A cultura da macaúba, palmeira nativa do Cerrado e Mata Atlântica, terá seus os aspectos produtivos, ambientais e mercadológicos debatidos nesta quinta-feira (27), durante workshop, na sede da Embrapa Gado de Leite em Juiz de Fora, por produtores rurais, profissionais das áreas agrícolas, biológicas, bioquímica e ambientais, lideranças políticas e estudantes.
Além de ser uma das espécies de planta mais promissoras para a produção de biodiesel e bioquerosene para aviação, por ser fonte de energia limpa, a macaúba apresenta uma elevada produtividade na fabricação de óleos comestíveis e biomassa protéica para a alimentação animal. Além disso, a plantação da espécie é uma alternativa para processos de reflorestamentos, compensações, recuperação de áreas degradadas e aumento da recarga hídrica de mananciais e cursos d’água.
De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, João de Matos, o evento é de grande importância para a região, pois, além de atender à demanda dos representantes do setor do agronegócio, contará com a participação de empresas aéreas, que se interessaram pela macaúba. “Durante o evento vamos debater a possibilidade de implantação de um centro produtor de macaúba na Zona da Mata e fazer com que os produtores rurais possam auxiliar na preservação de mananciais em suas propriedades, aumentando a renda com subprodutos extraídos, que podem ser matéria-prima para a produção de alimentos, cosméticos, produção de energia e combustíveis renováveis”, destaca.
A lucratividade da macaúba é apontada pelos especialistas como o grande atrativo. A primeira safra ocorre aos cinco anos após o plantio e, depois, a colheita pode ser feita a cada ano, com a palmeira podendo produzir frutos por até 100 anos. Segundo o coordenador de projetos da Prefeitura e pesquisador do tema há 15 anos, Jakson Fernandes, a topografia da região da Zona da Mata favorece o plantio da macaúba, que pode ser uma alternativa complementar para a pecuária leiteira, pois além de recuperar as áreas degradadas é mais lucrativo. “A macaúba está sendo apontada como a soja de Minas Gerais. Através do coco da macaúba são extraídos cerca de 25 toneladas de óleo por hectare.” Conforme Jackson, estudos apontam que cada hectare da plantação pode render até R$ 7 mil de lucro, enquanto com a pecuária leiteira o faturamento é de apenas R$ 1,6 mil.
Produtor de Lima Duarte colhe 10 toneladas
Apostando no potencial da palmeira, o empresário Orlando Arruda, desenvolveu uma parceria com um grupo espanhol, em 2007, para a plantação de cerca de 500 hectares de macaúba, em Lima Duarte, depois de um estudo de viabilidade econômica feito pela Universidade Federal de Viçosa (UFV).
Segundo o empresário, o objetivo da empresa espanhola, uma das maiores produtoras de biodiesel da Europa, era a plantação do pinhão-manso para a produção de biodiesel, mas após o estudo de viabilidade econômica, optou-se pela plantação da macaúba, por conta das vantagens e da maior lucratividade. No entanto, devido a crise econômica mundial de 2009, o projeto não teve sequência.
Segundo Orlando Arruda, porém, uma nova parceria foi feita em 2016 com o grupo agropecuário Serra Negra S.A, do Rio de Janeiro e cerca de 10 toneladas já foram colhidas este ano e enviadas para teste na UFV. “Até o final do ano teremos uma nova colheita, que tem um grande potencial de crescimento na nossa região. O produtor tem de acreditar e investir, mas como não está capitalizado, tem medo do risco.”
O evento é gratuito e acontece, a partir das 8h15, no Auditório José Aroeira, na Embrapa Gado de Leite, na Rua Eugênio do Nascimento 610, Bairro Dom Bosco.