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Exagerou nas compras de final de ano? Veja dicas para controlar as contas em 2022

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As compras de Natal nem foram completamente quitadas, e o consumidor-contribuinte já deve se preparar para os gastos obrigatórios dos próximos meses (Foto: Fernando Priamo)

IPTU, IPVA… Em todo início de ano, parte dos consumidores tem arrepios ao ler as siglas que aparecem juntamente aos boletos tradicionais do período. Logo após as festas de dezembro, mês conhecido pelo apelo comercial, os calendários dos diferentes impostos passam a vencer quando, muitas vezes, o pagamento das compras de Natal nem foi completamente quitado. O ano de 2022 já pede passagem, junto à pergunta: como conseguir controlar as finanças desde os primeiros dias de janeiro? A Tribuna fez esse questionamento a especialistas e oferece dicas para sair do vermelho – ou, ainda melhor: nem correr o risco de entrar em déficit.

O cronograma é aquele mesmo já conhecido: logo nas primeiras semanas, começa a cobrança do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA); seguido, alguns dias depois, pelos carnês do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU). Núcleos familiares com crianças e adolescentes ainda têm de quitar a matrícula e o material escolar.

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No período, afirmam os especialistas, o segredo é planejamento. É necessário que o consumidor tenha em mente a receita mensal e as contas mais emergenciais, de modo a enquadrar as despesas no orçamento. Mas, seria melhor aproveitar os descontos do pagamento à vista? De que maneira o cartão de crédito pode entrar nessa conta? São algumas das perguntas que serão respondidas pelos economistas ouvidos pela reportagem.

Parcelado ou à vista?

O pagamento dos impostos pode ser realizado de diferentes modos. O IPTU pode ser pago à vista com até 10,74% de desconto ou parcelado, sem juros, em até dez vezes. Em 2021, atrasos de até 15 dias tiveram multa de 2%, com aumento progressivo: entre 16 e 30 dias, multa de 4%; entre 31 e 45 dias, multa de 8%; 16% com 46 dias ou mais de atraso; e 20% quando o débito foi inscrito em dívida ativa, o que gera juros de mora de 1% ao mês.

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Já para o pagamento do IPVA, o desconto é de 3% para a quitação à vista, em janeiro. O parcelamento também pode ser uma alternativa, sendo possível dividir o valor devido em três vezes.

A atratividade dos descontos despertou opiniões diferentes entre os dois especialistas ouvidos pela Tribuna. Para o economista Guilherme Ventura, “não existem aplicações financeiras com risco adequado que estejam rendendo nestes percentuais (oferecidos nos descontos)”. Ou seja, na opinião dele, é preferível efetuar o pagamento à vista a parcelar os tributos e direcionar o dinheiro a alguma aplicação financeira, rendendo juros durante o período de parcelamento.

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Já o economista Weslem Faria, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), julga que os descontos estão “muito baixos”. “Se a pessoa tiver o dinheiro, se não for prejudicar o orçamento dela, acredito que o pagamento à vista seja interessante. Mas, como a inflação está alta, eu não sugiro que o consumidor coloque sua organização financeira familiar em risco por causa do pagamento à vista desses impostos”, afirma.

Faria lembra ainda que, caso a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) opte por ajustar o valor do IPTU pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – tendência dada como certa nos bastidores – o aumento do imposto tende a ser muito agressivo. Pela última projeção do Banco Central, divulgada em novembro, a expectativa é que o IPCA encerre 2021 em 9,77%.

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Cartão de crédito: aliado ou inimigo?

A concentração de despesas no final do ano e no início do outro gera, muitas vezes, endividamento excessivo no cartão de crédito. Conforme os especialistas, é essencial que o consumidor consiga fugir do juros rotativo, que tem taxas maiores até mesmo que as oferecidas tradicionalmente nos empréstimos pessoais. Dessa forma, defende Guilherme Ventura, o planejamento é essencial. “É necessário fazer um planejamento dos gastos e da forma de financiá-los, pois, no caso de gastos acima das disponibilidades, pode envolver a entrada em financiamentos muito onerosos”, diz.

O cartão de crédito, segundo Weslem Faria, também pode ser um aliado. Entretanto, é necessário controlar o parcelamento a um nível em que o débito seja diluído no orçamento familiar sem grandes problemas, evitando o efeito “bola de neve”. “Se a estrutura familiar comporta aquele parcelamento, ok. Caso contrário, não faça o endividamento. É muito importante que a estrutura de gastos da família esteja de acordo com a estrutura da renda”, analisa o professor.

Caso as dívidas já estejam sufocando as receitas, uma alternativa pode ser a utilização do 13º salário para quitar os débitos mais emergenciais, próximos do vencimento. Esse recurso também pode ser essencial para o pagamento dos diversos compromissos que surgem no início do ano, se bem administrado.

Inflação corrói o poder de compra

Se, em todo início de ano, as contas comumente apertam, o efeito é ainda maior em um período de alta inflação, como o que vivemos atualmente. Os números oficiais de 2021 ainda não foram divulgados, mas a estimativa do Banco Central é que a inflação brasileira tenha ficado acima dos 10%. Caso confirmada a previsão, será a primeira vez que a taxa fica na casa dos dois dígitos desde 2015, quando o índice alcançou 10,67%.

A inflação é caracterizada pela diminuição do poder de compra, uma vez que é uma espécie de desvalorização do dinheiro. No atual contexto de alto índice inflacionário, então, as contas, mesmo as básicas, passam a pesar ainda mais no bolso. “A curto prazo, em 2022, os juros continuarão subindo e não se espera grande melhoria no mercado de trabalho, uma vez que as projeções de crescimento da economia estão sendo revisadas para baixo”, projeta o economista Guilherme Ventura.

No atual contexto, com a economia debilitada, a disparada nos preços ainda é acompanhada pela perda de renda e pela escassez de postos de trabalho. “Essa conjuntura é péssima para o endividamento porque, se a sua capacidade de compra está diminuindo, quer dizer que a sua capacidade de pagamento está reduzindo. Ou seja, se o consumidor não enxergar que a renda real (descontada da inflação) está caindo e mantiver o nível de consumo alto, vai cair no risco de endividamento”, explica Weslem Faria.

Dessa forma, o consumidor deve evitar ao máximo as contas desnecessárias, sobretudo no momento de pagamento das dívidas básicas. “Se tem que pagar IPTU e IPVA e a grana está curta, não gaste (desnecessariamente), para conseguir pagar esses impostos. Se tem filho, ainda piora, por conta da matrícula e do material escolares. Fazer um planejamento familiar é muito válido, colocar tudo no papel agora, já prevendo as despesas (de 2022), para que a família consiga pagar todas as dívidas”, orienta Faria.

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