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Negócios a um clique

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A maquiadora Isabela Mergh divulga no Instagram suas produções

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Ingrid Pereira contratou agência para cuidar do conteúdo da loja no Facebook

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Muito antes da internet que conhecemos hoje, o saudoso Abelardo Barbosa já anunciava nos anos 1980: “Quem não se comunica, se trumbica.” Três décadas se passaram, mas nem por isso a afirmativa ficou obsoleta. Pelo contrário: a cada dia parece ganhar mais força, principalmente quando envolve o fomento de pequenos e médios negócios. Empresários de diversos ramos têm enxergado nas redes sociais grande potencial para divulgar seus produtos e serviços, com duas características imprescindíveis: velocidade e preço baixo. A investida, porém, alertam os especialistas, deve ser feita depois do estabelecimento de metas e estratégias, abastecidas com muita paciência.

Entre as ferramentas mais utilizadas pelos lojistas e prestadores de serviços juiz-foranos para exercer o marketing digital estão o Facebook e o Instagram. Alguns também apostam no Twitter e no Google+, plataforma criada pelo Google, ainda pouco difundida no Brasil (ver quadro). Para eles, o principal atrativo é a facilidade de manusear estes dispositivos, além do custo baixo dos anúncios para divulgar a marca.

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“As pessoas ficam conectadas 24 horas por dia. A partir disso, entendemos que a internet seria o principal meio para divulgação de nosso produto. Hoje vendemos cinco vezes mais do que esperávamos”, pontua a sócia-proprietária do Japa in Home, empresa especializada em delivery de comida japonesa, Ingrid Pereira, 22 anos. Ela estima que, do faturamento mensal do empreendimento, apenas 1% seja destinado à manutenção dos anúncios e da gestão da página no Facebook, que atualmente, soma mais de nove mil curtidas.

Ingrid conta, ainda, que no começo, as publicações tiveram muitas visualizações e compartilhamentos, chegando, em média, a 500 curtidas por semana. “Há dez meses, contratamos uma agência de comunicação para cuidar do conteúdo. Procuramos profissionalizar este serviço e adotar uma linguagem mais informal, de forma a dialogar com o nosso público, formado, em sua maioria, por pessoas com idades entre 18 e 30 anos.”

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A maquiadora e cabeleireira Isabela Mergh, 26, passou a divulgar suas criações nas redes sociais no último ano e, desde então, vem garantindo trabalhos dentro e fora da cidade. Ela mantém um perfil no Instagram – que reúne quase 2.500 seguidores – e uma página no Facebook, com cerca de 1.200 curtidas. “Depois que passei a utilizar estas ferramentas exclusivamente para trabalho, minha vida profissional mudou”, diz Isabela, que está há oito anos no setor. “No começo, divulgava fotos por ser uma apaixonada pela maquiagem e, agora, isso passou a fazer parte de minha rotina.”

Bela, como é conhecida na internet, conta que cuida pessoalmente das publicações e da produção das fotos e, às vezes, contrata um fotógrafo profissional para fazer ensaios temáticos. Embora nunca tenha investido em anúncios, acredita que a internet a ajudou a conquistar outros espaços no ramo da estética. “Ela é responsável pelo reconhecimento do meu trabalho. Uma cliente publica uma foto com uma produção feita por mim, me marca, uma outra amiga vê, curte, entra para ver meu Instagram, passa a me seguir, e assim vai estabelecendo uma rede e nascendo novas clientes.”

‘Case de sucesso’

Entre os “cases de sucesso” divulgados pelo próprio Facebook, por meio da página “Facebook for business”, está a empresa juiz-forana Chico Rei, especializada, há seis anos, na confecção e venda de camisetas apenas pela internet. “Criamos a página em 2010, quando a marca tinha dois anos. E, desde então, crescemos bastante, devido à elaboração de um planejamento e definição de metas, voltados para o marketing de conteúdo, com abordagem menos comercial, menos invasiva e mais atrativa, mostrando produtos como entretenimento”, explica o assessor de marketing e comunicação da Chico Rei, Tiago Vieira.

Nos últimos dois anos, o número de curtidas na página oficial pulou de 25 mil para mais de meio milhão. “Atualmente temos quase 300 mil acessos por mês. Crescemos 143% de 2012 para 2013 e, em 2014, também estamos superando as expectativas.”

Presente também no Twitter e no Instagram, a loja tem produção dos conteúdos – feita pela própria equipe – diferenciada para cada rede. “A estratégia é saber para qual tipo de público se está comunicando e qual é a melhor abordagem para impactá-lo da forma mais eficiente. A Chico Rei nasceu on-line, e a internet sempre foi nosso principal meio de divulgação”, analisa Tiago.

