informação e Pesquisa em parceria com o Grupo Solar Comunicação, a “região 1” chama a atenção por diversas peculiaridades. Na divisão do estudo, esta localidade compreende os bairros da Zona Norte até o Francisco Bernardino, e tem em Benfica o principal polo de consumo. Nela se concentra o maior número de habitantes, um total de 105.409, o que corresponde a 18,8% da população total que reside na sede do município, estimada em 560.909 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O economista e diretor da Sieg Informação e Pesquisa, Antônio Carlos Vandanezi Alvim, explica que a divisão das dez áreas estabelecidas na pesquisa obedeceu a critérios de limite geográfico e presença de bairros que polarizam o consumo dos moradores. Por isso, a Zona Norte aparece segmentada. “Identificamos que Benfica é a referência para bairros que estão localizados até o Francisco Bernardino, área que no estudo foi chamada de região 1. Já os moradores de Carlos Chagas, Cerâmica, Monte Castelo e entorno têm o Bairro Fábrica como polo de consumo, a chamada região 2.”
De acordo com o levantamento sobre estimativa populacional feito pelo IBGE, do total de 853 municípios mineiros apenas 33 possuem mais de cem mil habitantes. Nesta lista estão três cidades que apresentam número de moradores menor do que Benfica e adjacências, são elas: Ituiutaba (104.671), Lavras (103.773) e Nova Serrana (102.693).
Identidade
Vandanezi avalia que a identificação dos moradores da Zona Norte com a região é outra particularidade que deve ser destacada. “O sentimento de pertencimento das pessoas com o lugar em que moram é algo que não vemos em outras regiões. Esta identificação é extremamente importante quando fazemos uma análise comercial. Estes consumidores estão dispostos a comprar perto das suas casas e, por outro lado, quem vende para eles não precisa se preocupar em atender outros públicos, pois a demanda é grande.”
Público feminino é maioria
A distribuição de homens e mulheres na área de Benfica e bairros do entorno é semelhante a verificada no perfil geral do município. O público feminino corresponde a 52% do total de moradores da região, enquanto o masculino soma 48%. Na cidade, as mulheres também são maioria, totalizando 53% da população residente, e os homens representam 47%.
Presença de idosos é menor na Zona Norte
Com relação à faixa etária, os moradores de Benfica e bairros adjacentes são mais jovens do que a média do município. O percentual de pessoas com até 39 anos é de 66%. No perfil geral, esta parcela da população é de 59%.
A presença de idosos na região também é menor, quando comparada à média geral da cidade. A população com mais de 60 anos corresponde a 10% dos moradores da Zona Norte, enquanto no município chega a 14%. “As maiores concentrações de idosos estão na área central e na região de São Mateus e adjacências, por conta da facilidade para deslocamento. A região 1 cresceu muito nos últimos anos, mas ainda exige que os moradores se desloquem para ter acesso a determinados serviços”, analisa Vandanezi.
Catolicismo é a principal religião
Os pesquisadores coletaram informações sobre a religião dos moradores da cidade por conta do entendimento de que este é um dos fatores que norteiam o consumo. Os resultados da região 1 seguem proporção semelhante ao que foi verificado no perfil geral do município. O catolicismo é predominante, sendo praticado por 58% dos moradores de Benfica e entorno. Em seguida estão evangélicos (29%), espíritas (4%) e praticantes de outras religiões (1%). O percentual de entrevistados que informou não seguir nenhuma crença foi de 8%.
Renda familiar: 45% ganham entre dois e cinco salários
Na análise da renda familiar, foi observado que uma parcela significativa dos moradores ganha entre dois e cinco salários mínimos (45%). “É um público que não possui alto poder aquisitivo, mas tem acesso ao consumo. Em termos comerciais isto é muito significativo”, afirma Vandanezi.
Outros 38% dos moradores recebem até dois salários mínimos, e 17% recebem acima de cinco salários. “A Zona Norte possui uma forte demanda de consumo. Ali temos uma grande quantidade de pessoas com poder de compra e, por isso, o potencial para novos negócios também é grande. É necessários que os empreendedores conheçam estes moradores para poderem ofertar produtos e serviços compatíveis com o que eles buscam.”
