A manhã desta sexta-feira (25), data da aguardada Black Friday, foi de movimentação tímida nas lojas da região central de Juiz de Fora. A Tribuna esteve no Calçadão da Rua Halfeld e nas redondezas, ponto de intenso tráfego de pessoas e que se notabiliza pelo comércio aquecido, mas ouviu de consumidores a insatisfação com os preços e a desconfiança em relação às promoções. Ao longo do dia, equipes da Agência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon/JF) circulam pelos principais centros comerciais da cidade para verificar o cumprimento das regras do Código de Defesa do Consumidor.
Durante a passagem da reportagem pelas vias centrais, poucas lojas estavam com a movimentação costumeira de Black Friday. Em locais como as ruas Halfeld e Barão de São João Nepomuceno, assim como na Avenida Rio Branco, o tráfego de pessoas pouco se diferenciava aos dias comuns. Em uma loja de varejo de móveis e eletrodomésticos na avenida central, um vendedor chegou a admitir o movimento abaixo. Para ele, os consumidores estão com baixo poder de compra, causando procura tímida.
A aposentada Maria Aparecida Cardoso foi uma das consumidoras que se arriscaram a ir até o Centro para avaliar os preços promocionais. A intenção dela era comprar um micro-ondas e uma fritadeira elétrica, entretanto, os valores não agradaram. “Os preços estão muito ruins”, critica. “Se eu não comprar agora, vou comprar depois, porque preciso dos produtos. Mas (a Black Friday) não está dando diferença nos preços”, afirma.
A ajudante de cozinha Cristiane Gregório, por sua vez, não havia definido quais produtos gostaria de comprar. A ideia dela era verificar quais eram as promoções mais atrativas e aproveitá-las. Até a manhã desta sexta, no entanto, nenhuma oferta havia despertado o interesse de Cristiane. “Se aparecesse algum produto num preço bom, eu levaria. Mas não estou vendo diferença nenhuma. Eles colocam alguns produtos em promoção e aumentam o valor de outros”, critica. “Eu acho que a baixa procura é um recado (dos consumidores) para as lojas.”
Se no comércio, de modo geral, a procura ainda era baixa, a movimentação estava mais intensa na unidade do Magazine Luiza localizada na Avenida Rio Branco. Uma vez que, excepcionalmente neste ano, a Black Friday coincidiu com o período da Copa do Mundo, as televisões são especialmente alvos do interesse dos consumidores. Quem garante isso é a gerente da unidade, Elaine Matos. “Nós abastecemos bastante a loja, com estoque de TVs e de celulares. Devido à Copa do Mundo, está tendo muita procura de televisão. Estamos trabalhando muito com os descontos e os cupons”, relata.
Comércio está se recuperando, diz CDL
O comércio juiz-forano iniciou a Black Friday com expectativa de aumento de 18% nas vendas. Ao final da manhã de promoções, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Juiz de Fora (CDL-JF), Marcos Casarin, tratou a data como positiva, mas lembrou que os lojistas ainda enfrentam sequelas econômicas causadas pela pandemia de Covid-19. “O comércio está se recuperando a cada ano. Não está como deveria, mas (as vendas) já subiram bastante”, diz Casarin, afirmando que, ainda que as compras pela internet tenham a preferência de parte dos consumidores, outra parte preserva o hábito das compras presenciais.
Quanto às reclamações sobre as promoções, Casarin afirma que alguns produtos, como os eletrônicos, costumeiramente têm menos margem para queda nos valores. “Às vezes, a pessoa não entende que, em alguns produtos, o vendedor não tem margem para jogar o preço tão para baixo. Ele consegue baixar o preço do produto mais barato, mas nos produtos de alto valor agregado não tem como dar um desconto grande, porque a indústria não repassa. Isso acontece no mundo todo”, argumenta.
O presidente da CDL também negou que os lojistas aumentem os valores nas vésperas da Black Friday para simular promoções na data de maior apelo comercial. De acordo com Casarin, muitas vezes as oscilações dos valores decorrem do próprio custo do revendedor. “O comércio quer vender. O vendedor coloca a sua margem e vê o que pode fazer. A oscilação (nos valores) vem do fornecedor também. Por isso que, às vezes, acontece a variação no preço”, justifica.
Procon faz fiscalização na Black Friday
Para evitar algum tipo de abuso por parte dos comerciantes, o Procon Juiz de Fora realiza ações de fiscalização ao longo desta sexta. Cinco equipes do órgão circulam pelas vias de maior concentração comercial da cidade para coibir práticas que violem o Código de Defesa do Consumidor. Além disso, o Procon Móvel permanece, até 17h, em frente ao Cine-Theatro Central, no Calçadão da Rua Halfeld, à disposição dos consumidores para sanar dúvidas, registrar reclamações e acessar material educativo sobre consumo consciente.
“Nós sempre fazemos uma ação de fiscalização, de orientação aos consumidores e fornecedores. Nessa ação, verificamos se a precificação da vitrine está correta e se a publicidade está correta. Essa data é importante para o comércio de Juiz de Fora e também para o direito do consumidor”, afirma o supervisor do Procon de Juiz de Fora, Crystian Takeuchi.
Para evitar golpes, seja em compras on-line ou presenciais, o Procon orienta que os consumidores verifiquem a reputação das lojas antes de efetuarem as compras. Outra dica é desconfiar de promoções muito exageradas, sobretudo na internet. Para as compras presenciais, a principal orientação é confirmar o valor que consta no momento em que o produto passar no caixa. “A principal orientação para o consumidor é verificar se o preço realmente está correto e, na hora de passar no caixa, conferir se está com o mesmo preço que consta na gôndola. É muito usual de não estar no sistema o preço promocional”.