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Preços dos alimentos não dão trégua

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Embora a inflação tenha encerrado 2016 com o menor índice dos últimos três anos, com IPCA em 6,29%, o consumidor ainda tem a percepção de que os preços continuam caros. A despesa com alimentação é uma das que mais pressionam o bolso dos juiz-foranos. Nos supermercados, muitos produtos aumentaram acima da inflação neste início de 2017 em comparação com igual período do ano passado, e aqueles que baratearam apenas frearam a alta que já vinha acontecendo. Este é o caso dos hortifrutis, que registraram redução de até 63%, queda que se tornou pouco aparente tendo em vista o aumento de 118% ocorrido anteriormente.

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Levantamento feito pela Tribuna comparou os preços do Guia do Consumidor da Secretaria de Agropecuária e Abastecimento (SAA) e mostrou que de 54 itens pesquisados, 41 encareceram em janeiro deste ano ante a igual período de 2016. No grupo dos alimentos, a maior alta foi a do feijão preto (60%), seguido do fubá (55%) e da manteiga (40%). Entre as carnes, o músculo bovino aumentou 28%. E na lista de hortifrutis, a laranja encareceu 127%.
Dentre os 13 produtos que baratearam, nove tiveram queda de preços menor do que o encarecimento registrado de janeiro de 2015 para janeiro de 2016. Diante disso, a redução de preços não gerou grandes impactos. Este é o caso de boa parte dos hortifrutis. O quilo do alho é vendido por R$ 18,44. No início do ano passado, custava R$ 19,64. A diminuição de 6% é pouco perceptível diante da alta de 103% que o produto sofreu de 2015 para 2016, quando disparou de R$ 9,66 para R$ 19,64. O mesmo comportamento foi verificado com cebola, cenoura, ovos, tomate, as carnes bovina acém e paleta, a maionese tradicional Hellmans e a cerveja em lata Antártica (ver quadro).

Análise

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O economista e professor da UFJF Wilson Rotatori explica que o IPCA é uma média ponderada dos itens que compõem o grupo de alimentação, artigos de residência, vestuário, transportes, saúde e cuidados pessoais, educação, comunicação e despesas pessoais. “A percepção de que a inflação na prática seja maior do que o índice oficial ocorre porque o percentual considera centenas de itens e, também, o comportamento de preços em diferentes regiões do país, variação que pode não ser da mesma magnitude para todos os lugares.” Ele analisa que os alimentos têm pressionado o IPCA nos últimos três anos. “A perspectiva é de diminuição, pois temos uma previsão do IPCA próximo de 4,5% para 2017, o que significa uma alívio na alta dos preços.”

Oferta maior que a procura

Na Ceasa, os vendedores explicam que a queda de preços dos hortifrutis é motivada pela produção que não tem sido absorvida pelo mercado consumidor. A caixa de batatas que era vendida por até R$ 180, agora custa R$ 30, valor seis vezes menor. “A oferta está maior do que a procura”, explica Tereza Maria Ferreira, proprietária do box Tereza das Batatas. Segundo ela, os preços devem ser mantidos até a próxima safra.
De acordo com os vendedores, a crise econômica aliada aos consecutivos reajustes fizeram com que os consumidores comprassem menos, restando a alternativa de baixar os preços para fazer o mercado reagir. “A caixa de tomate chegou a custar R$ 10. Antes vendíamos por R$ 80”, explica o vendedor Adilson Marques. “O movimento de janeiro é sempre mais devagar, mas este ano está pior. O produtor reduz o preço ou perde a venda.” O proprietário do box Santa Rosa, André Moraes, diz que os compradores têm pechinchado mais. “Apesar do barateamento, eles sempre pedem um desconto.”

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Tendência
O gerente de compras do grupo Benassi, Vinícius Raider, diz que ovos e alho devem manter os preços. “A redução se deu por conta da troca das aves e da importação do alho argentino, que tem uma logística mais barata.” Já o tomate e a cenoura podem aumentar. “A expectativa é que a produção diminua para equilibrar a oferta e a demanda.”

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Estratégias para fechar as contas

A aposentada Edna Castro afirma que a conta do supermercado continua cara e que a alimentação é uma das principais despesas do orçamento. Para fechar as contas, ela tem o costume de comparar preços. “Verduras e frutas passam sempre por altos e baixos, e a solução é pesquisar preços. “Visito vários mercados antes de comprar.”
A proprietária de um restaurante, que preferiu não se identificar, diz que acompanha os preços dos alimentos semanalmente. “Faço uma tabela com o valor dos produtos. É possível ver que um ou outro barateou, mas o resultado final não faz muita diferença, pois muita coisa encareceu.”
Para a designer de interiores Heliana Bentes e a mãe Ana Maria Fonseca, a estratégia utilizada para equilibrar as contas tem sido dar mais atenção à quantidade. “Antes comprava sem muita medida, agora estou mais atenta. Não deixei de comprar nenhum alimento por causa do preço, mas tenho tido este cuidado”, diz Heliana. Ela diz que também não percebeu barateamento dos produtos.

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