Trabalhadores somam 62%
Quando perguntados sobre a principal atividade que desempenham, 62% dos entrevistados afirmaram que trabalham. “A ocupação da Zona Norte começou pelas empresas, com o Distrito Industrial, que atraiu os operários para morarem mais perto do local de trabalho, o que pode ser uma justificativa para esta concentração”, analisa Vandanezi. Em seguida estão aposentados (13%), donas de casa (11%), desempregados (10%) e estudantes (5%).
Ônibus é o principal meio de transporte
Para os moradores da Zona Norte, o ônibus urbano ainda é o principal meio de transporte utilizado para o deslocamento, sendo apontado por 69% dos entrevistados. “Vale destacar que não se trata de análise de fluxo diário, nem de uma estimativa de número de viagens por cada meio de transporte. O levantamento mostra o percentual da população que utiliza cada meio de transporte com maior frequência”, alerta o especialista.
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O percentual é superior à média encontrada no perfil geral da cidade, que apontou o ônibus urbano como o meio mais utilizado por 57% dos juiz-foranos. “Nós vemos que, quanto mais distante a região, maior é o uso deste meio de transporte. No caso da Zona Norte, apesar do crescimento nos últimos anos, vemos que muitos moradores ainda precisam se deslocar para o Centro para ter acesso a alguns produtos e serviços. Na medida em que esta oferta for realizada na região, a tendência é que estes deslocamentos diminuam.”
O automóvel particular é a opção mais usada por 17% dos moradores. Em seguida estão bicicleta (3%); transporte por aplicativo (2%); e ônibus da empresa (2%). Outros 3% dos moradores afirmaram que se deslocam a pé.
Posses de bens e serviços: 70% possuem casa própria
Com relação à posse de bens e serviços, foi observado que 70% dos moradores de Benfica e adjacências possuem casa própria. “Quando fazemos correlação com a renda das famílias, vemos que o poder de compra deste consumidor é ainda maior, já que ele não tem o orçamento comprometido com o aluguel”, diz Vandanezi. Na região, 27% moram em residências alugadas e 3% em imóveis cedidos ou emprestados.
No que diz respeito ao automóvel, 63% das famílias não possuem este bem. Com relação a assistência médica particular, o público é dividido: 50% possuem plano de saúde ou convênio. “São informações que nos permitem compreender melhor como estes consumidores gastam.”
Segundo o especialista, a pesquisa permitiu identificar que a Zona Norte possui um número significativo de consumidores com poder de compra e que demandam uma série de produtos e serviços. “Vale ressaltar que a maior parte desta população tem a garantia da casa própria, o que a deixa mais disponível para suprir as demandas que se apresentam. É uma área que já recebeu investimentos recentes, mas ainda tem espaço para receber mais. O potencial econômico desta região é muito grande.”
Pesquisa e metodologia
A pesquisa Perfil do Consumidor Juiz-forano levantou informações sobre quem mora e consome na cidade. Os resultados foram apresentados em quatro etapas, conforme as publicações feitas nas edições da Tribuna de Minas dos últimos domingos. Foi apresentado um perfil geral do município e dados estratificados para cada uma das dez regiões.
A primeira etapa buscou identificar “quem é” o consumidor juiz-forano a partir de informações sobre sexo, faixa etária, religião, renda da família e região em que mora. Na segunda etapa foram apresentados a rotina e os hábitos dos moradores. Já a terceira fase foi direcionada à realização de um “Censo Pet”, que revelou dados sobre a população de animais de estimação em Juiz de Fora. Por fim, a quarta etapa mostrou a posse de bens e serviços dos juiz-foranos.
Para a realização do estudo, a equipe de pesquisadores foi a campo entre os dias 12 e 20 de outubro. Foram entrevistadas 2.466 famílias. Os entrevistados tinham idade a partir de 15 anos e eram residentes de todas as regiões da cidade. A pesquisa considerou, ainda, informações do IBGE, do plano diretor municipal e a base de dados da Sieg Informação e Pesquisa.