De janeiro a novembro deste ano, a inadimplência afetou mais de 56 mil juiz-foranos. Os dados são da Câmara de Dirigentes Lojistas de Juiz de Fora (CDL-JF), que identificou crescimento de 27% em relação ao mesmo período do ano passado, quando mais de 44 mil consumidores estavam com contas em atraso no município. Em novembro, o número de inadimplentes era de 7.142. A quantidade mais que dobrou em comparação com novembro de 2021. Na ocasião, 3.084 pessoas físicas tinham contas atrasadas, conforme a CDL.
Ao tratar-se de dados nacionais, cerca de 30,3% das famílias brasileiras têm alguma dívida em atraso por não conseguirem pagar dentro do vencimento. Os dados são de pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), referente a novembro de 2022. O número se manteve o mesmo em relação ao mês anterior (outubro), porém representa aumento de 4,2 pontos em relação a novembro do ano passado, quando 26,1% das famílias brasileiras estavam nessa situação.
Dos consumidores com até dez salários de renda mensal, 34,1% atrasaram suas contas. Conforme a CNC, esta foi a maior proporção registrada na série histórica, iniciada em 2010. Entre as pessoas que recebem mais de dez mínimos, 13,6% disseram estar com pendências. De acordo com a entidade, os juros altos aumentam as despesas financeiras associadas aos débitos e, por este motivo, os orçamentos das famílias de menor renda seguem apertados.
Como explicado pela economista responsável pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), Izis Ferreira, os juros estão no nível mais alto dos últimos cinco anos. “Mesmo com o contexto de inflação pressionando menos o orçamento e a melhora no mercado de trabalho, além dos programas de transferência de renda mais robustos, as famílias ainda estão encontrando dificuldades para pagarem todas as dívidas e as contas dentro do mês, e isso tem levado a inadimplência a acelerar no Brasil”, analisa.
Entre os inadimplentes, 10,9% afirmaram que não têm condições de pagar dívidas atrasadas de meses anteriores. O número cresceu em relação a outubro, quando este percentual foi de 10,6%, e também em comparação a novembro do ano passado, quando 10,1% revelaram que não conseguiriam quitar os débitos.
Maior parte das dívidas está no cartão
Ainda segundo a Confederação Nacional do Comércio, a maior parte da inadimplência está relacionada ao cartão de crédito. No caso, 86,4% dos entrevistados afirmaram possuir este tipo de compromisso financeiro. Em seguida, vêm as dívidas com carnê (18,9%), financiamento de carro (8,8%), crédito pessoal (8,2%), financiamento de casa (7,5%), cheque especial (5,1%), crédito consignado (5%) e cheque pré-datado (0,7%), entre outras (2,1%).
Dos consumidores com dívidas a pagar, 17,5% consideraram estar muito endividados. Outros 28,2% afirmaram estar mais ou menos endividados e 33,2%, pouco endividados. Além destes, 21% afirmaram não ter dívidas do tipo.
Outro ponto destacado no levantamento é o volume de famílias com mais da metade da renda comprometida com o pagamento de contas. No mês de referência, 21,6% dos consumidores encontravam-se nesta situação. Quando considera-se a média, o brasileiro precisa gastar 30,4% de toda sua renda para quitar os compromissos, sem incluir nas contas o consumo de água, energia, telefone e gás, por exemplo. “Ou seja, a cada R$ 1 mil do rendimento, em média R$ 304 estão comprometidos com dívidas”, exemplifica a responsável pelo levantamento.
Especialista aconselha cautela neste final do ano
Como lembrado pela economista, a reta final do ano é propícia ao consumo, devido a Black Friday, Natal e Réveillon. Em 2022, entre as duas datas, houve, ainda, a Copa do Mundo, que também contribuiu para maior movimentação no comércio. Desta forma, para evitar cair em armadilhas, as famílias devem redobrar a atenção e seguir algumas orientações para não se endividarem desnecessariamente. Entre elas, negociar as dívidas e evitar as compras por impulso.
“É importante evitar o gasto com o supérfluo, fazer conta, pesquisar preço e guardar o cartão de crédito, se puder”, aponta. “No que puder, segurar do décimo terceiro para fazer frente às despesas de início de ano. O primeiro trimestre do ano é sempre um momento sazonal, também de aumento de despesas relevantes aos consumidores. São tributos, rematrícula de escola, material escolar, então é importante que o consumidor se programe para o pagamento dessas despesas que vão apertar o orçamento no início de 2023”, adverte.