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Gasolina dispara e já custa R$ 5,65 em Juiz de Fora

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Em alguns locais, preço do litro da gasolina aditivada já é encontrado a R$ 5,65

Cinco dias após os novos reajustes dos combustíveis nas refinarias, o valor da gasolina disparou em Juiz de Fora, chegando a R$ 5,65 nas bombas. O preço representa aumento de R$ 0,36 em relação ao teto que era praticado até o último sábado (20), quando o litro do combustível era vendido entre R$ 4,959 e R$ 5,289 na cidade, conforme pesquisa da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Este deve ser o primeiro de uma série de impactos no bolso do juiz-forano que serão percebidos em curto e médio prazos.

Em levantamento feito pela Tribuna junto a dez postos, na quarta-feira (24), o preço da gasolina já oscilava entre R$ 5,56 e R$ 5,65. A disparada é justificada como reflexo do reajuste feito pela Petrobras na última sexta (19), quando o litro da gasolina subiu R$ 0,23, passando a custar, em média, R$ 2,48 nas refinarias. Esta foi a quarta alta desde janeiro.

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Na mesma data, a estatal formalizou o terceiro reajuste do ano no valor do diesel, que aumentou R$ 0,34, indo para média de R$ 2,58, também nas refinarias. A alta de preços dos combustíveis é capaz de promover um reflexo em cadeia que será percebido pelo consumidor ao longo do tempo.

Esta percepção será diferente entre as classes sociais, conforme explica o professor da Faculdade de Economia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Admir Betarelli. “Neste primeiro momento, a alta da gasolina nas bombas irá encarecer as viagens em veículos particulares. A percepção será diferente entre as famílias de classe alta e aquelas com renda mais baixa.”

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Segundo ele, enquanto as famílias com mais recursos manterão o ritmo de viagens, os trabalhadores que têm o veículo como fonte de renda ou o utilizam para o deslocamento até o trabalho terão que fazer ajustes no orçamento. “Este custo adicional tem um efeito perverso para a classe trabalhadora.”

Motoristas já pagam mais caro pelo litro do combustível, na quarta alta da gasolina desde o início do ano (Foto: Fernando Priamo)

Serviços de transporte temem inviabilidade

Para os taxistas, o novo preço da gasolina em Juiz de Fora tem tornado o trabalho “quase inviável”. A tarifa praticada na cidade foi calculada quando o litro do combustível custava R$ 3,84.

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O presidente da Associação dos Taxistas, Luiz Gonzaga, relata que, devido à queda na demanda de passageiros, não houve reajuste das tarifas nos últimos anos. “Os taxistas concordaram em absorver o aumento de custos para não prejudicar ainda mais o movimento, mas agora vai ficar impossível. A metade dos nossos ganhos será direcionada à despesa com gasolina. Será necessário reavaliar as tarifas junto ao Município.”

A situação não é diferente para os motoristas de transporte por aplicativo. “Nós temos orientado o abastecimento com GNV para, assim, garantir algum lucro. A gasolina só aumenta de preços, e a situação está ficando insustentável. A nossa diretoria irá se reunir para avaliar o que pode ser feito”, informou o presidente da Associação de Motoristas de Aplicativo de Juiz de Fora (Amoaplic-JF), Júlio César Peixe.

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Procurada pela Tribuna, a assessoria da Secretaria de Mobilidade Urbana (SMU) informou que não há previsão de aumentos para as tarifas de táxi, nem para as passagem de ônibus.

Efeito cascata pode ocorrer em médio prazo

O encarecimento dos combustíveis é capaz de promover uma espécie de efeito cascata, tendo em vista que o transporte de muitos produtos é feito por meio rodoviário. “É um efeito inflacionário no custo de produção”, alerta o professor da Faculdade de Economia da UFJF, Admir Betarelli. “O repasse ao consumidor final vai depender de cada setor, alguns tentarão segurar ao máximo, mas em algum momento irá acontecer.”

O coordenador executivo do Sindicato de Bares, Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Juiz de Fora (SHRBSJF), Rogério Barros, afirma que, neste momento, a orientação é para que os estabelecimentos absorvam os custos. “Está muito difícil para o segmento de alimentação fora do lar. Os estabelecimentos passaram muito tempo fechados, e a demanda caiu muito em função da pandemia”, analisa. “No retorno, enfrentamos encarecimento dos alimentos, do gás de cozinha e do combustível.”

Ele destaca que, com a gasolina mais cara, os alimentos podem sofrer nova alta. Outro possível reflexo é o reajuste do serviço de delivery, que corresponde a até 30% das vendas. “Estamos muito preocupados com o que está por vir.”

Medidas

Na última semana, o Governo federal informou que irá suspender, por dois meses, a cobrança de tributos federais sobre o diesel. Outra tentativa para amenizar a situação está na diminuição do ICMS, que é de competência dos Estados. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) enviou ao Congresso um projeto de lei para nivelar o imposto cobrado nas unidades da federação.

Para o professor, a adoção dessas medidas seria positiva. “É uma forma de acomodar os conflitos de interesse em torno do mercado financeiro, pois preservaria as ações da Petrobras diante dos investidores e atenderia a demanda dos caminhoneiros. Lembrando que a greve da categoria, em 2015, ocorreu por esse motivo.”

Sem greve

Em comunicado oficial, a Confederação Nacional dos Caminhoneiros e Transportadores Autônomos de Bens e Cargas (Conftac) informou que “o momento não é oportuno para paralisação, visto os danos irreparáveis que podem ser gerados para a sociedade brasileira”.

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