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Mercedes anuncia 50 contratações para Juiz de Fora

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Fotos: Fernando Priamo

As atividades na fábrica da Mercedes-Benz em Juiz de Fora foram reiniciadas em 10 de janeiro em clima de otimismo moderado. Depois de sucessivas medidas de contenção adotadas em 2015 e 2016, a empresa fechou 2017 contratando, movimento que continua nesse início de ano. A perspectiva é de aumento de 20% a 30% nas vendas de veículos comerciais no mercado brasileiro em 2018. A Mercedes não revela números sobre produção, mas sabe-se que a montagem do caminhão extrapesado Actros – o único modelo que continua na cidade – e o volume de montagem e pintura de cabinas têm crescido, inclusive com a expectativa de criação de um segundo turno nos próximos meses.

Apesar do respiro mais aliviado dos trabalhadores, uma preocupação continua. A Mercedes, conhecida por anunciar com antecedência projetos de médio prazo, comunicou, ainda em 2014, o projeto de transferir, gradualmente, a produção de caminhões de Juiz de Fora para São Bernardo do Campo. O modelo Accelo, que chegou a concentrar mais de 90% da produção juiz-forana, foi levado para São Paulo no final de 2016. Não foram divulgadas datas para a possível transferência do Actros, mas, nos bastidores, 2018 era o ano cogitado. Em contrapartida, a cidade concentraria, a partir de 2016, a produção de cabinas e pintura de todos os veículos da montadora. A operação de duplicar e ampliar as instalações da linha de montagem bruta na cidade demandou investimentos da ordem de R$ 230 milhões.

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O Sindicato dos Metalúrgicos luta pela manutenção do extrapesado aqui. Já a montadora argumenta que, da forma atual, o modelo continua na cidade, mas não fala até quando, nem se há risco de descontinuidade dessa linha. O diretor do Sindicato dos Metalúrgicos Antônio Carlos Nascimento Souza avalia que o clima na fábrica é “bem melhor”, já que as contratações, realizadas desde novembro, dão uma sensação de tranquilidade aos trabalhadores. “Ganhamos um fôlego”, diz. Pelas contas dele, há cerca de 800 trabalhadores diretos na planta hoje. Conforme Antônio Carlos, já houve aumento na produção do Actros, de quatro unidades por dia no início de 2017 para 13 ao longo daquele ano, com perspectiva de elevação para 16 a 18 por dia em 2018.

Em relação à montagem de cabinas, a expectativa é que o volume que hoje é de 120 por dia aumente gradativamente para 140 por dia. Em 2014, o presidente da Mercedes-Benz do Brasil e CEO América Latina, Philipp Schiemer, estimou que, com a transferência para Juiz de Fora, a demanda de produção de cabinas chegaria a 50 mil, com potencial de atingir a marca de 80 mil. Ainda conforme a entidade de classe, há indicações de que o turno único pode ser dobrado até março, o que traz a perspectiva de aumento de pessoal, com impactos positivos também na produção. Segundo o diretor, a categoria luta pela manutenção do Actros e/ou pela chegada de um novo projeto para a unidade local. “Quanto mais montagem de caminhões tivermos, melhor para nós, trabalhadores, e para a cidade.”

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Expectativa de mais investimentos locais

Sem divulgar números, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo (Sedettur), por meio de sua assessoria, afirmou que a Mercedes está, desde o início das suas operações, entre as maiores geradoras de Valor Adicionado Fiscal (VAF) no município, “o que comprova a sua importância para a economia de Juiz de Fora”.

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Sobre novos projetos, o posicionamento é que a Prefeitura aguarda manifestação da empresa, após a informação de que parte dos investimentos anunciados no ano passado para o país pode ser aportada na planta local, gerando novos postos de trabalho para a cidade.

A Mercedes não informa quanto dos R$ 2,4 bilhões em aportes anunciados para os próximos cinco anos, entre 2018 e 2022, será destinado à planta local, mantendo o posicionamento de que os recursos serão aplicados na continuidade da modernização das fábricas de São Bernardo do Campo e Juiz de Fora “rumo à indústria 4.0”, melhoria contínua na linha de produtos, novos produtos e novas tecnologias em serviços e conectividade.

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Para Mercedes, planta juiz-forana é estratégica

Para a Mercedes, a planta de Juiz de Fora é “estratégica” por concentrar a produção de 100% das cabinas Accelo, Atego, Axor e Actros. Ainda conforme a montadora, a unidade possui a área de pintura mais moderna entre as fábricas da Daimler AG.
A empresa confirmou a contratação de 85 novos funcionários para a unidade, efetivo direcionado para a produção do extrapesado Actros. Do total, 35 foram admitidos em novembro de 2017 e 50 serão incorporados este mês.

Por meio de sua assessoria, a empresa não confirmou se a produção do Actros continua na cidade em 2018, nem divulgou números relacionados à produção. Sobre as possibilidades de se criar um novo turno, voltar a adotar medidas de contenção e direcionar um novo projeto para o município, o posicionamento, para todas as perguntas, é o de que “não há previsão”.

Desempenho no país

A Mercedes-Benz do Brasil liderou as vendas de veículos comerciais no mercado brasileiro em 2017. Durante todo o ano, mais de 20 mil unidades foram emplacadas no país, somando a performance de caminhões e ônibus. Os volumes de vendas foram de 14.670 caminhões, com 28,2% de participação, e 6.007 ônibus, sendo 51,1% de market share, conforme dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). “E o bom desempenho também aconteceu nas exportações: foram mais de 14 mil unidades entre ônibus e caminhões. No caso dos caminhões, o aumento foi de 25% em relação a 2016”, disse Schiemer. Considerando os mercados interno e externo foram cerca de 35 mil veículos comercializados.

O caminhão extrapesado Actros foi considerado um grande destaque de vendas ao longo do ano passado. No total, foram emplacadas 1.498 unidades, entre modelos on e off-road, o que significa aumento de, aproximadamente, 66% sobre o ano anterior. Considerando apenas os Actros rodoviários, o crescimento de vendas foi superior a 70%. “Este resultado é bem expressivo, especialmente porque 2017 ainda foi um ano de baixos volumes de vendas e os sinais de retomada do crescimento aconteceram somente nos últimos meses do ano. A liderança aconteceu num mercado extremamente competitivo, desafiando as marcas na oferta do melhor produto, o que é decisivo na hora de fechar o negócio”, concluiu o presidente da Mercedes-Benz do Brasil e CEO América Latina.

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