Muito a ser explorado no ‘social-commerce’

O Orkut, a primeira rede social adotada pelos brasileiros, se despede definitivamente da internet nesta terça-feira. A rede, criada pelo engenheiro turco do Google, Orkut Büyükkökten, servia para manter contato com amigos e familiares e listar interesses por meio de comunidades, mas sem apelo comercial. Em junho, quando o Google anunciou a data do fim desta rede, muitas publicações nostálgicas surgiram em sites e blogs especializados, levando à reflexão sobre o ciclo de vida das redes sociais.

Do lançamento do Orkut até os tempos atuais, dez anos se passaram e muitos outros canais de comunicação apareceram na internet, bem como as plataformas de acesso, que saíram dos computadores de desktop para celulares, smartphones e tablets. Neste período, quatro redes foram consideradas líderes: Friendster, Myspace, Orkut e Facebook. Mas será que o desuso das três primeiras é um anúncio ao fim das atividades da empresa de Mark Zuckerberg?

Na visão de Renan Caixeiro, sócio-fundador da E-dialog, a liderança do Facebook está longe de acabar. “Estamos bem longe do ápice. As redes sociais, atualmente, não atingem nem 50% da população. A rede social do futuro já existe, e é o Facebook, por não apresentar sinais de decadência, mas de crescimento.”

Felipe Wasserman, mestre em administração pela UCLA, acredita que o Facebook continuará na liderança por mais algum tempo, porém, não do tamanho que é hoje. “Há muitas outras redes surgindo, e algumas já existentes, como o Twitter, estão se reinventando. Acredito que, no futuro, teremos uma rede “social-commerce”, unindo a conexão de amizades a interesse de produtos e serviços.”

“Sempre existe muito a ser explorado. A Pinterest e a Yelp, por exemplo, que são gigantes nos Estados Unidos, estão engatinhando no Brasil. Nos Estados Unidos, ninguém vai a um restaurante sem antes ler as críticas de outros clientes no Yelp”, pontua Patrícia.

Empresa tem que saber onde está cliente

Procurar replicar o mesmo conteúdo em todas as redes sociais é uma estratégia comumente adotada pelos empresários, porém, a menos inteligente na visão dos gestores de redes. Para eles, o principal erro está em menosprezar o manuseio destas ferramentas, sem lançar um olhar mercadológico. “Aparentemente, trabalhar com redes sociais é fácil, mas só parece. A maior dificuldade do empresário é entender que esta função exige um toque profissional”, comenta Renan Caixeiro, da E-dialog, agência especializada em comunicação digital.

A especialista em marketing digital Patrícia Albuquerque também pontua: “O empresário tem que saber aonde seus clientes se encontram. A falta de conhecimento do público-alvo é a principal dificuldade que a maioria dos empreendedores enfrenta hoje. Insistir em manter presença em algumas redes, nas quais os seus clientes não estão, é uma perda de tempo e recursos.”

Entender o funcionamento de cada rede é o primeiro passo na opinião do mestre em administração pela UCLA (Universidade da Califórnia, Los Angeles) e professor do Centro de Inovação e Criatividade (CIC) da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) de São Paulo, Felipe Wasserman. “Não se deve entrar apenas porque todo mundo está lá. É preciso estabelecer estratégias, bem como a imagem que se deseja passar, questionar quais motivos levariam as pessoas a seguir o perfil da sua empresa e se o conteúdo é atrativo”, explica. Para Wasserman, o conteúdo produzido em cada mídia deve ser específico, e isto demanda tempo, trabalho e investimento. “Conseguir crescer de forma orgânica é difícil. Quase que um caso em um milhão. Para se obter mais de dez mil curtidas numa publicação, se o trabalho for bem executado, não se investe menos de R$ 8 mil, incluindo valores para anúncios do Facebook e custos com uma agência especializada.”

Caixeiro, da E-dialog, completa que cada rede funciona como canal de televisão, por possuir uma linha de conteúdo específica para um tipo de público, mas pontua que os custos podem ser menores. “É possível crescer gastando muito pouco, ou quase nada, pois depende dos valores de cada mídia e da estratégia. Os pequenos e médios empresários veem nas redes sociais um facilitador, pois o custo benefício é acessível ao bolso.”

Patrícia Albuquerque aposta no Google como uma das principais plataformas para possibilitar anúncios pagos ou por Search Engine Optimization (SEO), que são as buscas orgânicas. “O empresário brasileiro está muito atrás e ainda não percebeu que todos têm smartphone, enquanto apenas 5% dos websites são adaptados para rodar em celular. Mais da metade das buscas do Google hoje já são feitas por dispositivos móveis.”

Outro erro, na opinião de Wasserman, é se portar, nas redes sociais, da mesma forma como age fora delas. “A pessoa que curte ou segue a página ou perfil de uma empresa aguarda interação mais personalizada e humana, distanciando de respostas automáticas, como se estivesse lidando com uma máquina. Diante de opinião negativa, o melhor é evitar o bloqueio deste usuário e respostas ríspidas. Busque o diálogo para criar defensores de sua marca”, orienta.

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