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Salário em Juiz de Fora está 16,6% abaixo da média

média do salário em Juiz de Fora é menor que a nacional
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O salário médio recebido pelo trabalhador em Juiz de Fora com carteira assinada, no ano passado, foi de R$ 2.630,20. O valor está similar à média paga no estado (R$ 2.662,88), mas bem aquém da média nacional, que foi de R$ 3.156,02, o que corresponde a uma diferença de 16,6%. Os dados são da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2019, divulgados, esta semana, pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho.

Assim como acontece nas esferas nacional e estadual, o mercado juiz-forano é composto, em sua maior parte, por homens (55,82%). A média salarial paga a eles é quase 11% superior ao valor médio pago às mulheres.

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Ainda de acordo com a Rais, o principal perfil de quem possui emprego formal em Juiz de Fora é a pessoa do sexo masculino, de cor branca, com idade entre 30 e 39 anos e ensino médio completo (ver quadro).

Na avaliação do professor da Faculdade de Economia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Fernando Perobelli, a aproximação entre as médias salariais local e mineira se dá por fatores estruturais. “O resultadotorna-se próximo por conta do tamanho e da participação da cidade na economia do estado. Juiz de Fora está entre as que mais contribuem para o PIB de Minas Gerais. Vale lembrar que a maior parte dos municípios mineiros tem até dez mil habitantes, e uma economia pautada em serviços públicos.”

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Já o distanciamento com a média nacional, para ele, é motivo de preocupação. “Nós vemos que, no cenário de maior abrangência, em que são consideradas mais cidades do mesmo porte que Juiz de Fora, há perda salarial. E isto é motivo de alerta para a nossa economia.”

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Exclusão no mercado

De acordo com o especialista, a composição do mercado de trabalho juiz-forano e a diferença nos salários pagos para homens e mulheres revelam um sistema excludente. “Na avaliação apenas entre gêneros, quando mudamos esse perfil geral de quem possui emprego formal na cidade, temos a mulher na faixa etária de 30 a 39 anos. Esta é, justamente, a fase fértil. E, infelizmente, as empresas ainda preferem os homens porque a funcionária pode engravidar, tirar a licença maternidade. É um comportamento que vemos em todo o país.”

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Ele afirma ainda que, ao mudar outras características, como cor e idade, a situação se torna mais delicada. “Infelizmente, o mercado ainda é desigual.”

Juiz de Fora não retém talentos

Outro dado que chama a atenção na Rais 2019 é o fato de Juiz de Fora ser uma cidade polo em educação, com a presença de várias instituições de ensino superior, mas ter a maior parte de contratações direcionadas para profissionais de nível médio. “Nós oferecemos a qualificação, mas não damos condições para que as pessoas permaneçam”, diz Perobelli.

Para ele, isso ocorre por conta da estrutura produtiva local. “Em geral, oferecemos oportunidades em áreas que exigem baixa qualificação e pagam salários menores. Seria importante aproveitar a vocação que temos no setor de serviços para atrair empresas tecnológicas e de alta complexidade, que possam gerar empregos que exigem maior qualificação e aumentar a média salarial.”

Até dezembro do ano passado, o mercado empregava 147.692 trabalhadores formais. Deste total, 13.896 eram celetistas e 11.796 trabalhavam em regime estatutário. Os setores de serviço e comércio se mantinham como os principais empregadores, somando 85.703 e 33.751 funcionários, respectivamente.

Salário e mercado de trabalho na pós-pandemia

Os dados da Rais se referem ao ano de 2019 e apresentam a realidade do mercado de trabalho antes da Covid-19. “Nós sabemos que a pandemia não afetou todos os setores de forma igual, mas o comércio e os serviços, que são as nossas principais atividades econômicas, foram muito impactados. Por isso, para 2020, é esperada a retração deste mercado, com a possibilidade de redução do salário médio.”

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